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Massimo Cavalli
22-05-2011 00:00
 

José Duarte - sua nacionalidade e desde quando e para quê em Portugal?

Massimo Cavalli - Sou italiano e vivo em Portugal desde Junho 1996.

JD - porque será que o cbaixo sempre foi um instrumento importante na linguagem musical jazz?

MC - Julgo que a importância do contrabaixo é de atribuir ao facto que é o elo de ligação entre o ritmo e a harmonia. A sua função é de manter o ritmo e sublinhar as "nuances" harmónicas da peça.

JD - que lhe parece o mini mundo português jazz?  valor dos instrumentistas, clubes, mercado disco, público, escolas

MC - Acho que o mundo português do jazz seja em clara expansão. Julgo não seja tão pequeno quanto isso, pelo contrario, penso que seja maior que os lugares que tem a disposição para actuar. Há instrumentistas de jazz excelentes em Portugal, de valor internacional sem dúvidas e jovens improvisadores e compositores muito promissores. Clubes, como já referido, há poucos, sobretudo se consideramos o grande número de festivais que decorrem no país. Cidades cosmopolitas como Lisboa e o Porto, mereciam mais clubes e mais condições para os músicos poder expressar a sua arte. No resto do país bem... os lugares onde actuar são ainda menos. O mercado dos CD's está em grande queda em parte devido ao facto que a internet permite descarregar músicas de forma rápida e bem mais barata e em parte ao facto que o preço dos CD's seja exagerado. Há pouquíssimas editoras de jazz em Portugal e as que há são expressão da boa vontade de pessoas ligadas de qualquer forma a área. Hoje em dia quem edita um CD o faz para arranjar concertos, vende-los nas actuações ou como divulgação, não com certeza para ficar rico com as vendas... As escolas têm tido um papel fundamental no crescimento exponencial da população jazz em Portugal. Há escolas superiores de música com licenciaturas e mestrados em jazz em Lisboa, Porto, Évora e sei que em Aveiro há o centro de estudos de jazz. Julgo fundamental a criação de um sólido ensino secundário, (não faltam boas instituições particulares, mas já está na hora de criar bons, bem organizados e ao alcance de todos, cursos de jazz em instituições públicas como os conservatórios) apto a preparar músicos para a entrada nas escolas superiores. Quanto ao público, existe e ou que é mais encorajador é que, quando vou a um concerto, vejo muitas caras de jovens entre a assistência.

JD - utiliza baixo e cbaixo? diferenças

MC - Uso os dois, embora muitas pessoas desconheçam que toco baixo eléctrico. Para mim são dois instrumentos completamente diferentes e adoro ambos. A meu ver devem ser tocados de forma diferente. O contrabaixo é um instrumento mais físico, onde o pensamento se exprime na vertical, no baixo eléctrico o pensamento é horizontal e o instrumento é mais cerebral.

JD - sua opinião sobre cbaixistas Nelson Cascais e Hernani Faustino?

MC - Acho o Nelson um óptimo compositor, gosto muito da sua música e o facto que seja um session man muito requisitado fala por si. O Hernani é o instrumentista certo para o tipo de música que toca, sem duvida.

JD - swing é elemento fundamental na prática jazz contemporãnea?

MC - O swing é fundamental na vida!!!

JD - toca blues? que diferença há entre blues e outra figura musical?

MC - Toco numa banda de blues, os Bluesiadas. Acho que o blues é a base do jazz. Antes de nos aventurarmos no mundo do jazz devemos conhecer o blues. O blues é o alfabeto que nos pode permitir construir as palavras que nos permitem desenvolver a linguagem, que depois podemos aplicar em qualquer outra figura musical.

JD - sua discografia

MC - A minha discografia abraça varios estilos musicais, aqui está uma selecção:

2010: Anabela, Nós, iPlay.

2009: Rua da Saudade, canções de Ary dos Santos, Farol Musica.

2008: Alexandre Diniz Quarteto, Alba.

2007: Mafalda Veiga e João Pedro Pais, Lado a Lado, Valentim de Carvalho / Som Livre.

2007: Ala dos Namorados, Mentiroso Normal, Universal.

2004: Politonia, Periférico, Edição de Autor.- Mafalda Sacchetti, Imprevisível, Giza.

2003: Laurent Filipe Presents Jacinta: A Tribute to Bessie Smith, EMI / Blue  Note.

2001: António Mardel, Ride On, Strauss.

2000: Jorge Goes, Contra a Corrente, Ovação.

1999: Sílvia Nazario, Tupi Mata Verde, Edição de Autor.- Politonia, Lisboa, Upbeat Records.

1998: Ernesto Leite & A.M.C., Realidades, Numérica. - Maria Viana, Espírito do Tempo, Mega Música.

1995: Eyewitness, A Tribute to VdGG, Mellow Records.

JD - opinião sobre cbaixistas estrangeiros cumo Paul Chambers e Scott LaFaro?

MC - Dois contrabaixistas incríveis, inovadores, grandes acompanhadores e solistas. Os solos do Paul Chambers com arco são grandes estudos sobre a articulação e o idioma bebop. O Scott LaFaro foi o precursor duma nova geração de baixistas, mestre do interplay e dono de técnica impar.

JD - conhece a discografia de Jimmy Blanton?

MC - Conheço o excelente trabalho que fez com a orquestra de Duke Ellington.

JD - acompanhando voz ou em trio ou em grande orquestra qual é sua preferência?

MC - Gosto de todas estas situações cada uma tem o seu encanto, gosto de variar e de novos desafios.

JD - usa muito o arco? por e para quê?

MC - Tenho usado sempre mais, talvez porque com o tempo fiquei mais a vontade com o arco, instrumento muito difícil de usar. Gosto de usar em solos, para acompanhar e produzir efeitos com os meus pedais.

JD - há cbaixistas canhotos?

MC - Conheço alguns, Marco Ricci, contrabaixista italiano e a Norte Americana Jennifer Leitham.

JD - repete solos?

MC - Não consigo...

JD - qual o melhor solo em cbaixo que conhece gravado?

MC - Há muitos grandes solos gravados, para mim é impossível falar só em um.

JD - será Christian McBride o melhor cbaixista jazz vivo?

MC - Sem dúvidas é um dos melhores vivos, mas aqui também é impossível dizer quem é o melhor, cada músico é diferente e cada gosto é diferente.

JD - em tempo rápido ou em tempo lento qual prefere?

MC - Cada tempo tem as suas dificuldades, o meu gosto depende do estado de espírito no qual me encontro em determinado momento, mas adoro "respirar" uma balada assim como a adrenalina de um up-tempo.

JD - ganha euros com sua actividade musical suficientes para viver?

MC - Sim.

JD - é professor de jazz?

MC - Tento sê-lo.

JD - que lhe parece a programação jazz na Gulbenkian em agosto ?

MC - A música improvisada tem um leque muito vasto de possibilidade de escolha, a programação do Jazz em Agosto é o espelho disso. Gostava de ver mais projectos made em Portugal, sobretudo no palco principal... Mas este é um problema de quase todos os festivais por aqui. Há muitos bons músicos portugueses que gostavam de ter a possibilidade de pisar um grande palco para mostrarem o que valem.

JD - obrigado Massimo Cavalli

 

MC - Sou eu que agradeço


Massimo Cavalli
 
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