jazzportugal.ua.pt
HOME CONTACTOS BUSCA SUBSCRIÇÃO
 
agenda
media
escritos e entrevistas
músicos
jazzlinks
  escritos  ::  entrevistas  ::  trabalhos alunos UA  ::  e mail e fax  ::  riff  ::  Jazz de A a ZZ

escritos e entrevistas > lista de entrevistas > ver entrevista
Susana Santos Silva
01-05-2011 00:00
 

José Duarte - tem tocado outras músicas ou só jazz ? quais?  

Susana Santos Silva - quase só jazz  

JD - porquê trompete e não trombone ou saxo ou bateria?  

SSS - não me lembro, mas o meu avô tocava trompete na Banda Marcial da Foz do Douro e foi ele que mo ensinou... devia ter sido por isso!  

JD - já alguma vez improvisou em solo?  

SSS - sim  

JD - conhece outras trompetistas jazz portuguesas? quais?  

SSS - não  

JD - tem melhorado sua capacidade de leitura musical? estuda sua sonoridade diariamente?      

SSS - a minha capacidade de leitura adquiri-a, em grande parte, enquanto estudei música clássica, como se lhe costuma chamar, e depois ao longo destes 14 anos com a OJM, a ler muitos e diferentes repertórios. A minha sonoridade pratiquei-a muito nos primeiros anos de escola e claro que a tenho que manter sob vigia constante.  

JD - tem ambições musicais? quais?  

SSS - claro que sim, mas não tenho ambições desmedidas. Hoje em dia, além da OJM, tenho 3 projectos activos (quanto é possível manter um projecto activo nos dias que correm): o meu quinteto, com o Zé Pedro Coelho, André Fernandes, Demian Cabaud e Marcos Cavaleiro, com o qual gravei um disco que vai ser editado pela TOAP no ano de 2011, um trio com o Gonçalo Almeida e o Greg Smith, os LAMA, que procura uma editora para lançar um disco que gravamos no início deste ano e um duo com o pianista Hugo Raro, com quem gostava também de gravar mais cedo ou mais tarde. Também faço parte da EMJO, European Movement Jazz Orchestra, que terá um disco editado pela Cleanfeed no ano de 2011. As minhas ambições, para já, passam por fazer com que estes projectos cresçam e sejam reconhecidos de alguma forma.   

JD - como atingiu sua sonoridade? gosta dela?  

SSS - com trabalho... às vezes gosto, às vezes não, às vezes gostava de gostar mais...  

JD - para além da com a OJM que mais gravações jazz fez? e não jazz?  

SSS - já me antecipei ... além das que estão referidas atrás, gravei com o Carlos Azevedo Ensemble, em 2000, e colaborei em algumas faixas de várias discos de música pop e afins.  

JD -aprecia o trabalho jazz de Ingrid Jensen?  

SSS - aprecio q.b.  

JD - compõe? toca blues?  

SSS - componho, ainda tentando encontrar o meu caminho... quanto ao blues... faz parte do caminho...  

JD - já tocou lendo música escrita? qual? prefere?  

SSS - sim, muita música clássica do repertório essencial para trompete e muita música nas estantes da OJM...  dos muitos compositores que a orquestra já tocou...  não é que prefira mas comecei por aí, treinei isso durante muito tempo e sinto que, de alguma forma, ainda me sinto mais confortável com uma partitura à frente do que sem ela...  

JD - sua opinião sobre em Portugal: clubes jazz / escolas jazz / concertos / festivais /público  

SSS - clubes a menos, escolas a mais, bastantes festivais... com não tantas oportunidades para os músicos portugueses em geral. o público tem de ser conquistado... é acima de tudo uma questão cultural.  

JD - descreva suas experiências em clubes jazz em Manhattan  

SSS - já tive a oportunidade de tocar em alguns, com a OJM, e é sempre uma experiência fantástica. Jazz Gallery com Chris Cheek,  Jazz Standard com Lee Konitz, Iridium com Kurt Rosenwinkel, para o ano acho que vamos acrescentar mais um à nossa lista. Também tive o privilégio de tocar no mítico Carnegie Hall na Celebração do 80º aniversário do Lee Konitz.   

JD - qual o solo em trompete que sabe de cor? por quem e porquê?  

SSS - soube alguns no meu período de ESMAE... porque eram muito bons... um do Hubbard, outro do Clifford... os do Miles, no Kind of Blue, sabia-os de tantas vezes que ouvi esse disco. Foi o primeiro que comprei, ainda no tempo que pensava que ia ser outra coisa qualquer na vida que não músico. 
 

JD - sente seu swing ou só o dos que o têm?  

SSS - o meu sinto-o à minha maneira... que deve ser diferente dos que realmente o têm de "origem"!
 

JD - free jazz não a desafia?  

SSS - sim, há uma parte de mim que tem muita vontade de ir por esses caminhos... a liberdade e a partilha da liberdade! mas confesso que penso ser muito mais interessante para quem o faz acontecer do que para quem o ouve...
 

JD - swing nasce com a pessoa? tem swing?  

SSS - não sei se nasce... acredito que para além da questão do sangue o mais importante seja a cultural. E, nesse campo, não sou... não somos, arrisco, uns privilegiados...  

JD - imagine que podia escolher seus companheiros de seu 4teto? - portugueses ou estrangeiros - quem escolheria?  

SSS - já escolhi e estou muito contente...   

JD - seu standard favorito?  

SSS - não tenho um.... são vários!  

JD - aprecia o tocar de Armstrong nos anos 20 do século 20?  

SSS - sim, muito!!   

JD - um melhor instrumenista não significa um melhor jazzman - concorda?  

SSS - concordo e ainda bem para mim!!! a arte não se mede pelo virtuosismo... embora este último possa facilitar a vida ao artista... ou não!  

JD - quais os músicos jazz n-americanos trompetistas que mais aprecia: Marsalis? Douglas? Shaw? Hubbard? ou outros vivos ou não  

SSS - Hubbard, a paixão temperamental. Douglas, a criatividade e estética musical. Shaw, a exuberância técnica, a vários níveis. Miles, o mestre do que é realmente importante e do que faz a realmente diferença. Marsalis, a perfeição (o que por vezes me incomoda!). Da nova geração, o Peter Evans, que está a elevar a prática trompetistíca a um nível muito difícil de atingir pelo comum dos mortais!  

JD - tem recebido louvores ou críticas? que pensa da mais que escassa crítica portuguesa?  

SSS - para já as críticas chegam-me de muito perto, das pessoas mais chegadas... são sempre mais positivas do que a auto-crítica...   

JD - sente-se pouco bem entre mais de uma dúzia de jazzmen numa big band?  

SSS - sinto-me muito bem, aquela orquestra é como se fosse uma família portanto sinto-me em casa. ao fim de 15 anos eu sou... "just one of the guys" :)  

JD - seu melhor solo? sua melhor actuação?  

SSS - ainda está para vir certamente.... espero eu!  

JD - vive só com os euros que lhe pagam como músico jazz?  

SSS - mais ou menos isso...   

JD - trompete é instrumento caro? quanto? quantas trompetes suas usa?  

SSS - Uso uma trompete e um flugel... tenho uma outra trompete que ando a experimentar... uns 2000€ em média, mas elas existem de bem mais baratas até às bem mais caras.  

JD - de que sexo é trompete? um ou uma?  

SSS - eu penso-a no feminino.... acho que a é!   

D - obrigado Susana Santos Silva  

SSS - obrigada José Duarte


 
  Escritos e entrevistas  
 
   
Festivais  
 
   
Universidade de Aveiro
© 2006 UA | Desenvolvido por CEMED
 VEJA TAMBÉM... 
 José Duarte - Dados Biográficos