José Duarte - porque será que há menos mulheres músicos jazz do que homens? Margarida Louro - Bem, penso que pela mesma razão que leva a que haja menos mulheres a tocar em outros estilos musicais, orquestras sinfónicas, bandas... mas felizmente começam a aparecer cada vez mais, naturalmente.
JD - como foi atraída pelo jazz? ML - Na realidade só comecei a ouvir jazz já no final da adolescência, mas rapidamente se tornou a minha música favorita.
JD - só pratica jazz em grande orquestra? porquê? ML - Sim. Infelizmente as oportunidades de estudar ou praticar jazz quando tinha tempo para me dedicar a tempo inteiro eram inexistentes.
JD - onde aprendeu jazz ou música? ML - Comecei a aprender música numa banda filarmónica, aos 9 anos comecei a tocar trompete, mas só aperfeiçoei mais os estudos quando fui para o Conservatório em Lisboa, aos 17 anos. JD - lê bem música (arranjos) jazz? ML - Sim, ler, leio quase tudo... JD - toca solos improvisados? ML - Não. JD - que outras mulheres portuguesas conhece que pratiquem jazz? em que instrumentos? ML - Já vi ocasionalmente outras mulheres a praticar jazz instrumental, em piano, bateria, mas a que mais admiro, e que conheci numa festa do jazz do São Luíz, é a Susana Santos que, naturalmente, toca trompete.
JD - que opinião tem sobre o público jazz português? ML - Dos concertos que já assisti, e nos que fui intérprete, penso que o público que vai ouvir jazz é selectivo e bastante crítico, sente-se quando gosta ou não gosta.
JD - que pensa dos trompetistas Hugo Alves e João Moreira e Laurent Filipe? ML - Conheço algum trabalho discográfico do Hugo Alves, mas ainda não tive oportunidade de o ver ao vivo. Já o João Moreira e o Laurent Filipe conheço ao vivo e inclusivamente cheguei a frequentar alguns workshops com eles pelo que a admiração e empatia que criei com estes grandes músicos é especial.
JD - conhece a discografia dos trompetistas Louis Armstrong e Dave Douglas? ML - Conheço.
JD - quanto custa uma boa trompete em Portugal? ML - Do que tenho falado com alguns trompetistas, de seis mil euros para cima... JD - toca fliscornio? porquê para quê? ML - Já toquei uma vez e gosto muito do timbre, mas neste momento não tenho este instrumento.
JD - qual o estilo de jazz que prefere? ML - Identifico-me mais com o jazz de fusão, que combina o clássico com outros estilos variados.
JD - uma melhor técnica dá um melhor músico? ML - Para mim, sem dúvida. Quanto melhor dominarmos o instrumento, mais podemos tirar partido. JD - estuda trompete todos os dias? ML - Muito gostaria que assim pudesse ser... Infelizmente, a minha ocupação profissional e outras actividades relacionadas nem sempre me permitem tocar todos os dias. JD - toca blues? ML - Às vezes, sim. JD - jazz ensina-se? ML - Eu penso que o mais correcto será dizer que o jazz se aprende... JD - e ter swing ensina-se? ML- Bem, talvez se possa ensinar a senti-lo, com insistência... JD - usa habitualmente surdina ou segue apenas instruções do arranjador/director da big band? ML - Sigo naturalmente as instruções que são pedidas ou sugeridas pelo director da big band. JD - sabe respirar continuamente i.e. sem parar? ML - Não, embora tenha chegado a iniciar esta aprendizagem, em tempos...
JD - Winton Marsalis é um bom trompetista jazz? e Herb Robertson? ML - Claro que sim. Os dois! Embora considere que o primeiro é mais versátil e abrangente. JD - já gravou algo em estúdio ou concerto? ML - Gravei com a big band, a orquestra juvenil de valado dos frades e a banda comércio e indústria de Caldas da Rainha. JD - sua sonoridade em instrumento sopro jazz é pessoal? como a preparou? gosta dela? ML - Penso que a sonoridade é sempre pessoal. Apesar de procurar ter sempre um timbre agradável, ainda tive que experimentar alguns bocais até encontrar um que melhor se identificou com o que queria ouvir. JD - seu tema standard jazz ou popular preferido? ML - Tenho muitos... JD - obrigado Margarida Louro
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