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Manuel José Vaz
14-02-2003 00:00
 
Como e quando se encontrou com o jazz pela primeira vez? Isto de encontrar pela primeira vez não é bem como quando se é virgem... Não há, assim, uma “primeirinha”, uma estreia, mas vão-se fazendo várias aproximações. Pelo menos comigo, não houve assim um “coup de foudre”, uma revelação mágica. Foi um processo natural, dadas as minhas ligações à música. Claro que houve impulsos decisivos, talvez através de Gershwin, ou Ravel, ou Stravinsky. O que eram aquelas sonoridades? Depois, o swing de Benny Goodman, a grande vedeta solista das Big Bands (de dança, claro, pois então! Eram os anos quarenta...). Como o Don Byas no Casino de Espinho. A sua geração é a primeira do jazz em Portugal. Como é que ela se envolveu com o jazz? A minha geração, acho que se envolveu devagarinho. Aqui em Lisboa sabia que havia sérios carolas. Eu vivia no norte. Havia um programa de Jazz, no Emissor Regional do Norte da E.N., do Joaquim Macedo, um bom revelador do Jazz propriamente dito. Ouvia-se muito rádio. E o ‘Hot Clube de Portugal’ que tipo de clube começou por ser? De poker e meia dúzia a ouvir o programa ‘Voice of America Jazz Hour’? O Hot foi bom e continua agora a sê-lo, com outra projecção e continuidade de realizações. Cursava então engenharia. Como é que um engenheiro gosta de jazz? Costumam ser os de Humanidades e Arquitectura! You’re right, man! Só que eu também cursei arquitectura e, se calhar, é daí. Mas também é verdade que no Largo dos Leões (Preparatórios de Engenharia) havia melhor ambiente musical que no Jardim de S. Lázaro (Escola de Belas Artes). Quem eram os seus jazzmen estrangeiros preferidos? Como os conheceu? São tantos que nem cabem aqui. Foram-me revelados pelo cinema americano, pelos discos de 78, pela onda-curta. E a exportação dos artistas americanos para a Europa, no após-guerra. O primeiro concerto de jazz que assistiu em Portuga. Qual foil? E você a dar-lhe com o “primeiro”! Percebo a intenção, mas com a minha provecta, já nem me lembro. Acho que assisti a quase todos, principalmente a partir do meio dos anos cinquenta, data da minha imigração para Lisboa. Claro que o esplendor veio em Cascais. Os grandes lá estavam todos, não dava para respirar. Acho que, passados trinta e tal anos, ainda hoje as pessoas se espantam. Houve, aí, muitos convertidos. Eu acho que foi um pouco como o S. Carlos depois da guerra, a partir de 46. Caía cá tudo o que era bom. Havia musicos portugueses de jazz? Quem eram? Propriamente, propriamente, fazendo disso vida, poucos, mas muito estimáveis. Deixo para os historiadores e fico em paz. Vendiam-se discos? 78 rpm que se partiam! Oferta variada e abundante? Em que lojas? Como viajava bastante, e a libra e o dólar eram baratos, as minhas compras eram quase todas feitas lá fora. É claro que já levava, no bolso, as pistas necessárias. Nunca fui de passar tardes nas lojas, em atitude de coca-bichinhos, na descoberta. O seu interesse por Ópera dificulta o amor ao jazz ou vice-versa ou dão-se bem graças a Deus? Como Deus com os anjos. Se distingo a Ópera, é porque é o maior espectáculo do mundo, muito complexo de fazer (e muito fácil de botar-abaixo). Desde muito cedo descobri que muitas das melhores páginas musicais foram escritas para Ópera, ou, mais simplesmente, para o Canto. O Jazz, porque sempre foi um género musical que me seduziu, pela sua linguagem específica e como meio único de criação constante. Como Presidente da CULTURGEST conte-nos os convites que fez ao jazz. Quem convidou? E em 2003 quem será? Os convites feitos ao Jazz foram bastantes, considerando a limitação de um espaço tão aberto a tão diferentes disciplinas. Na área das Big Bands, passaram, entre outros, o North Texas Lab Big Band (autêntico laboratório para estudantes universitários), Hot Clube de Portugal (várias vezes e também em digressão de Faro a Guimarães), Count Basie, Vanguard Jazz, George Gruntz, Italian Instabile Orchestra. Também a selecção de alguns dos melhores da casa com grandes figuras mundiais, organizados em workshops (com o Guimarães Jazz) e dirigidos sucessivamente por figuras de estéticas tão diferentes como Mike Gibbs, Gil Goldstein, Maria Schneider, Bob Mintzer e, proximamente, por Gian Carlo Trovesi. Passaram, também, e seleccionando: F. Hubbard, B. Sassetti, Modern Jazz Quartet (ainda com Lewis, Heath, Jackson e Kay - irmão), Jamal, D. Sanchez, d’Rivera, Moreira Sextet, K. Barron-C. Haden, Regina Carter, Cyro Baptista e P. Moreira, D. Lockwood, B. Mehldau, T. Thielemans, B. Carrothers, F. Kogleman, Pinho Vargas, N. Kirkwood, P. Erskine. Em 2003 estamos a negociar (em co-produção com o Guimarães Jazz) com: Bobby Hutcherson, McCoy Tyner, Danilo Perez, M. Solal e a Orquestra de França. Last, but not least, e cá vem a Ópera outra vez: temos encomendada uma ‘ópera-jazz’ ao músico Pedro Moreira, baseado no “Conto da Sereia” de Torrente Ballester.

José Duarte
 
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