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Dave Douglas (II)
16-03-2006 00:00
 

O primeiro ‘round’ que se passou a 14 deste agosto 2002 deu a conhecer o estilo dos atletas, assim espero. Ficou a conhecer-se a personalidade do trompetista, não toda, é um homem que sabe, que sabe o que sabe, que quando é surpreendido cambaleia, para logo se recompor e continuar a combater, porque afinal sabe o que quer, só não sabe para onde vai, o que é bom enquanto retrato de um artista quando jovem. Há também ‘uppercuts’ falhados e um ou outro ‘swing’ bem aplicado.

O seu trompetista favorito é Woody Shaw? Penso que ele é o trompetista a quem eu melhor me moldei, acredite ou não... as pessoas levantam as sobrancelhas quando eu digo isto mas o que é certo é que o ouvi muito e dele aprendi a organização musical...

E com Lester Bowie?... Foi um dos primeiros músicos de Chicago que explorou a extensão das técnicas da trompete... Baikida Carroll também... mas tenho que dizer que a pessoa com quem mais aprendi foi com Herb Robertson.

A sua utilização de certas técnicas lembram-me às vezes até Albert Mangelsdorff... Quem me dera!... Ele é muito mais avançado do que eu.

Quantos modelos de trompete tem? Um!. É uma boa trompete, tem uma boquilha Bach que uso há 25 anos!...

Nunca lhe aconteceu num meio dum solo, de repente, dar-se conta e perguntar a si mesmo: onde estou ? qual é o tema? Não... Nunca...

Em que estilo estou? Estou a tocar na minha faceta clássica, na minha faceta free, na minha faceta John Zorn, nunca se sentiu perdido entre todos esses diferentes estilos? Não, não. Quando toco no Masada, vou tocar a Música que Zorn escreveu para eu tocar... Isso seria como eu estar a falar consigo e, de repente, começar a falar em japonês e como você não percebe japonês para que é que eu falaria japonês?!... cada grupo que dirijo tem a sua própria linguagem... seria o mesmo que estar a improvisar em ‘Donna Lee’ e a meio decidir passar-me para ‘Sweet Georgia Brown’ tocando ‘contra’ a secção rítmica!... Quando se improvisa em Música está a tocar-se numa dada forma, numa estrutura e o que se está a tocar faz sentido nos termos dessa mesma estrutura.

Viveu em Barcelona... Quando tinha 15, 16 anos... no liceu tive uma oportunidade para estudar no estrangeiro e escolhi Espanha... foi a melhor coisa que fiz... gosto de línguas, falo diferentes línguas como o francês, o espanhol, um pouco de português porque trabalhei no Brasil 6 meses, em 1983... Baía, S. Paulo...

Constou-me que gosta muito das gravações do quinteto de Miles Davis no ‘Plugged Nickel’... Yeah! Provavelmente ouvi-os mais do que qualquer outros Miles! É da melhor interligação que esse grupo fascinante alguma vez tocou... É muito inteligente, é como cinco pessoas a falarem em conversa muito articulada... também gosto porque tem erros, não é perfeito... e Wayne Shorter é um dos meus maiores heróis em Música!.

Bix versus ‘Satchmo’, Dave Douglas versus Winton Marsalis. É um paralelismo correcto? Não sei. Nunca pensei nisso. É uma perda de tempo pensar nisso assim.

Gravou Mahler com uma orquestra de Uri Caine. Gosta de Mahler? Como é que se não pode gostar de Mahler?!!... Devemos estar abertos a todos os tipos de Música.

Também tocou com o organista Jack McDuff... Yeah! Toquei e gostei muito!. Quem me dera ter tocado mais!. Toquei na ruas com grupos de ‘bebop’, de ‘funk’, toquei em muitos casamentos, aquilo a que nós chamamos ‘club dates’, de ‘tuxedo’ vestido ... era muito difícil!... odiava mas foi parte importante da minha carreira... aprende-se a tocar canções que se não sabe... escolhiam um tom, nunca tinha tentado esse tom e tinha que se tocar ali mesmo... ‘‘Happy Birthday’ em E-Flat’... depois era pegar na trompete e tocar!... (canta) Falámos ainda de outros assuntos que pouco ou nada têm a ver com Música improvisada ou parecem não ter, assuntos que abalam a Europa de leste, assuntos aos quais DD dedica temas e sobre os quais tem ideias ‘ingénuas’ que não cabem aqui, nesta página de Música. Despedimo-nos cordialmente, ele com impressão sobre mim pior do que a minha sobre ele ou sem nenhuma impressão que é o mais provável, saudável e confortável. Fui reouvir CDs onde brilha e que recomendo: ‘Paralell Words’ de 1993 com Mark Feldman e Eric Friedlander (ed. Soul Note) ‘In Our Lifetime’ de 1995 com Uri Caine, Joey Baron, Marty Erlich (ed. New World) ‘Constellations’ de 1995 com Brad Schoeppach, Jim Black (ed. Hat Hut) ‘New & Used - Consensus’ de 1995 com Kermit Driscoll, Andy Laster (ed. Knitting Factory) ‘Serpentine’ de 1996 com Han Hennink (ed. Songlines) ‘The Same River, Twice’ com Myra Melford, Chris Speed, Michael Sarin (ed. Gramavision) Gosto mais de o ouvir a tocar trompete.


José Duarte
 
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