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Cláudia Franco
25-12-2008 00:00
 

José Duarte - como descobriu jazz cantado?
 
Cláudia Franco - Descobri o jazz nas bandas sonoras dos filmes. Adorava as músicas sem saber o que era, e aos poucos fui percebendo que era jazz.
 
JD - vê seu futuro profissional como cantora jazz?
 
CF - Sim.
 
JD - canta blues?
 
CF - Não.  

JD - temas principais de seu repertório?
 
CF - No meu quinteto o "Viola fora de moda",  do Edu Lobo, foi um tema que marcou pela sua energia e a cumplicidade musical que desperta enquanto se toca. O "Dienda", do Kenny Kirkland, também o considero importante porque é um tema equilibrado, porque consegue conjugar a harmonia, o ritmo, a melodia e o poema de uma forma incrível, sem se descuidar em nenhum deles.
Com a pianista Paula Sousa considero importante o Nirvanix; tema original da Paula com letra minha. É um tema dedicado ao seu neto Iuri. Tem uma energia fantástica e ao mesmo tempo uma carga emocional muito forte. Adoro.
 
JD - seu standard favorito?
 
CF - Pergunta muito difícil. Hoje provavelmente o "The Peacocks" do Jimmy Rowles, tocado pelo Bill Evans.

JD - ainda sem formação completa já é professora em várias escolas portuguesas jazz? - comentário
 
CF - Na altura, quando a Joana Machado me pergunta se me pode indicar para a substituir, eu pensei se não seria cedo; mas no entanto não poderia deixar passar a oportunidade de começar a dar aulas. Felizmente, acho que comecei na altura certa. Tenho de agradecer à Joana Machado, à Lúcia Lemos, ao Afonso Pais, ao Luís Cunha e ao Claus Nymark por acreditarem no meu trabalho. Obrigada! Neste momento quero terminar o curso de jazz, mas sei que sentirei que nunca a minha formação estará completa. Haverá sempre algo a melhorar.  

JD - onde já cantou com público a assistir? Para quando o primeiro disco?
 
CF - Certamente muitos ficarão esquecidos: Projecto Jazz (Pombal), Hot Clube de Portugal (Lisboa), Festival de Jazz do Seixal, Fábrica Braço de Prata (Lisboa), Cervejaria Camões (Leiria), Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, Aula Magna, Teatro São Jorge, Teatro Municipal Sá da Bandeira, algumas Fnac's, entre outros. Apesar de ter sido noutro estilo musical, a experiência no Rock in Rio é certamente inesquecível.
O primeiro disco é um um objectivo sem data marcada, que neste momento não me preocupa. Espero que a vontade de o gravar, a maturidade musical, e o projecto se encontrem aos poucos. Gostava que surgisse naturalmente, como mais uma pedra na pirâmide.
 
JD - a 'critica' portuguesa revela-se surpreendida pelas suas potencialidades como cantora jazz - comentários
 
CF - Apesar de desconhecer a "crítica" portuguesa, é sempre bom saber que respeitam e apreciam o nosso trabalho.
  
JD - com quantos músicos prefere cantar? só com secção rítmica ou com secção rítmica e um ou mais sopros?
 
CF - Depende das características do projecto,de cada músico, da cumplicidade entre eles. Normalmente, quando posso escolher penso em músicos e não em instrumentos.
 
JD - conhece o cantar de Bessie? e de Billie? opinião sobre cada uma destas vozes  

CF - Não sou uma conhecedora profunda de ambas. A Bessie Smith e a Billie Holiday tiveram uma importância tremenda na história do jazz vocal.  A Bessie Smith, "Blues Queen", tem um timbre cheio, brilhante, um vibrato típico da altura. Como diz a alcunha, uma rainha a interpretar blues. A Billie Holiday provavelmente menos dotada vocalmente que a Bessie Smith, mas com uma capacidade de interpretação fantástica, uma articulação fora do comum.  Não são cantoras que oiça com regularidade.
 
JD - que pensa do súbito e numeroso aparecimento de tantas vozes femininas portuguesas tentando jazz?
 
CF - Acho fantástico ter a possibilidade de ser inspirada por cantoras como Joana Espadinha, Inês Sousa ou Rita Martins.   

JD - ouviu Betty Carter e Kurt Elling? opinião sobre cada uma destas vozes
 
CF - A Betty Carter oiço com frequência. O seu timbre único,o seu bom gosto de interpretação, as dinâmicas, grande improvisadora. Com um instrumento muito bem construído que soube utilizar em toda a sua capacidade. O disco em dueto com a Carmen McRae é imperdível.
O Kurt Elling é um virtuoso, muito bom tecnicamente, mas não é o estilo de cantor que me agrade.  

JD - cantoras ou cantores jazz que mais a influenciaram?

CF - A Ella Fitzgerald, a Norma Winstone e Maria Pia DeVito lideram as minhas influências. A Ella é incomparável para mim; tecnicamente, interpretação, improvisação, timbre, incrível como todos sabemos. Adoro o trabanho da Norma Winstone nos Azimuth; acho-a fantástica pela sua simplicidade. A Maria Pia DeVito é um pouco na mesma onda que a Norma Winstone, cantoras mais modernas, bastante simples na interpretação, improvisam muito bem, muito boas tecnicamente. Outro cantores que aprecio: Nancy Wilson, Fay Claassen, Gretchen Parlato, Monica Salmaso, Betty Carter, Carmen McRae, Aziza Mustafa Zadeh, Edu Lobo; noutras áreas: Thom Yorke (vocalista dos Radiohead), Jeff Buckley, Tori Amos, Cecilia Bartoli, Maria Callas, etc.  


JD - como aprecia e estuda (?) a capacidade de improvisar?

CF - É difícil dizer como aprecio o improviso. Oiço. Adoro ou não. Acho que é um pouco desvalorizado,nas aulas de canto, no ensino das escolas de jazz. Senti essa "falha" desde cedo e comecei a ter aulas de improvisação.
Estudar improvisação tem sido um desafio. Para mim, a melhor forma é "atacar de todos os lados", ou seja, estudar harmonia, treinar o ouvido, ouvir muita música, etc. Tento partir do que faço instintivamente e melhorá-lo. Basicamente estudar!
 

JD - sabe quem inventou cantar em scat?  utiliza scat?"
 
CF - Claro, o Louis Amstrong. Sim.
 
JD - canta em português? razão
 
CF - Não. Desconheço jazz com letra em português.

JD - e canta em português abrasileirado como certas colegas suas?...
 
CF - Quando canto um tema, a minha primeira preocupação é respeitar a intenção do autor. Tonalidade e sotaque são duas característica que me preocupam bastante. Para mim, a música brasileira, a letra "brasileira", faz sentido com o seu sotaque. Quando se perde o sotaque, na maioria das vezes, e realço que é a minha opinião; penso que se perde a "côr" do tema, por vezes a rima.. O facto de ser cantado por um cantor paulista ou carioca torna logo o tema diferente. Por isso, sim, canto com o melhor sotaque que conseguir fazer.

JD - tem preocupações em se expressar com swing ou swing sai-lhe com naturalidade de expressão?
 
CF - Penso que lhe dê a mesma importância que a outras características do jazz.

JD - aprende-se a cantar jazz? e a ter swing?"

CF - Acredito que se aprenda a ser competente. Ultrapassar a barreira do competente, para mim, passa pela pessoa, pela sua personalidade, a sua sensibilidade.

JD - quem são seus professore(a)s?

CF - Inicialmente no conservatório, estudei canto com Susana Teixeira e piano com Luís Batalha. Mais tarde, quando vim para Lisboa para a escola do Hot Clube tive aulas com a Joana Rios e a Paula Oliveira; improvisação com Afonso Pais. No entanto, quando estudava no Hot Clube, senti a falta das aulas de canto do conservatório e desde 2006 que tenho aulas com a professora de canto lírico Lúcia Lemos. Na Escola Superior tenho como professora de canto a Joana Manuel. Nestes anos estudei também com: Bruno Santos, Filipe Melo, Pedro Moreira, André Fernandes, João Moreira, Ricardo Pinheiro, etc.
 
JD - já cantou ou pensa vir a cantar outro tipo de Música?
 
CF - Já passei pelo rock\pop na adolescência. Canto lírico no conservatório. E algumas participações em música electrónica. Fizeram-me bem estas experiências. É provável que venha a fazer participações noutras áreas.

D - preocupa-se com o significado social das letras?
 
CF - Preocupo-me com o significado que tem para mim. Se não me identifico, simplesmente não o canto. Não me vejo a cantar algo socialmente polémico, não faz parte de mim.
 
JD - a melhor próxima do jazz foi A Voz de Sinatra? está de acordo?
 
CF - No campo das vozes masculinas sem dúvida. Mas se tiver de o comparar com vozes femininas acho que a Ella Fitzgerald levará a melhor.   

JD - Obrigado lhe ficamos Cláudia.

CF - Eu é que agradeço.
   


 
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