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Saxofonistas Portugueses
12-01-2002 00:00
 
1. Qual a sua educação musical e que instrumento(s) toca? 2. Quem foram seus Mestres a nível nacional e internacional? 3. Para além de jazz, que outras músicas ouve e pratica? 4. Qual é, para si, O DISCO de jazz? 5. Qual a sua discografia? 6. Dos concertos em que participou qual deles prefere? Porquê? José NOGUEIRA n. Porto, 31 de Março de 1954 1. Comecei a estudar música aos oito anos e até hoje ainda não parei. Aprendi uma série de instrumentos. A minha formação mais séria foi feita no Conservatório de Música do Porto. Tenho o curso de Saxofone e Composição, na altura não havia escolas de jazz e, de um certo ponto de vista, ainda bem. No jazz sou autodidacta, fiz uns workshops com alguns músicos lá fora. Mas sou essencialmente autodidacta. Não sei bem o que é que me fez escolher o jazz como forma de expressão. Basicamente, acho que foi a improvisação que me atraiu, a possibilidade de inventar, de fazer qualquer coisa minha. Eu sou uma pessoa emotiva e repentina, embora não pareça muitas vezes. Entretanto, a possibilidade de em cada momento fazer sair cá para fora aquilo que estou a sentir é altamente atraente. Depois o ritmo, a interacção entre as pessoas, acho que é muito importante. Eu não gosto de fazer nada sozinho e o jazz é rei nesse aspecto. Do ponto de vista mais formal, gosto da música, dos ritmos, das harmonias... Toco saxofones alto e soprano, já há muitos anos. De início toquei tenor, mas abandonei rapidamente, porque achei que não era muito compatível tocar os saxofones todos e concentrei-me no alto e no soprano. Toco ainda piano, guitarra e acordeão, que foi por onde comecei. Interesso-me muito pela electrónica: sintetizadores e essas coisas. 2. É muito difícil, porque sou muito curioso e tento ser muito aberto. Isso par mim é uma fonte de felicidade, porque me tem dado ao longo dos anos a capacidade de me deslumbrar permanentemente com gente nova que vou conhecendo. Comecei a entender melhor a música aos dezasseis, dezassete anos, e até há uns dez anos atrás, foi uma descoberta de gente e deslumbramento permanente: mas que coisa extraordinária que este homem faz! No jazz, na música contemporânea, na clássica, na étnica, no rock, em todos os tipos de música, cantores, instrumentistas vários, sei lá... Não acho que tenha havido alguém em especial que me tenha marcado de uma forma mais forte. Evidentemente que gosto muito de Coltrane e de Miles, são dois génios, mas há tantos outros músicos fantásticos: Dexter, Sonny Rollins, Herbie Hancok, Jarrett, tantos, tantos... Infelizmente, nunca houve em Portugal gente que me impressionasse assim muito, talvez Carlos Paredes, é dos poucos portugueses que tem uma forma de viver a música muito profunda, muito emotiva, muito séria, que eu gosto muito. Aliás, tive o prazer de assistir a vários concertos dele, fizemos inclusive uma tournée em Macau há muitos anos, em que tive oportunidade de o conhecer um bocadinho, na medida do possível, porque ele é uma pessoa extremamente fechada, muito tímida, depois extravasa tudo na música, de uma forma vulcânica, incrível, animal. A maneira como ele respira, arfa sobre o instrumento, impressiona-me muito. Gosto muito da música de António Pinho Vargas, com quem toco há vinte e tal anos, gosto imenso da música dele. Aliás, acho que foi importantíssima para o desenvolvimento do meu discurso enquanto instrumentista. E a Amália, que é uma força da natureza, de quem gosto imenso, também. 3. Hoje em dia, não ouço muita música, confesso. Ouvi imensa, principalmente entre 75 e 85, foram, digamos, os meus grandes anos de formação, ouvia música todos os dias de manhã à noite. Há muito poucas coisas, actualmente, que me surpreendam e dêem prazer. Procuro continuar a ouvir tudo, sem excepção, para não ficar fechado em nada. Porque o risco, penso eu, é a pessoa deixar-se deslumbrar por uma estética, um músico ou uma corrente, que às tantas, quando dá por ela, está a copiar ou a tentar copiar essa maneira de tocar e já não está tanto a pôr-se a ele próprio na música. Ouvindo coisas diferentes e tentando perceber o que é que em cada música nos afecta mais, é mais fácil depois percebermos quem somos e o que é que podemos dizer aos outros, se é que temos alguma coisa para dizer. 4. Isso é quase impossível. Há imensos. Há um disco que foi muito importante para mim, não quer dizer que seja o disco que ache que é o melhor, mas impressionou-me e marcou-me muito, em 70/71 - "Live at Filmore", de Miles. Foi um dos primeiros discos daquela fase chamada, pessimamente, jazz/rock. Eu tinha 17 anos na altura, estava a descobrir as coisas, estava no início e aquela música, que ouvi na altura em que estava a sair, através de uma edição da rádio francesa, tinha tudo o que eu achava fantástico. Tinha a energia do rock, a improvisação do jazz, tinha até música contemporânea, tinha uma interacção fantástica entre todos os músicos, tinha o free jazz, uma liberdade incrível de se ir para todos os lados em qualquer momento. Foi um músico que me deslumbrou incrivelmente. Aliás, ainda hoje acho um disco muito bom. 5. A minha discografia é relativamente simples. São quatro discos com os Jáfumega, grupo de rock de que fui fundador nos anos 80. Cinco ou seis discos com o António Pinho Vargas, todos os discos dele da área do jazz. E colaborações com alguns músicos portugueses como Júlio Pereira. Mas pouca coisa. Não sei se irei ter um disco meu. Às vezes, penso nisso, mas não tenho nada preparado nesse sentido, não tenho muita pressa, se calhar estou a morrer e continuo a não ter muita pressa. Mas acho que um dia há-de sair um. 6. Houve um concerto que me impressionou muito. Foi há uns anos atrás, com os Jáfumega, numa Festa do ‘Avante’. Quando entrei em palco e deparei com uma plateia, não sei, mas seria de mais de 50 mil pessoas... Ver tanta gente à frente foi uma sensação que não consigo sequer descrever. Depois repetiu-se, passados uns anos, com o António Pinho Vargas, embora com menos gente, no mesmo sítio. Enfim, as Festas do ‘Avante’ foram perdendo público. Também tenho dois ou três concertos a duo com o António que foram muito especiais, em que se criou um entendimento entre o público e nós os dois que foi qualquer coisa de mágico. Há três ou quatro anos atrás, toquei na Sardenha e no fim todos os participantes desse festival tocaram juntos, tive o grande prazer de tocar num grupo com o Kenny Wheeler, John Taylor, John Christensen e um contrabaixista Palle Danielsson que tocou com o Jarret. Tocaram um tema meu, também. Foi um momento muito especial, comovente. Mário SANTOS n. Porto, 27 de Agosto de 1965 1. Quando abriu a Escola de Jazz do Porto, há treze anos, comecei a aprender saxofone. Estive só um ano na Escola. A partir daí, comecei a estudar por mim. Estive um ano com o José Menezes que dava aulas lá. O meu primeiro instrumento foi o sax alto, como é normal, depois passei para o tenor e o soprano. Agora, há coisa de dois anos, voltei para o alto e adquiri um clarinete que estou a aprender a tocar. 2. O grande mestre é, e será sempre, John Coltrane. Esse será para todos os saxofonistas o grande Mestre. É um músico que eu ouço muito. Por causa do tipo de abordagem que faz dos temas. O tipo de improvisação dele, que é muito ele mesmo, é muito transparente e a mim diz-me muita coisa. Era um saxofonista completo, em termos de som, fraseado, tudo. Mas há mais: Joe Henderson, Wayne Shorter, cada qual com as suas coisas pessoais. Acho que nesses três já se vai buscar muita coisa. É a forma como eles transmitem. Sinto coisas a sair daqueles tubos de metal para além de notas. Em termos nacionais, há o Carlos Martins, há muitos bons músicos, o Sassetti... Vamos buscar coisas a todos eles. A dificuldade é dialogar com o instrumento e nós para conseguirmos isso temos que ouvir os outros a dialogarem e tentar ver como é. 3. Ouço música clássica, quando preciso de ouvir. Há momentos em que faz falta, para relaxar, para variar e não estar sempre a ouvir jazz. Estou sempre a ouvir jazz. Às vezes, desligo tudo, preciso de silêncio. Gosto de música étnica, world music, especialmente música cubana e africana. Para além de jazz, toco outras coisas. Já fiz parte do Raul Marques e os Amigos da Salsa, dos ‘Clã’. Vou sendo convidado para outros tipos de música, que é uma coisa que me interessa não só profissionalmente, mas para aprender outras linguagens. 4. "Ballads", de Coltrane, que é um disco de que eu gosto e ouço muito. Mas há muitos mais... 5. Tenho colaborações nos discos dos ‘Clã’ e Pedro Abrunhosa. Como elemento do grupo, gravei o primeiro disco de Raul Marques e os Amigos da Salsa. Com João Loio, também. E não me lembro de mais. Agora, estou quase a gravar o meu primeiro disco, com a minha banda, Os ‘Rapazes do Jazz’, para uma editora de Macau. Seis temas meus, dois de Mário Delgado que faz parte do grupo, para além do Paulo Pinto, são duas guitarras, Nelson Cascais, no contrabaixo e Bruno Pedroso, na bateria. 6. O concerto em que houve qualquer coisa de misterioso foi um que dei, há uns quatro ou cinco anos, com o Quarteto de George Letellier, um pianista americano, no Coliseu do Porto, no Salão Ático. Ficou-me marcado. Houve qualquer coisa de misterioso musicalmente lá no meio, e esses segundos, penso que foram segundos, nunca mais os hei-de esquecer. Esse ficou-me na cabeça. Porque, em termos exagerados, é como de repente levantares voo e veres os outros à tua volta levantaram voo contigo. Isso é a magia da música. E isto sem qualquer tipo de aditivos, estando lúcido. Mas já fiz muitos concertos em que saí de lá muito contente, que me motivaram a continuar a estudar e a saber tocar o melhor possível. Gosto particularmente dos concertos dos ‘Rapazes do Jazz’ e dos do Sexteto de Mário Barreiros, dos quais saio sempre cheio. José MENEZES n. Porto,27 de Abril de 1957 1. Comecei por comprar um saxofone de banda .Depois de passar alguns meses a soprar nele furiosamente inscrevi-me no Conservatório de Música do Porto onde tive algumas aulas e onde fiz o Curso de Composição, de Acústica e de História da Música. Infelizmente esta passagem pelo Conservatório teve, para mim, pouco interesse dado que quer os programas, quer o processo de ensino assim como a mentalidade geral nunca me agradaram. Frequentei também alguns workshops (Bill Dobbins, Dave Liebman, Gerry Niewood) onde mais do que adquirir conhecimentos técnicos, tive a oportunidade de ter contacto com músicos que admiro. Mais tarde acabei o curso de Saxofone estudando por mim e propondo-me a exame no Conservatório de Coimbra. Muito importante para a minha aprendizagem foi ter começado a ensinar (na Escola de Jazz do Porto da qual fui um dos "fundadores"). Diria mesmo que é a ensinar que se aprende... Resumindo, acho que sou (e sempre fui) um autodidacta. Toco saxofones soprano, alto e tenor. Ando em pleno "flirt" com o Barítono mas nem eu nem ele demos ainda o primeiro passo... De Piano toco o essencial para poder acompanhar os meus alunos e estudar (harmonicamente) muitas das coisas que vou tocar no Sax. Não posso dizer que toco Clarinete (apesar de já ter feito alguns trabalhos quer no Clarinete soprano quer no Baixo). Presentemente dispenso algum do meu tempo ao estudo da flauta. 2. Conheci a música de Rao Kyao ainda antes de começar a estudar saxofone. Era (como ainda o é) um músico com uma grande força expressiva, exuberante mas ao mesmo tempo muito lírico e capaz de uma grande entrega á Música. Impressionou-me imenso a primeira vez que o ouvi (Festival de Jazz na Faculdade de Economia do Porto por volta de 78/79) Também o lado mais interior e contido do José Nogueira (nessa altura com o "Zanarp") me fascinou e ainda hoje o alto do Zé é para mim uma referência. Quando comecei a entender um pouco como funcionava a música tive também a sorte de ter como amigo o Mário Barreiros que me ensinou montes de coisas. Internacionalmente, Coltrane, Pharoah Sanders, Charlie Parker, Miles, Dexter, Wayne Shorter, Garbarek, Joe Lovano são músicos cujos discos me inspiraram no princípio e que ainda hoje me acompanham. 3. Ouço principalmente Jazz mas também alguma música Clássica. Gosto especialmente de Bach, Mozart, Purcell, Schubert (a Missa Alemã,em especial) e dos compositores mais recentes Stravinsky e Ravel são os meus preferidos. Dos outros tipos de música contento-me com o que o rádio me dá. Como saxofonista tenha a sorte de trabalhar num leque variadíssimo de estilos e linguagens. Jazz (como solista ou em naipe), música africana, pop, salsa, hip-hop, R&B ou música clássica são linguagens que me colocam desafios diferentes - quer a nível de som, interpretação rítmica ou fraseado. Os músicos com que trabalho nestes diferentes estilos têm também formas muito diferentes de encarar e practicar a música que fazem. Esta variedade tem-me enriquecido ao longo dos anos quer musical quer humanamente. 4. O meu DISCO de Jazz são muitos. Aí vão alguns. Crescent, Plays the Blues, Selflessness (Coltrane), Kind of Blue, Miles at the Plaza, Four & more, Jack Johnson, Bitches Brew (Miles), Facing you, Belonging (Jarrett), Ugetsu (Art Blakey) e mais uns tantos -se naufragar na "tal" ilha deserta não vou ter de certeza espaço para os discos... 5. Como músico de estúdio participei em algumas dezenas de discos de músicos como SaraTavares, Thilo Krassman, Carlos Mendes, Paco Bandeira, grupos como os G.N.R., os Finaçon (Cabo Verde), Despe e Siga, Canções do Século. No que respeita a Jazz gravei com a Orquestra de Jazz do Hot-Club de Portugal. 6. Lembro-me de 2 concertos especiais. Um teve lugar na Gulbenkian - Maria João e Mário Laginha com a Orquestra do Hot Club com Julian Arguelles como solista convidado. A excelência dos músicos em palco, a qualidade das composições, a óptima onda entre músicos e público proporcionou uma noite de que não me vou esquecer. O outro ocorreu recentemente no Centro Cultural de Belém. O repertório era exclusivamente temas do Wayne Shorter. O empenho de todos os músicos juntamente com o "respeito" que os temas do Shorter impõem, o óptimo "clima" entre as pessoas do grupo, a sensação de cada um estar dar o seu melhor fez com que eu não me esqueça deste concerto... Rui TEIXEIRA 1. Comecei por estudar orgão com 10 anos numa escola particular, onde aprendi também um pouco de formação musical. Com 16 anos surge a paixão pelo saxofone e pelo jazz simultâneamente. Talvez por isso nunca tenha frequentado o conservatório, que sempre considerei imcompatível com o tipo de som que se pretende obter a tocar jazz. Recebi aulas particulares do grande clarinetista Américo Aguiar durante um ano e logo a seguir ingressei na escola de jazz onde estudei saxofone com Mário Santos e formação musical com António Torres Pinto. A partir daí continuei e continuo os meus estudos saxofonisticos sozinho. Estudei improvisação com o “mestre” Carlos Azevedo, e frequento, a par da minha actividade profissional, o curso superior de educação musical na escola Superior de Educação do Porto-Instituto Politécnico do Porto. O meu saxofone de eleição é o alto, foi por onde começei e após uma breve infidelidade com o tenor regressei e nunca mais deixei (já lá vão 13 anos). A minha relação com o alto é um pouco de amor /ódio. Partilho da opinião do Edgar Caramelo quando diz que o alto “... é o instrumento com o qual não se engana ninguém, ou se toca ou não.” É , desse ponto de vista , um instrumento bastante ingrato. Penso até, que depois de se adquirir um bom som no alto... venham eles(os outros). Recentemente começei também a tocar barítono e já me tenho apresentado ao vivo com a “big horn”. É um instrumento poderoso e muito envolvente, de qualquer forma, as linhas de baixo sempre me fascinaram. Ah, tenho um clarinete soprano no qual estou a dar os primeiros passos. 2. A nível nacional o primeiro mestre é Américo Aguiar, um dos maiores músicos que tive a opurtunidade de ouvir e trabalhar, embora na altura eu ainda fosse muito novo e não tivesse bem a noção de quem tinha á minha frente. Logo depois surge Mário Santos, músico que eu venero pela autenticidade e entrega que deposita na sua música, é um saxofonista que eu considero ter um discurso próprio e com quem aprendi bastante. Um grande mestre nacional do saxofone (senão o maior) é José Luís Rego. Músico completíssimo e com um som , fraseado e discurso belíssimo, fluente e complexo. Além disso toca guitarra e bateria de forma notável. -Zé, és uma inspiração!!! Como mestre, tenho também o “mestre” Carlos Azevedo e todos os grandes músicos e amigos com quem tenho trabalhado. Por último não gostaria de esquecer o meu pai, acordeonista autodidacta e amador (...aquele que ama a música) que tocava ( e bem) para eu comer, quando bébé. Talvez venha daí o interesse pelas palhetas. No plano internacional está Charlie Parker á frente dos outros todos, mestre do alto por excelência. Parker inovou, tanto a nível de som como fraseado e essencialmente na abordagem harmónica e melódica. Embora ouça e faça outras músicas, o be-bop é das linguagens que mais me fascina e da qual eu não consigo disassociar o saxofone alto, Parker é o seu expoente máximo. Master Coltrane, é impossível não mencioná-lo. Talvez o maior virtuoso de sempre, e essencialmente o maior exemplo de virtuosismo em função da música e não o contrário. Phil woods pelo be-bop; Archie shepp , Ornete Coleman e Eric Dolphy pelo lado selvagem e genial, Dexter Gordon, os seus solos são compêndios, Charles Lloyd pelo lirismo, Cannonbal pelo funky. Actualmente destaco Kenny Garret, Chris Potter, Joe Lovano, Chris Speed, Myron Walden e o nuestro hermano Perico Sambeat. Mas como nem só de saxofonistas de jazz vive a mestria, eu menciono Bach, Mahler, Stravinsky, Glen Gould, Led Zeppelin, Jimmy Hendrix, Stevie Wonder e aquele que para mim é um dos maiores génios musicais do séc 20 o grande Frank Zappa. 3. Eu ouço muita música e muito variada, acho que nunca vou sair da fase da descoberta e deslumbramento. Muito funky, Stevie Wonder; George Clinton e tudo que é Motown. Algum rock como Led Zeppelin, Jimmy Hendrix, Beatles... Caetano Veloso? Muito!!!! Ouço também bastante jazz (se é que se pode dizer assim)moderno, bandas como Bloodcount de Tim Berne, John Zorn, Elery Esquelin, Dave Douglas. E claro, mais uma vez, Frank Zappa até o leitor de cd’s cheirar a queimado, Moooahhhhh!!!! Estas escolhas refletem-se também na música que pratico, além do jazz já toquei muito tempo em bandas de rock e funky e actualmente tenho um trio chamado “PURA” de música improvisada com o Acácio Salero na bateria e António Aguiar no contrabaixo. 4. Ao longo da minha ainda “curta” existência musical, passei fases de inteira devoção a um determinado disco. Tudo começou com “Heavy Weather” dos Weather Report, que foi o meu 1º disco de “jazz” e que eu considero uma obra-prima, contém um dos melhores solos que eu ouvi( solo de Pastorius no tema “havona”). Destaco também o duo de Archie Shepp com o contrabaixista N.H.O.P. “Looking at Bird”, um tributo a Parker que eu ouvi e ouço vezes sem conta, ainda não sabia fazer uma escala maior no saxofone e já cantava de cor os solos do Archie Shepp, continuo com a certeza de saber os solos(quanto ao resto!!!). Kind of blue de Miles Davis é quase a perfeição mas o meu verdadeiro “DISCO DE JAZZ” é uma edição muito baratinha do quinteto de Miles davis ao vivo em Estocolmo, o disco chama-se Miles Davis & John Coltrane -Live in Stockholm, e além dos dois mestres estão Winton Kelly no piano, Paul Chambers no contrabaixo e Jimmy Cobb na bateria, é um disco imperfeito na gravação mas no que diz respeito á música, lindo de morrer, os solos do Coltrane são de levar ás lágrimas. 5. A minha discografia é muito curta, gravei em dois temas do disco “Kazoo” dos “Clã”, uma curta participação num tema do disco “Cem anos de cinema” da cantora “Maria Anadon” e gravei também com o “Carlos Azevedo Ensemble” o disco “Lenda”. 6. Para responder a esta pergunta gostava de poder ter muito por onde decidir, mas a procissão ainda vai no adro. Sendo assim vou ter de eleger um concerto com a Just Soul Orquestra na Queima das fitas no Palácio de Cristal em 1996, tocámos para 30 mil pessoas que reagiram entusiásticamente á nossa música, a sensação é indescritível. Lembro também recentemente, três noites no café concerto do teatro Rivoli com o trio “Pura” com Acácio Salero na bateria e António Aguiar no contrabaixo, pelo entendimento entre os músicos de uma forma natural e mágica, curioso que cada dia foi superior ao anterior e lembro-me que na última noite estava nervosíssimo perante a possibilidade da magia se quebrar no último concerto, correu tudo bem. Pelas mesmas razões, recordo duas noites no B-Flat com o quinteto R.T. Boplicious, com Paulino Garcia no piano, Alberto Jorge no contrabaixo, “Nocas” no acordeão e Acácio Salero na bateria, os primeiros três, excelentes músicos de jazz á mais de 20 anos e que neste concerto entregaram-se de corpo e alma á causa, como diria o Miles “they played their asses off!!!”. Por último, todos os concertos da Orquestra de Jazz de Matosinhos e do Carlos Azevedo Ensemble, pela excelente música que nos é dada a tocar, pelo profissionalismo e pela amizade que nos une.

José Duarte
 
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