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Júlio Resende
07-01-2009 00:00
 

José Duarte - deixa que o chamem pianista jazz?

Júlio Resende - Sim, com prazer! Para mim é como se me chamassem "português", ainda que neste caso tenha sido eu quem decidiu a sua "nacionalidade", em vez do acaso.

JD  - que diferença faz um pianista jazz de outro pianista?

JR - A língua. O pianista de Jazz fala uma língua diferente do pianista de outro "país". Mas convém dizer que o Jazz é uma língua com uma enorme abertura por excelência a todas as boas influências externas.

JD - o que precisa de cumprir um pianista jazz para ser bem cotado?

JR - Depois de se aprender falar "Jazz" quem sai por cima é que souber fazer Poesia com as palavras do "Jazz".

  JD - é considerado o melhor pianista jazz português da geração mais recente - comentários

JR -  Não sabia isso!  Não posso dizer que não fico contente por o meu trabalho ter recebido esse reconhecimento, mas como dizia alguém "há sempre alguém melhor que tu!" Por isso, toca a trabalhar (risos)

JD - domina a linguagem bebop?

JR -  Não, mas todos os dias procuro conhecê-las mais e melhor.

JD - seus mestres internacionais

JR -  Ouvi e oiço muitos... comecei pelo Michel Petrucciani e o Bill Evans e entretanto fui tendo muitos outros. 

JD - segue artistas como Cecil Taylor?

JR - Não. Conheço, mas não sigo.

JD - diz-se que todos os pianistas jazz contemporâneos têm influências de Bill Evans e/ou Keith Jarrett - comentários

JR -  É díficil estudar o piano jazz e não ficar abismado com a beleza da poesia desses senhores. Sim, sou fã!

JD - com quem já gravou?

JR -Para além do meu disco "Da alma" ,  participo no último disco do Carlos Martins "Água".

JD - tem dificuldades em solar em improvisar?

JR - Dificuldades tenho muitas (risos) ... mas ainda assim adoro fazê-lo pois é quando me sinto mais autêntico.

JD - consta que o notável pianista jazz Erroll Garner não 'sabia Música' - acha possível? o Conservatório é necessário?

JR -  Sim, é possível. Saber música não é necessário (mas ajuda), o conservatório não é necessário (mas ajuda)

JD - solo(s) de outro(s) pianista(s) que muito considere

JR - Há muitos..., por exemplo, Bill Evans "Spartacus Love theme", Bernardo Sassetti "drume negrita" (num disco do Perico Sambeat),  entre muitos outros

JD - prepara seus solos improvisados?

JR - Não e Sim! Como é óbvio não tenho nada anteriormente escrito quando vou solar, mas é claro que o meu trabalho diário pretende antecipadamente preparar-me  o mais possível para esse momento, ainda que de modo ambíguo se procure também na improvisação a libertação a fuga daquilo que te é "antecipado".

JD - o melhor swingman que conhece - Tommy Flanagan?

JR -Keith Jarrett.

JD - usa usou usará teclado ligado à corrente eléctrica? vantagens? inconvenientes?

JR - Uso. Tenho um projecto com o João Paulo que se chama "Happenning" em que toco também teclado. São outras possibilidades que te são oferecidas e que de vez em quando sabem muito bem. (risos)

JD - para exemplos Ornette e Rollins têm discografias onde o piano não existe - qual o futuro dos instrumentos acústicos na linguagem musical jazz?

JR - Felizmente acho que os instrumentos acústicos ainda têm muito para dar ao Jazz. 

JD - quais as características fundamentais para um discurso musical ser chamado jazz?  

JR - Para mim, há certas idiossincrasias rítmicas e melódicas que revelam se a pessoa é um habitante do país do Jazz. Mas dizer exactamente "o quê" é complicado agora aqui.

JD - o público para jazz em Portugal conhece jazz?

JR - Felizmente o acesso à informação é neste momento muito fácil, logo acho que as pessoas já vão conhecendo muito mais e melhor sobre Jazz. Agora, ainda continua a ser uma música entendida de modo mais profundo por pouca gente.

JD - gostaria de tocar em 'Jazz em Agosto' festival da Gulbenkian?

JR - Claro! Seria uma honra tocar num Festival por onde já passaram tantos e tão excelentes músicos!

JD - das largas dezenas de festivais jazz de Portugal em quais já tocou?

JR - Depois do lançamento do disco tenho tocado em mais em Festivais, como o de Loulé ou Sines, Coimbra...

JD - prefere tocar com voz com sopros ou em piano trio? porquê?

JR - Neste momento é ainda com sopros que me sinto melhor. Porque gosto muito da voz dos sopros!

JD - há dificuldades extra para um pianista jazz com cultura europeia ocidental tocar blues'

JR - Não, se entendermos o" blues" como "melancolia", como eu o entendo.

JD - seu repertório - standards? temas originais?

JR - O meu repertório de concerto são normalmente originais, mas adoro tocar standards também, sobretudo porque incitam sempre a que se tente tocar o mesmo de forma diferente, para "Jazzear"

JD - será fácil ser um jovem e bom pianista jazz em Manhattan?

JR - Duvido. Estamos a falar de um local com muitos, muitos, muitos e bons músicos. Por isso se quiseres viver da música não deve ser fácil, mas para crescer deve ser muito bom!

JD - muito obrigado Júlio Resende

JR - Obrigado eu caro José Duarte!


 
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