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Nicole Eitner - voz e piano
15-07-2008 00:00
 

José Duarte - onde nasceu? há quanto tempo?  

Nicole Eitner - nasci na floresta negra na alemanha, numa cidade chamada lahr... lê-se "lá".. acho que nasci em lá menor há 37 anos.  

JD - só a conheço de um disco pequeno o que é obviamente pouco - dadas as suas qualidades ousei este entrevista - como e quando apareceu jazz na sua vida?  

NE - os meus primeiros passos activos musicais foram da música clássica através do piano que me encontrou aos 5 anos. desde então tem sido o meu melhor amigo. lançaram-me ao jazz com 13 anos na escola alemã de lisboa. dou as culpas ao meu querido professor heinzpeter schmitz que na altura conduzia uma especie de aula extracurricular de jazz onde eu entrei para tocar piano (na espectativa de ser encontrada para cantar). quando a cantora ficou doente substiui-a e fui ficando. um dos meus  primeiros temas ao vivo foi o "all blues" de miles davis, seguido de "so what!"  cantado à disputa contra o baixo. atiraram-me para a água fria.  

JD - já ouviu pianistas como Geri Allen ou Carla Bley ou Mary Lou Williams?  

NE -  confesso que não. desde sempre que me vejo como cantora e dou especial atenção a vozes e menos a instrumentistas. posso dizer que fiquei fascinada com o grande solo de piano de kenny kirkland em "bring on the night" de sting em 1986....  

JD - estuda estudou Música?

NE - Tive 12 anos de ensino de piano clássico privado no monte estoril. tenho que dizer que na escola alemã o ensino musical é intenso para quem não escolhe a arte e design. na alemanha a música faz parte da cultura geral de qualquer pessoa. ler partitura é "normal" . então ter que fazer prova a música no décimo segundo ano a ler uma partitura de orquestra sinfónica e ter que encontrar algures o tal acorde de sexta neaplitano também é "normal". Tive história musical na escola, até dei o falco e a kate bush.  em 1989 peguei na mochila e meti-me no comboio rumo a munique para estudar algo relacionado com música. queria música. estudei pedagogia da música. mas eles são tantos lá os que querem música que optei por me virar para a publicidade e o marketing, tirando então um curso de gestão de comunicação e publicidade na Bayerische Akademie der Werbung de Munique. trabalhei alguns anos por detrás da música, nos bastidores. mas nunca parei com o jazz e estive 10 anos a cantar jazz e funk em clubes desta cidade maravilhosa. tive então mais uma vez aulas privadas de canto com uma professora americana que me assustava imenso com o seu vozeirão. acabei por estudar treino de voz - voice coaching, e desde que "voltei "para portugal tive mais dois professores de canto. desde então dou aulas de piano e canto pop/rock e faço acompanhamento de voice coaching em projectos.  

JD - toca blues?  

NE - não posso dizer que goste de blues. gosto de quebrar regras.  

JD - onde tem actuado em Portugal para além do Casino no Estoril ou da Fábrica de Braço de Prata em Lisboa?  

NE - com este meu projecto a solo tenho tido varios concertos quase sempre em lisboa. fomos a torres novas a convite do teatro virginia, tocámos no passos manuel no porto e tenho tido convites através da internet da minha página do myspace. em outubro estaremos na casa  música no porto. depois de lançar o cd em janeiro tenho apresentado este trabalho nas fnacs de portugal onde está à venda.  

JD - quando canta só canta em português? explique porquê  

NE - não canto em português. já fiz músicas em português mas confesso que não gosto da minha voz nesta língua. a fonética é completamente diferente, muito nasal e a lingua portuguesa tem demasiadas silábas o que lhe dá um balanço muito diferente do inglês. e tendo a fugir para um lado fadista saudosista não assumido. só canto em inglês. dá uma leveza apropriada à densidade e intensidade dos meus temas. já pensei em acrescentar uma música em alemão, mas aí entro em guerra com as consoantes constantes nos finais das palavras que não deixam cantar. acabam ali. naquele instante. canto em inglês por gostar de música cantada em inglês. sou muito ligada à música britanica, as minhas influençias vêm muito dos anos 80 - kate bush, cocteau twins, david sylvian, depeche mode e da música clássica.  

JD - seu repertório?  

NE - toco os temas do meu cd. são 10 originais e uma versão dos dead or alive "you spin me round" e outra duma banda alemã rainbirds, "love is a better word". além disso adoro tocar "funny valentine", "god bless the child", "don't know why" da norah jones, "If I ain't got you" da alicia keys, "the man with the child in his eyes" da kate bush, "enjoy the silence" dos depeche mode, "tout doucement" de feist. Como sou professora de canto e piano e estou constantemente a acompanhar e a dissecar temas com os meus alunos tenho um repertório pop quase infinito. toco quase tudo de ouvido....  

JD - que lhe parece o mundo jazz em Portugal? desenvolvido?  

NE - para ser sincera, acho o mundo de jazz em portugal pouco aberto a novas tendencias. reduzo o mundo de jazz em portugal àqueles que também saiem lá para fora como a maria joão e o mário laginha. não oiço música jazz e conheço muito poucos músicos dessa área cá... mas posso dizer que quando vivi em munique havia concertos de jazz em cada esquina, sempre muito frequentados e com excelentes músicos...estive 3 anos a tentar arranjar bilhete para assistir à maria joão em munique mas estava sempre logo esgotado...  agora cá não posso dizer nada.  

JD - que vozes estrangeiras e portuguesas mais admira?  

NE - vozes estrangeiras: elizabeth fraser/ feist/ rickie lee jones/ aimee mann / ella fitzgerald, rufus wainwright/ martin gore/ thom yorke; portugal: marta plantier, maria joão    

JD - e em relação a pianistas?  

NC -              -  

JD - se pudesse convidar quem bem quisesse quem escolheria para tocar bateria e cbaixo? vale estrangeiros se os achar melhores e porquê esses?  

NC - considero esta pergunta relacionada com esta minha música deste album. não convidaria ninguém para tocar bateria porque acho que seria agressivo demais para este meu som. no entanto convidei o percussionista manu teixeira para me acompanhar ao vivo e dar aquele requinte aos meus quadros sonoros, uma cor ali e outra acolá. gosto muito da maneira como ele absorveu a finalidade da minha música, a de envolver o público numa viagem. e é isso que ele faz. montou um set de tambores de propósito para estes espectáculos porque lhe tinha dito que queria algo como os "dead can dance". se fosse convidar um contrabaixista de certeza que chamava Chris Minh Doky , contrabaixista que tocou no album "dead bees on a cake" de david sylvian. para mim - o melhor do mundo.

JD - convidaria um soprador? quem? porquê?  

NC - já pensei em convidar alguém    com um instrumento de sopro. adoro o som do oboé. tem algo de melancólico e distante. e não chocava com o som de violino.. mas não conheço ninguém. como estou a preparar o segundo album talvez tome isso em consideração.  

JD - definição e utilidade do swing  

NC -      -  

JD - a improvisação treina-se?  

NC - a improvisação treina-se definitivamente. para mim, o que é o improviso? é a segurança de saltar um muro sabendo o que ha do outro lado. é a segurança de se deixar ir com o momento sem se perder no momento. é a segurança de usar ferramentas diferentes para fins iguais. é segurança. e isso só com muito treino. só quem já se perdeu no improviso é que sabe até onde pode ir. só quem já sentiu a ousadia de furar o ambiente é que sabe a adrenalina que isso dá. cada improviso tem um fundamento. senão era simples desordem. compus um tema instrumental chamado "12". é o único onde realmente improvisamos ao vivo. a minha musica não se resume ao jazz. nem de longe. é difícil definir. eu chamaria o meu género "alternative acoustic pop". as minhas mãos vêm do clássico, a minha voz e emoção da pop britanica, o contrabaixo é jazz, violino clássico e as percussões viajam pela world music.... nas fnacs não souberam onde pôr...:-) para mim o maior elogio possível.  

JD - gostaria de actuar em salas como a da Casa da Música do CCB do HCP da Gulbenkian? para quê? porquê?  

NC - gosto de tocar em salas pequenas, onde esteja o mais próximo possivel do público. quero que vejam os meus dedos e a minha respiração a cantar. só assim poderão respirar a minha música e sentí-la como eu. eu emociono-me várias vezes, principalmente com a viviena tupicova a tocar violino. eu tenho sempre que me conter para não me deixar ir com o sentimento dela. ela é maravilhosa. e so estando perto das pessoas é que isso transparece. toquei há pouco na santiago alquimista em alfama para gravar um dvd ao vivo deste album. a sala é muito bonita mas talvez grande demais. as pessoas e o som dispersam-se. gosto de actuar em simbiose. ao mesmo tempo se se proporcionar nós tocarmos nesses auditórios é claro que faria tudo para conseguir o mesmo ambiente destes meus concertos. conforto, velas, intimidade.  

JD - obrigado Nicole Eitner  

NE - obrigada.


 
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