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Brasil é um país cheio de Música
18-07-2008 00:00
 

José Duarte - que vida musical tinha no Brasil país onde nasceu?  

Alexandre Frazão - Tive sempre música a minha volta desde que me lembro, meu pai  tocava discos de jazz  e me fazia imaginar que os  instrumentistas e cantores eram os bonecos que eu gostava, vi nos filmes antigos da Betty Boop e Cab Calloway  essa ligação, desenhos do Tom and Jerry com grandes orquestras na banda sonora. Na escola fiz amizade com uma familia de musicos, esse convívio despertou em mim uma forte vontade de tocar, pedi aos meus pais uma bateria, toquei em algumas bandas de garagens e circuito amador.  

JD - porque veio tocar para Portugal?  

AF - Em 1987 , vim para Portugal para passear, nessa altura não sabia que ficaria.    

JD - Brasil é um grande país cheio de percussionistas? verdade? herança africana...  

AF - O Brasil é um país cheio de música! (ponto) é herança da mistura e mestiçagem dos povos que foram lá parar e dos que já lá estavam. Curiosamente apartir de 1808 com a ida da corte portuguesa para o Rio de Janeiro a música europeia (dita música classica e escrita ) passou a ser ouvida, praticada e estudada como na Europa, a componente africana sempre muito presente tambem nessa época com centenas de milhares de pessoas que desembarcavam dos navios negreiros com as suas tradições.    

JD - porquê o jazz e não as músicas brasileiras samba incluído?  

AF - e porque não? não faço distinção entre estilos musicais nem nacionalidades. gosto de música . apenas sinto que no jazz posso me expressar atravez da minha veia puramente artística. quero ter essa qualidade de me relacionar com pessoas que tenham esse espírito e poder dialogar utilizando a confiança e a improvisação.  

JD - há quantos anos toca em Portugal? com quem tem tocado e gravado?  

AF - Há 20 anos! toquei (e/ou toco) com a grande maioria dos músicos, é dificil dizer algum que não conheça ou não tenha tocado ou gravado.  

JD - a sua discografia  

AF -tenho uma discografia muito extensa (mesmo!) com quase 80 discos! (ou mais, já perdi a conta a tempos...).  pralem da minha carreira de jazzman, tenho prazer em gravar discos de rock, pop ou musica portuguesa, gosto do desafio do processo de  "ler as mentes"  de cada artista ,de cada estilo e adaptar a minha linguagem.  alguns discos que posso destacar: TGB (tuba, guitarra & bateria), Bernardo Sassetti (todos), Mário Laginha ( espaço), Andre Fernandes (cubo).  

JD - tem concertos discos clubes que lhe permitem viver sem dificuldades financeiras?  

AF -Sim,vivo da música,trabalho muito,ás vezes é mais facil ás vezes é mais dificil.  

JD - por quem começou por ser influenciado?   AF -John Bohnam, Jack de Johnette, Gene Krupa, Robertinho Silva.  

JD - seus bateristas jazz favoritos? e não jazz?  

AF -São muitos os bateristas que gosto. mas se tivesse que escolher dois que ouço sempre: Victor Lewis e Jon Christensen. Há muitos da nova geração que gosto tambem como Eric Harland . fora do jazz ouço: Dave Grohl e Jim Keltner entre outros.  

JD - o balanço o swing a percussão podem ser ensinados?  

AF -O balanço/swing tem de estar lá apartida juntamente com o talento, mas pode ser praticado e aprimorado...a teimosia tambem faz parte!  

JD - que tal é ser prof de bateria?  

AF - prefiro tocar a dar aulas , mas tenho descoberto as virtudes de leccionar, e com a minha experiencia ajudar os alunos em coisas que geralmente não se ensinam em escolas de bateria.não sigo um plano total em todas as minhas aulas , tipo: pagina 15, exercicio 33 ...claro que tambem uso exercicios,mas tento puxar pela individualidade e originalidade artistica de cada aluno.    

JD - quando é aconselhado o uso de escovas?  

AF -as escovas são um estudo a parte do resto da bateria. é preciso fazer "amizade" com o som e os movimentos das escovas. Penso que podem trazer outras cores e outras ideias e não tem  necessariamente de ser em baladas. utilizo no rock muitas vezes.  

JD - destaque um baterista que seja muito bom no uso de escovas?  

AF -Vernel Fournier  

JD - conhece a discografia de bateristas como Kenny Clarke ou o mais recente Jeff Watts?    

AF - Sim,conheço alguns discos do Kenny Clarke  do inicio do Modern Jazz Quartet e outros como "meets the Detroit jazzmen" com Peper Adams, mas sou muito fã do Max Roach com quem tive o prazer de conhecer em 1995 a quando de um workshop/concerto em Lisboa. O Jeff "tain" Watts é possivelmente o grande elo de ligação entre os bateristas que saltavam á vista no passado e as estrelas actuais.conheço bem o seu trabalho.  

JD - há bons bateristas jazz em Portugal? quantos?  

AF - Há bons bateristas em Portugal, muitos noutras áreas, alguns de jazz.  

JD - quantos e quais tambores e pratos usa?  

AF - utilizo um set pequeno de 4 tambores (tarola,bombo e 2 toms) e 3 a 4 pratos.quando toco Rock tambem utilizo um gong de 32 polegados.  

JD - toca em tambores e pratos emprestados ou leva sempre seu material?  

AF -geralmente toco com o meu material,mas como viajo muito para fora ,apenas levo os meus pratos comigo.  

JD - sabe ler pautas para percussão?  

AF -sim, no jazz na maioria das vezes , para bateria  escreve se as acentuações e harmonia para seguir, a interpretação fica a cargo do baterista. mas ha escrita para bateria na qual se escreve o ritmo completo no pentagrama.  

JD - o prato de choque é essencialmente necessário para marcar os tempos?  

AF -Não, pode ser utilizado para colorir e como contraponto de outras partes da bateria... Max Roach fez dos pratos de choque um instrumento solo.  

JD - o melhor solo que conhece gravado?  

AF  "papa" Joe Jones, with JATP all stars 1957 (video) ...tá no you tube...  

JD - seu melhor solo gravado?  

AF - Não me lembro, mas tenho alguns gravados em mini disc em casa.  

JD - um solo de bateria tem a ver com a melodia sobre o qual é aplicado?  

AF - nem sempre,em alguns casos o solo da bateria é livre.  

JD - muito obrigado Alex!      


 
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