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Ivo Martins
02-11-2008 00:00
 

em abril 2002 entre pontos de vista com Ivo Martins escolhedor dos espectáculos jazz em Guimarães em novembros 

«... mudam-se os tempos mudam-se as vontades...»

José Duarte - “Indigente” foi uma apreciação da crítica ao Festival de 2000 - comentários.

Ivo Martins - Antes de comentar, convém clarificar conceitos: indigente - adj. e s. 2 gén.; que ou aquele que vive na indigência; absolutamente pobre; mendigo. (Do lat. indigente-, «que tem necessidade»). Depois de se terem atingido pontos de consenso largamente maioritários no Guimarães Jazz do ano passado, os habituais comentadores foram de novo projectados para situações de distanciamento e falta de concordância pelo programa e os concertos deste ano. Embora se deva admitir que o efeito não deixou de ser, de certa forma, calculado a priori, seria pouco honesto da nossa parte não manifestarmos o espanto que nos causou a intensidade das reacções obtidas. Neste contexto, o adjectivo “indigente”, tal como outros que tenham sido utilizados, surge como uma selecção lexical algo despropositada e até ineficiente num glossário de apreciação de um acto musical: a indigência não é de forma alguma uma dimensão que se possa conotar com o trabalho de um músico... Não tivesse o Guimarães Jazz deste ano outras virtudes, restaria o facto de ter provocado a emergência de actos valorativos menos fundados na apreciação do trabalho dos músicos e mais na adopção de etiquetas depreciativas fáceis.

JD - Que participação teve Ivo Martins e a Câmara Municipal de Guimarães na escolha do Porto 2001 - área Jazz?

IM - O Guimarães Jazz e as duas instituições responsáveis pela sua realização (Câmara Municipal de Guimarães e Convívio - Associação Cultural e Recreativa) foram convidadas para tomarem parte num grupo de trabalho que elaboraria o programa de Jazz para o Porto 2001. Neste sentido, fui contactado para representar o festival e trabalhar na selecção dos vários projectos que fazem parte da programação apresentada.

JD - “Pobre” foi uma classificação empregue pela crítica em relação a certa música no Festival de 2000 - comentários.

IM - Dada a equidade semântica entre os adjectivos “pobre” e “indigente”, remeto a resposta a esta questão para as observações que me ocorreram a propósito da primeira pergunta constante da entrevista...

JD - Que plano e músicos tem escolhidos para o Guimarães Jazz 2001?

IM - Até ter sido levada a cabo uma avaliação completa do Guimarães Jazz 2000, não é possível estabelecer qualquer compromisso para o programa de 2001; podemos apenas afirmar que o seu perfil está desde já fixado e é conhecido da comissão organizadora, embora continue sujeito a algumas condicionantes. É de sublinhar, no entanto, que, sem sermos indiferentes às várias manifestações críticas sobre o Guimarães Jazz 2000, cuja utilidade circunstancial não questionamos, essas manifestações não têm de influenciar o formato escolhido ou levar-nos a ter uma percepção exagerada dos riscos inerentes.

JD - Vilar de Perdizes foi povoação citada pela crítica ao festival de 2000 - comentários.

IM - Seria sobretudo gratificante que eventuais títulos alusivos aos encontros de Vilar de Perdizes tivessem subjacente uma criatividade tal que permitisse também incluir referências ao Guimarães Jazz.

JD - Os programas que escolhe têm a ver com outra música de que gosta ou com Jazz de que gosta?

IM - Um programador é, acima de tudo, um produtor de actos falhados... Encontra-se numa posição instável de difícil mediação entre pólos a si alheios que é obrigatório pôr em interacção: os músicos, a obra musical e o público. Renegar a subjectividade do programador neste contexto é eximir-se à responsabilidade de mediação. Naturalmente que a essa subjectividade deve estar sobreposta a consideração dos vários interesses de natureza comercial e de processos de hierarquização e reconhecimento estruturados nos valores e critérios de um sistema que se (re)define pela auto e mútua legitimação da obra e de quem exerce a valoração. O equilíbrio entre a subjectividade e responsabilidade de quem programa e os interesses e reconhecimentos em jogo só pode conseguir-se com posturas de neutralidade e isenção.

JD - “Fraude” foi termo usado pela crítica referindo-se ao Festival de 2000 - comentários.

IM - Preocupa-nos sobretudo o facto de “fraude”, enquanto termo usado pela crítica, poder eventualmente aplicar-se também à formação das expectativas (ou à ausência delas!) no público. A existência de público justifica a realização dos concertos; a realização dos concertos justifica o acto crítico... Dissuadir, dispersar, confundir o público leva a um permanente adiar da consolidação de audiências, elemento fundamental e gerador de todo este processo. A limitada dimensão do público verdadeiramente conhecedor de Jazz em Portugal pode ser responsável pela faceta demagógica e autotélica da actividade crítica, na medida em que é a massa crítica que impede a emissão de juízos não fundamentados em critérios exclusivamente musicais.

JD - Sendo responsável pelos cartazes de Braga e Guimarães, o que os diferencia?

IM - No Braga Jazz, trabalho em parceria com José Carlos Santos; em Guimarães, integro uma comissão organizadora pela qual passa a consensualização das escolhas efectuadas. Relativamente aos programas de cada um dos festivais, não tenho a percepção de diferenças significativas, sem pretender com isto anular as especificidades decorrentes do número de edições de cada um deles - o Guimarães Jazz faz a sua décima edição em 2001, em Braga acontecerá a segunda edição, depois de uma estreia muito feliz.

JD - Montreux foi cidade usada por praticamente todos os críticos a propósito do festival de 2000 - comentários.

IM - Quer em número de concertos, quer no que diz respeito aos fins comerciais e industriais subjacentes, quer ainda no que concerne à visibilidade dos eventos, não considero que Montreux, por ser um festival em que se pretende sobretudo apresentar produtos/pacotes e não projectos musicais, seja comparável com Guimarães. O Guimarães Jazz é um festival periférico, com uma possibilidade de mobilização limitada em termos de público, pelo que o nível médio de audiência alcançado (450 pessoas por concerto) e a regularidade dessa audiência são factores que têm forçosamente de determinar a sua correcta avaliação. Considero ainda que a distância que separa este festival dos que são realizados nos dois grandes centros do país é muito menor do que a que se verifica entre o Jazz em Portugal, em termos gerais, e o Jazz europeu. Curiosamente, este pormenor parece não interessar a todos os que de facto actuam neste contexto. Assim sendo, a referência a Montreux só é admissível quando se pretende desvalorizar a concepção artística que presidiu às escolhas do Festival.

JD - Que relações tem de manter com a Câmara Municipal de Guimarães por exemplo ao nível de espectadores presentes por concerto?

IM - Como elemento da comissão organizadora do Festival, a qual integra representantes das duas instituições responsáveis pela realização do mesmo, mantenho as melhores relações de trabalho e de corresponsabilidade com os meus colegas.

JD - “Circense” podia ser termo aplicável a muita da música praticada no Festival de 2000? - comentários.

IM - Embora não tenha por hábito proceder a este tipo de classificações, admito que todo o género de realizações seja passível de se submeter a catalogações várias.

JD - Quanto custou o festival de 2000?

IM - Por não ter dados finais e por este assunto não ser da minha competência, não posso dar resposta a esta questão.

JD - Qual é a função, o objectivo do Festival de 2001?

IM - Como em todos os festivais realizados, o objectivo dos agentes que trabalham no terreno do Jazz em Portugal é promover, divulgar e desenvolver esta música e consolidar um público, por forma a que exista de facto uma massa crítica que permita o alargamento a todos os tipos de Jazz e música improvisada que se vêm criando actualmente.

JD - Com menos concertos e o mesmo dinheiro poderia obter maior qualidade de Jazz no Festival de 2001 e seguintes?

IM - Como já afirmei anteriormente, os processos de hierarquização e reconhecimento instituídos são apenas uma das várias preocupações que regem as escolhas para o Festival. Não me sinto vinculado a uma visão pré-definida de critérios de qualidade, estabelecidos por mecanismos a cuja validade não sou sensível, tanto mais quanto é notório que as análises apriorísticas do acto musical não deixam de afectar a disposição de quem assiste a um concerto e a avaliação que posteriormente fará do mesmo. Este tipo de contaminação, ou até de sobreposição de papéis, em minha opinião, interfere no acto crítico ao nível da sua fiabilidade. Considero que seria do maior interesse que se tivessem em conta alguns princípios éticos determinadores de toda a actividade crítica, eficazmente resumidos por Eduardo Cintra Torres, no primeiro capítulo da sua obra Ver Televisão, editora Celta.

JD - Quando defronta um músico ou grupo, cuja música lhe suscita dúvidas, risca ou arrisca?

IM - Arrisco!

JD - Jazz para si tem fronteiras? Se sim quais são? Se não queira justificar

IM - O jazz tem, sem dúvida, elementos que permitem diferenciá-lo de outros tipos musicais. No entanto, considero que o conjunto desses elementos deve ser visto quer numa perspectiva de relativismo histórico, já que é mutável de época para época, sem cristalizações ou paralisações, quer aliado à subjectividade dos indivíduos que o constroem ou que o apreciam enquanto processo criativo. Relativamente à minha atitude propriamente dita, não julgo de grande interesse e produtividade o estabelecimento das referidas “fronteiras”, uma vez que tal posição implicaria à partida estabelecer contornos mais ou menos fixos, redutores, limitativos. O jazz, como todas as outras manifestações artísticas, necessita de uma dinâmica que lhe permita uma contínua evolução no tempo. A criatividade, tomada no seu sentido mais puro, pressupõe sempre uma antevisão/antecipação crítica nas modelizações que constrói do mundo. A propósito, afirma George Steiner que nunca lhe pareceu «haver diferença entre a poesia, a filosofia, a música e as matemáticas. Como bom platónico, penso que todos os domínios se ligam».

JD - Seria lícito descortinar alguns sinais de pedantismo pelo exótico nas escolhas das Músicas para Guimarães desde que é o responsável pelos cartazes?

IM - pedante - adj. e s. 2 gén.; que ou aquele que alardeia de sábio ou censor dos outros; pretensioso; vaidoso no falar e na apresentação. (Do it. pedante, «id.») Depois de ter relembrado adequadamente o sentido preciso do adjectivo “pedante”, continuo a não ver grande relação entre o exotismo da escolha das músicas e uma atitude pedante, que, ao que parece, me é ludicamente atribuída com alguma frequência. Por mais inexplicáveis que se afigurem a alguns os critérios utilizados na concepção do programa de cada festival, devo assegurar que nunca se estruturaram em atitudes de sapiência exibicionista, censura demagógica ou vaidade manipuladora no falar e na apresentação. Tudo é lícito!?

JD - A escassez, unidade e unanimidade da crítica de jazz em Portugal merecem-lhe alguns comentários?

IM - Retomando George Steiner, «a experiência autêntica da compreensão, quando um outro ser humano ou um poema nos falam, é uma resposta responsável (...). Somos responsáveis perante o texto, a obra de arte, a oferenda musical num sentido muito particular, que é ao mesmo tempo moral, espiritual e psicológico»; «ser-se “investido” pela música, a arte, a literatura, ser-se tornado responsável por uma habitação assim do mesmo modo que um anfitrião o é perante o seu convidado - talvez desconhecido, inesperado - é fazer-se a experiência do mistério banal de uma presença real». Acrescenta Kamin Jahanbegloo: «a nossa época tem medo de um tal mistério. Recusa todo o acesso à obra primeira, com medo de ver a sua vida modificada por ela. É a tirania do quotidiano que leva a melhor sobre o amor do eterno.» Citando Rilke - «as obras de arte são sempre o resultado de um perigo enfrentado, de uma experiência levada até ao fim, até onde não é possível a ninguém ir mais longe. Quanto mais longe se vai, mais o vivido se torna singular, pessoal, único, e a obra de arte é afinal a expressão necessária, irreprimível, tão definitiva quanto possível, dessa singularidade» -, o autor defende que «a “singularidade de que Rilke fala deve ser também a da crítica no seu trabalho de compreensão da obra. Talvez devamos também interrogarmo-nos: porquê a crítica, porquê esse exercício?» Afinal, como sugere Steiner, «a crítica (...) é uma dívida de amor». Em meu entender, a actividade crítica só pode existir como uma continuidade de um abstracto e global “gosto” pela música... é através deste sentimento íntegro que se permite o exercício crítico perante manifestações específicas da criação musical. Na verdade, sinto algumas dificuldades em me pronunciar sobre a escassez, unidade e unanimidade da crítica de jazz em Portugal, pelo facto de questionar a existência mesma dessa crítica...

JD - O incrivel violoncelista que actuou a solo no Guimarães 2000 pode ser apreciado como jazzman?

IM - Ernst Reijseger integrou alguns importantes agrupamentos do contexto do jazz, como a ICP Orchestra e o Clusone Trio, e participou em diversas experiências com o baterista Gerry Hemingway, Louis Sclavis, entre outros. Por aqui, julgo que não se pode questionar a existência, por parte deste músico, de um trajecto claramente orientado para o jazz. Como sabemos, muitos dos mais reconhecidos músicos holandeses desenvolvem a sua actividade explorando aspectos lúdicos de carácter mais ou menos “jocoso”, fazendo da construção pantomímica uma das suas características mais originais. É nesta perspectiva que deverá ser analisado o enquadramento deste músico no programa do Guimarães Jazz 2000.

JD - Dado que não aufere ganhos monetários com a co-organização dos Festivais de Braga e Guimarães e Porto-Jazz 2001 a que se deve essa sua 'religiosa' atitude?

IM -  Não é totalmente verdade que não aufira qualquer ganho monetário. O que pode ser questionado são os valores em causa. Para mim, estes são justos, sensatos e suficientes para que a minha forma de estar no jazz não seja confundida com qualquer tipo de atitude mais ou menos apostólica.

JD - Está convencido que as suas escolhas têm contribuido para o esclarecimento do público para um melhor conhecimento do jazz?

IM - Pelo pouco distanciamento que sinto relativamente ao programa e pela subjectividade que obrigatoriamente condiciona a minha apreciação do mesmo, julgo que seria prematuro e até de alguma arrogância proceder a este tipo de análise. Não obstante, seria extremamente gratificante que a programação do Guimarães Jazz pudesse de alguma forma alargar os contactos e os gostos do público, num processo natural e espontâneo de interacção, sem manipulações ou interferências de pretensos “opinion makers”.

JD - É um objectivo dos Festivais de Guimarães pertencer à elite dos Festivais europeus que passam Música semelhante?

IM - Não. Uma das características mais interessantes do Guimarães Jazz é a capacidade de programar e organizar um festival sem recorrer a qualquer tipo de compra de prestação de serviços fora do âmbito da comissão organizadora: Câmara Municipal de Guimarães e Convívio - Associação Cultural e Recreativa. Neste sentido, somos um festival totalmente independente e autónomo, situação única no país. Face à atitude de voluntariado subjacente a este processo, é natural que um grupo de festivais europeus, liderados por uma associação francesa de festivais de jazz (AFIJMA), tenha mostrado interesse pela forma organizativa adoptada pelo Guimarães Jazz. Em consequência, fomos convidados a participar em alguns encontros de trabalho, o que vem ao encontro de uma atitude de abertura, da nossa parte, a todos os eventuais contactos internacionais.

JD - A sua definição do chamado 'branqueamento' do jazz. Ligações com os Festivais de Guimarães.

IM - O “branqueamento” do jazz é uma classificação do tipo compulsivo que se apresenta como uma abstracção útil de carácter semântico e pragmático. Compete ao seu utilizador fundamentar o valor e o uso da expressão, tantas vezes recorrente nos discursos a-propósito. Como não recorro a este tipo de abstracção linguística, não consigo estabelecer potenciais , ou sequer ilusórias, ligações com o Guimarães Jazz.

JD - Tem conhecimentos da História do jazz da primeira metade do Século 20?

IM - Eu sinto que tenho conhecimentos gerais sobre toda a História, neste caso, da primeira metade do século XX. «Hoje ninguém pode pretender dominar por completo a parcela sequer de uma especialidade. A fragmentação dos conhecimentos humanos tornou-se horrível. Todos os meses, os americanos publicam através da Biblioteca do Congresso uma nova lista de todas as revistas técnicas. Ora, cada técnica engendra umas quatro revistas em seis anos. O que significa que qualquer técnica se especializa tanto mais quanto mais se afasta do tronco comum.» Reconheço que tenho sido, desde sempre, um autodidacta, única fórmula de aprendizagem na qual me sinto razoavelmente livre. Por incúria e excesso de atenção, sou incapaz de me especializar no que quer que seja. Pelo facto, apresento as minhas desculpas!

JD - Qual a sua opinião sobre o Festival do CAMACARTE 2000?

IM - A minha opinião é muito boa.

JD - Qual a sua opinião sobre as declaradas preferências jazz da série dos Festivais Estoril Jazz?

IM - A minha opinião é muito boa.

JD - Considera 'swing' elemento essencial na estética do jazz moderno (desde os anos 60)?

IM - O que é o “swing”? O que é ter certezas sobre o “swing”? O que é contradizer o “swing”? O que é passar pelo “swing” e não o conhecer? Quantos “swings” há no mundo civilizado? Estas são algumas das questões que me fazem pensar cada vez mais que o “swing”, a existir, está muito mais fora das pessoas do que dentro delas, de onde resulta que o acto de sentir o “swing” é pessoal, intransmissível e único. O que mais me fascina nas pessoas que procuram o “swing” como “a arca da aliança perdida” do jazz é o processo renovador das suas ansiedades, numa busca de um novo “Bird” profético (com ou sem “swing”); perscruto-o como um processo canalizador de energias para que, à falta de melhor, o encontro com um novo messias do jazz ou de um “swing” omnipresente se faça no meio das ideias feitas/audiovisuais.

JD - Os Festivais de Guimarães deixam a crítica ora deslumbrada ora decepcionada, manifestando-se neste caso de maneira e com vocabulário que parece não o incomodar. A imprensa escrita alguma vez irá escolher / sugerir os cartazes para Guimarães?

IM - Tenderá a escolher e a sugerir quando e se não se deixar deslumbrar. Embora o deslumbramento seja um estado de aprofundamento e não de superficialidade, preferiria que todos nós fôssemos capazes de viver os acontecimentos de Guimarães num regime de compreensão intencional, porque não se pode despojar «ninguém do conhecimento que traz dentro de si num mundo onde reinam a censura e a opressão, o ruído, o exílio numa condição humana reduzida à segurança material esvaziada de toda a interioridade».

JD - Os Guimarães Jazz têm informado, educado a crítica portuguesa, tal como o fez o CAMACARTE 2000 ou um concerto ali em Loulé ou acolá no Porto, até no Seixal?

IM - Por muitas das razões atrás referidas, o Guimarães Jazz não pode ter pretensões de educar quem quer que seja. Eventualmente, poder-se-á pôr a hipótese de se apresentarem nos seus programas algumas informações úteis sobre projectos musicais e seus autores, os quais, posteriormente, têm confirmado, num âmbito mais alargado, as suas qualidades artísticas. As programações do Guimarães Jazz devem ser consideradas como um modelo, possível entre muitos outros. Sem querer entrar em considerações autocongratulatórias e, menos ainda, sem pretender impor ou ao menos sugerir nada a ninguém, consideramos este modelo funcional e capaz de gerar processos de aliciamento e adesão, que, sem dúvida, sentimos como comprovações da validade/transmissibilidade das nossas ideias. Neste caso, o tempo será o mecanismo julgador mais eficiente... e, a propósito, já vi a História pregar grandes partidas a muitos juízos prematuros.

JD -Gosta mais de rasgar ou de machucar?

IM - Rasgar!


 
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