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Ruben Alves
30-08-2002 00:00
 
Começou pela dita erudita clássica' Sim, comecei pela música clássica. A minha mãe estudava piano clássico e eu já ouvia acordes de Chopin ainda na barriga da sua gravidez. Assim, o piano em casa funcionou como brinquedo até aos oito anos, altura em que comecei com lições na Academia de Música de Santa Cecília. E foi no Instituto Gregoriano que terminei o curso de piano com a professora Fátima Fraga. Pararelamente sempre me interessei pelo jazz, pela liberdade e espontaneadade que esta música representa comparativamente à música erudita. No âmbito do jazz, desenvolvi estudos com Mário Laginha e João Paulo Esteves da Silva, assim como um estágio de três meses em Barcelona na L'Aula - Berklee College of Music. Ler e improvisar com swing são as principais características que distinguem a Música precisa (Bernstein dixit) do jazz? Muitas vezes me considero um pianista das duas escolas, e no fundo não sei distingui-las. Sei que por vezes o Jazz pode ser música precisa e por outro lado o clássico também pode ser improvisado. Qual é o seu repertório principal? Toco aquilo que gosto (quase sempre), ou seja, composições minhas. A composição para mim é o estado humano de maior realização possível. E tocar essas representações assume um papel muito honesto e credível. Neste caso, a interpretação é sempre desculpável... É preciso ser norte-americano e negro para ser um bom músico para 'blues'? Talvez, não sei... Assim como é necessário ser-se português para tocar o fado. Hoje em dia as raízes são globais, e às vezes sinto-me africano, americano, asiático, sei lá. Tatum ou Horowitz? Conheço pouco a obra de ambos. Pouco suficiente para não conseguir comentar. As minhas influências são recentes, vale a pena referir, que quando comecei a ouvir e a gostar de Jazz, Miles Davis já tinha morrido... Como surgiu a dupla com o percussionista Pedro Carneiro? Esta dulpa teve a sua génese, curiosamente, na Internet. Conheci-o através da sua página e convidei-o para ingressar no meu quinteto. Mais tarde convidou-me para gravar um tema meu no seu disco, e assim começou tudo. Já fizemos o primeiro concerto no Hot Club, esperamos por mais concertos e talvez um disco. O jazz é a sua Música preferida? Não, não é... Quem são os melhores pianistas de jazz? Prefiro catalogar os músicos em dois grupos: a música precisa e a música improvisada. Na música precisa gosto de Gismonti, e na música improvisada gosto de Jarrett. Mas no entanto tenho aprendido a descobrir o Zawinul, Michail Alperin, etc. Ligar um teclado à electricidade traz vantagens estéticas? Sim, às vezes, se bem que prefiro o som acústico dos instrumentos. Mas não há nada como um bom som sintetizado que não tente imitar nada, um timbre novo e original. A que atribui a sua ausência nos palcos dos Festivais portugueses de jazz? Tenho vinte e cinco anos. Ainda tenho muitos palcos para tocar ao longo da vida. Não anseio por uma carreira curta. A cena portuguesa de jazz tem vindo a transformar-se? A grande diferença baseia-se fundamentalmente em mais locais para tocar, e também nas representações credíveis por artistas nacionais na cena europeia. Estamos quase na era do estilo Jazz - Português em que abordamos o jazz numa versão mais mestiça. O piano é um instrumento antigo. Sem futuro no jazz? O piano é antigo e isso só lhe trás perspectivas de futuro. Parte dos instrumentistas reinventarem a forma de tocar piano no Jazz. Cole Porter não seria um músico de jazz?... Não sei... Queira comentar a obra de Monk como instrumentista Era exactamente disso que eu falava antes, foi um grande reinventor da forma de tocar piano no Jazz. Não há que ter medo de se ser ousado e original . Um pianista pode ser canhoto? Sim, até convém. Estamos muito habituados ao fraseado da mão direita que se esquece que os pianistas, como todas as pessoas normais, têm duas mãos. Qual a formação ideal para a sua Música? Porquê? Sinto-me muito confortável a tocar com uma boa secção rítmica, de resto já experimentei quase de tudo e ainda não descobri o instrumento com alma gémea. Talvez uma voz, quem sabe... Os euros que ganha como músico de jazz chegam-lhe para viver? bem? Não, ainda não, tenho recorrer a outros trabalhos, mas graças a Deus vivo bem. Toca muito no estrangeiro? Com quem? Algumas vezes. Toquei no Festival de Jazz de Avignon, com o meu quinteto; em Itália com a Filipa Pais. Ainda este ano visitarei o Brasil com os Ficções, e as Filipinas com a Isabel Silvestre. Já tocou no clube 'B Flat'? Não. Mas já toquei em Matosinhos, no festival de Jazz. A sua discografia Clara Madrugada, com Ricardo Rocha na guitarra portuguesa e Nána Sousa Dias no Saxofone. A Paixão, Ruben Alves interpreta Rui Veloso. E estou prestes a gravar outro disco, quem estiver interessado em editar, que me contacte... Que jazz se aprende numa Escola de Música? O Jazz é apenas a forma como se aplica os conceitos apreendidos por um aluno, todos os acordes, escalas e ritmos podem ser aprendidos numa escola de música. Falta é a prática, que infelizmente, tem de ser aprendida nos bares. Sua opinião sobre a obra de Cecil Taylor Desconheço. e do Telectu? Sei que são do Porto, e tocam música eletrónica. Gostava de os ouvir um dia...

José Duarte
 
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