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Zé Eduardo entrevista Eddy Silva
17-07-2002 00:00
 
Zé Eduardo entrevista Eddy Silva Diga-me...esse aspecto super-careta e a música que faz não estão um bocadinho desfazados desta época? Olhe que não... olhe que não! Isto vende. Ao contrário do que ouvi feito por você (que é uma cacofonia total) eu toco Djézz. O Djézz é só um. Vocês não sabem o que isso é porque são europeus (não publique isto, ok?). Ou o copiam (mal) ou fazem essas coisas que ninguém entende. Bem... o entrevistado é você, não eu. Responda-me e nada mais, ok? Eu toco música Afro-Americana, tal como aprendi desde muito jovem na minha aldeia natal. Consta que nasceu no Canadá, filho de emigrantes portugueses... Não vejo bem como é que o Jazz apareceu na sua vida. Provavelmente os seus pais ouviam Marco Paulo e não Charlie Parker? Claro que ouviam Marco Paulo (depois dessa vossa revolução) antes ouviamos o Trio Odemira e os Três de Portugal. Mas foi na escola da aldeia que aprendi o verdadeiro espírito do Djézz. ??? Foi o padre que, além de ser pedófilo, ouvia Jazz e me deu a ouvir Bud Powell e Monk. É que sentia um carinho muito especial por mim. Não me diga que... Que o quê? Eu toco Djézz, você não toca Djézz. Essa é a questão. A minha música tem swingue, a sua... nem você a percebe, quanto mais o público e muito menos os críticos... Quer dizer que os críticos... Os críticos deste país não os conheço mas suponho que serão como todos os outros: músicos frustados (não publique isto, ok?). Não conseguem tocar o Djézz. Ponto. Olhe que o que está a dizer é muito forte... eles podem-no tomar de ponta e asseguro-lhe não fará carreira em Portugal... Isso é que era bom!!! O meu público são os verdadeiros amantes do Djézz. Desde os srs. Doutores, Engenheiros e Arquitectos até aos estrangeiros que vivem no Algarve (onde me encontro actualmente) percebem e identificam-se com o Djézz que faço. Quer saber uma coisa? - veja lá a quantidade de discos que a minha amiga Diana Krall vende. Isso diz tudo. Você e os seus amigos só se safam com o dinheiro dos subsídios. Eu não. Eu tenho valor comercial. Na América não há subsídios, ou te safas ou tás lixado. Você está-me a dizer que o público de Jazz é apenas essa faixa social? O resto são uma cambada de snifadores...como disse recentemente um político vosso... snifadores de subsídios. Uns drógados. Não seja tão radical Eddy. Há aqui público para tudo. Pode haver, mas o que você e os seus amigos fazem é enganar as pessoas com essa... essa... barulheira inaudível. Oiça: Não existem acordes, daqueles bonitos, do verdadeiro Djézz. Sim... como fazia o Jobim, grande amigo meu por sinal. As melodias que vocês fazem não ficam no ouvido porque simplesmente não são melodias... he he. Calma aí Eddy! Você está-se a passar. Há gente - embora pouca - que reconhece o trabalho que eu - e poucos outros, é certo - estamos a fazer. O seu Jazz (ou lá como você diz... 'Djézz') está datado e não faz mais do que repetir chavões... Eu sou um criador. Tento inovar. Ah ah ah... um criador! Chama a isso criação? A sua música não tem pés nem cabeça. Vá tocá-la para o meu público - o de verdadeiro Djézz - e verá que nunca mais o chamam. Embora me custe tenho que admitir que você - em parte - tem razão. Não tenho 'gigs', não me chamam para nenhum Festival...embora vá fazer 7 anos que regressei a esta terra... Você, embora tenha chegado à pouco tempo, está cheio deles. Pois é. Eu toco Djézz, o verdadeiro. Isso vende, ok?. Olhe: na América o dinheiro comanda tudo, percebe?. Se o seu nome não tem valor comercial tá lixado, entendido? Ou quer que lhe escreva? Você é muito agressivo. Vá para a América e já vai ver que nem dinheiro tem para arranjar um quarto. A tocar essa treta que você toca...he he he. Tou a vê-lo 'homeless' debaixo de uma ponte em Brooklin. Olhe: leve o contrabaixo que pode servir de combustível para a fogueira. O Inverno é duro. Ah ah ah... Está a exagerar outra vez, Eddy. E a gente da 'loft generation', os velhos homens do 'free', a Knitting... Knitting o quê? Isso é uma cambada de snifadores convencidos que tocam Djézz. Estão todos loucos. Deviam ir para Israel, defender a pátria... he he... Sabe que mais? Isto é uma terra de saloios (não publique isto, ok!). Gajos como você conheci eu no Canadá a entregarem 'pizzas'. Todos diziam que tocavam 'música criativa'. Temos o direito de existir, não? O meu querido público, que são os verdadeiros conhecedores do Djézz, Engenheiros, Arquitectos, Doutoures e outros (enfim, os intelectuais deste país com poder de compra) não pensa dessa maneira. Eles adoram-me. Eu faço a música que eles querem ouvir e já está. Ponto final. Business... business... Sabe, por acaso o que isso quer dizer? Você está muito seguro de si... olhe que isto está a dar uma volta e, qualquer dia...sim, qualquer dia... nem esse seu público tem dinheiro para ir escutá-lo a si e ao seu maravilhoso trio na companhia das suas amantes e dos seus belos carros (que entretanto já foram confiscados pelo Tribunal por letras em atraso)... meu amigo: você não sabe onde se veio meter! Está enganado. Este país está no rumo certo. Tenho conhecimentos ao mais alto nível. Vamos ser a vanguarda da Europa. Eu ficarei ainda mais rico e famoso e você apodrecerá por aí com a sua música. A ver vamos. Olhe: se quiser um lugarzinho na minha banda (terá 1 'gig' de dois em dois anos) mas ainda poderá fazer 'algum'. Diga lá se não sou um gajo porreiro? Você é um interesseiro. Como todos os portugueses (não publique isto,ok!) só se mexe se tem algo em vista. Bem Eddy, isto não fica por aqui, mas, por hoje vamos ter que terminar. Qualquer dia telefono-lhe, ok? Você sabe os números dos meus 5 telemóveis de 5ª geração? :- (

Zé Eduardo
 
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