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Bruno Santos disse...
17-06-2006 00:00
 

Bruno Santos disse...

 

José Duarte - conhece guitarristas de blues como Big Bill Broonzy, Big Joe Williams e outros dos mais antigos?

 

Bruno Santos - conheço poucos. Esses, concretamente, não conheço.

 

JD - conhece Jimi Hendrix a tocar blues?

 

BS - conheço, tenho 1 ou 2 discos com Jimi Hendrix a tocar blues.

 

JD - nas escolas portuguesas de jazz (e nas lá de fora) a maioria dos alunos escolhe guitarra como instrumento para estudar e praticar

porque será?

  

BS - penso que uma das razões será económica, a guitarra é um instrumento relativamente acessível comparativamente ao piano. Quem  não tem uma guitarra em casa? Depois muitos dos guitarristas de jazz passaram antes pelo pop ou rock e sem dúvida que a guitarra é o instrumento do pop/rock. Estas são algumas das explicações que me parecem óbivas e exisitirão outras certamente.

 

JD - se o piano foi o instrumento do século XIX terá sido a guitarra a do século XX? ou foi a trompete ou o saxofone?

 

BS - penso que o sax e trompete foram os instrumentos do séc. XX. A guitarra, no entanto, ganhou um espaço importante.

 

JD - pratica guitarra acústica?

 

BS - guitarra acústica no sentido clássico não. Toco guitarra acústica, de vez em quando, até porque tudo começou na acústica com a bossa nova.

 

JD -  tem uma discografia já longa

quantos cds?

  

BS - tenho 1 cd com o meu 4to e gravo a daqui a 2 semanas outro com o meu trio. Neste momento, além do meu 4to, participei em 6 discos.

 

JD - com quem tem gravado mais?

  

BS - tem sido variado. Gravei com projectos diferentes embora haja alguns músicos repetidos. Filipe Melo trio "Debut", "Joana Rios sings Ella Fitzgerald", Marta Hugon "Tender Trap", Hugo Alves "Estranha Natureza", Paula Oliveira e Bernardo Moreira "Lisboa que adormece" e Laurent Filipe "Ode to Chet".

 

JD - a oferta de emprego para um guitarrista jazz em Portugal dá para viver? bem?

 

BS - dá para viver, até agora tem dado! Bem, depende do ponto de vista. Se me pergunta se vivo bem comigo, em relação ao facto de fazer aquilo que gosto, digo que sim. Economicamente, há meses bons e meses maus.

 

JD - que idade tem? na sua vida de jovem músico notou transformação na cena do jazz em Portugal?

 

BS - 30. Notei, em poucos anos que as coisas mudaram. Para isso muito contribuiu o facto de os projectos poderem ser gravados e vir cá para fora. A motivação, rigor e profissionalismo subiram. Isto, obviamente sem por em causa o que se fazia há mais anos. Só posso falar dos últimos 8/10 anos.

 

JD - trabalha mais em clubes ou em Festivais / Concertos?

  

BS - é relativamente equilibrado. Há poucos anos atrás diria mais clubes, agora e depois de ter participado em projectos mais sólidos e com discos a coisa equilibrou

 

JD - acha que o jazz 'ao vivo' em Portugal prefere músicos estrangeiros?

 

BS - acho que sim, mas não tenho uma opinião definitiva sobre isso

 

JD - porque será?

 

BS - não sei. Talvez quem contrate ande desatento. Há muito boa música em Portugal. Acho que as coisas têem de ser equilibradas. Não sou um defensor da música portuguesa só por ser portuguesa. Defendo-a porque há boa música, mas também é bom termos gente de fora a tocar.

 

JD - há quem diga que um bom músico estrangeiro de jazz tem 'cachet' muitas vezes inferior ao dos portugueses

qual é a sua opinião?

  

BS - acho que isso não é verdade, mas também não tenho grandes conhecimentos para falar sobre isso. Mas isso cheira a desculpa para justificar alguma coisa, não sei!

 

JD - músicos que o influenciaram

 

BS - muitos, muitos. Guitarristas, poucos: Wes Montgomery, Jim Hall, Peter Bernstein, Kurt Rosenwinkel.

Outros: Coltrane, Miles Davis, Herbie Hancock, Wynton Kelly, Freddie Hubbard, Bill Evans, Joe Henderson e muitos outros.

 

JD - qual a sua opinião sobre as recentes 'licenciaturas' em jazz?

  

BS - acho bom. Talvez seja o caminho para dar uma ar mais "sério" a uma música que tem sido esquecida

 

JD - então e os melhores e mais velhos?

  

BS - todos contam. A música é para os melhores, independentemente da idade, de ser ou não licenciado, etc.

 

JD - e a constituição do juri que os licenciou?

 

BS - não tenho opinião sobre isso por falta de conhecimento.

 

JD - seu reportório inclui muitos temas por si compostos?

 

BS - sIm. Os meus projectos são compostos por originais. Há uma ou outra excepção, principalmente nos concertos.

 

JD - acha que improvisação e swing definem uma peça como uma peça de  jazz?

 

BS - sim, sendo que a palavra swing tem de ter um conceito bastante alargado.

 

JD - sua opinião sobre o nível jazz dos guitarristas portugueses que a jazz se dedicam

 

BS - grande nível. Já ouvi muitos guitarristas e claramente temos grandes guitarristas cá. É sem dúvida o instrumento com mais gente a tocar bem.

 

JD - o Mestre dos Mestres na História da guitarra jazz - Hall, Montgomery, Christian?

 

BS - resposta díficl. A escolher um: Montgomery

 

JD - é confortável tocar sentado? traz vantagens?

 

BS - é confortável, menos cansativo. Traz vantagens para quem, como eu, não está habituado a tocar de pé.

 

JD - decora solos 'improvisados'?

 

BS - não.

 

JD - quantas e quais guitarras possui? e o outro equipamento necessário qual é?

 

BS - tenho uma Ibañez George Benson e uma Washburn J-6. Tenho um amplificador Polytone Megabrute e um processdor de efeitos da Lexicon. Para mim já chega!

 

JD - qual o seu guitarrista rock preferido? Page?

 

BS - Page é um dos preferidos. Mas provavelmente Jimi Hendrix.

 

JD - são obrigatórios standards no reportório de qualque jazzman que se preze - quais para si os  melhores para sobre eles improvisar?

 

BS - falando no aspecto de improvisação, aqueles que tenham umas "voltinhas" diferentes das usuais, ou pelo menos que misturem as 2 coisas. Se for pela melodia, há muitos que dão especial gozo tocar.

 

JD - dizem que Freddie Greene (guitarrista na orquestra de Basie) nunca errou um acorde e que foi o 'motor' da secção rítmica do swing da secção rítmica! sua opinião

 

BS - o que ele fez na orquestra de Basie é notável. COnfesso que não é um guitarrsta que tenha ouvido muito , até porque o papel da guitarra nesse caso era puramente rítmico. Mas sem dúvida que Freddie Greene é o toque de classe na orquestra.

 

JD - e os guitarristas mais próximos: Frisell, Scofield, McLaughlin, ouve-os, aprendeu com eles algo?

 

BS - ouço e aprendi a ouvir. Nunca me debrucei muito sobre eles mas ouvi  e aprendi assim. Ouvi Scofield e algum  Frisell.

 

JD - e Sharrock ou Ulmer?

  

BS - não ouvi.

 

JD - qual das aprendizagens considera prioritária - a académica ou a de performance?

 

BS - as 2. No entanto depende da opção de carreira. Um perfomer tem de ter como prioridade a performance, um académico a académica.

 

JD - o seu melhor solo está gravado? qual é?

 

BS - acho que não há nenhum solo que eu considere um grande solo. Dos gravados há 1 ou outro que não sairam mal.

 

JD - para Presidente do país das guitarras votaria Nuno Ferreira ou Mário Delgado? porquê? concorreria à presidência?

  

BS - votaria em branco e assim seria politicamente correcto. Aprendi muito com os 2 e acho que qualquer 1 deles seria um bom presidente. Não concorreria à presidência.

 

JD - swing aprende-se?

 

BS - talvez, tenho as minhas dúvidas. Trabalha-se e desenvolve-se. Aprender não sei.

 

 

18 junho 06


José Duarte
 
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