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Carmen Souza voz de Cabo Verde nascida em Lisboa
05-02-2020 00:00
 

José Duarte – a Música que cria é africana?

 

Carmen Souza – Sim claro... a minha Música bebe de várias raízes africanas, da minha raiz cabo verdiana e da raiz do jazz 

 

JD – porque será que o jazz não é popular em África sendo jazz ‘filho’ escravo da África da costa atlântica?

 

CS – Eu acho ate que cada vez mais o Jazz e muito reconhecido no continente africano, existem inumeros festivais de Jazz espalhados pelo continente africano. O mercado africano e um mercado muito proprio e autonomo que vive por si proprio, existe uma quantidade imensa de musicos e artistas africanos que alimentam o mercado africano. E sei que existe algum mercado por exemplo na Africa do Sul. O jazz nao e hoje em dia um mercado popular e de massas, e como tal nao existe uma expressao tao forte como a musica popular. Continua a faltar formacao e educacao nas radios, tv jornais, etc.

 

JD – no seu repertório há standards n-americanos? poucos arrisco porquê?

 

CS  - existem standards norte americanos sim, pelo contrario acho que eu e o Theo fazemos um bom balanco dos standards versus os nossos originais. Eu e o Theo somos compositores e como tal queremos sempre expressar e divulgar a nossa propria voz como musicos, porque essa e a nossa missao diaria de vivencia e experiencia com a nossa musica e de investimento pessoal. E acho que essa e a obrigacao de um artista de entregar ao publico algo genuinamente dele.

 

JD – a Língua e a Música em Cabo Verde é uma só? tem influências dos países vizinhos ou dos europeus de oeste?

 

CS – Alingua em Cabo verde e muito musical, devido as suas influencias da lingua portuguesa e a lingua "africana", a lingua tem variantes de ilha para ilha que a tornam muito interessante para quem escreve e conta historias. Mas sem duvida que existem influencias de outras culturas no crioulo.

 

JD – conheci Cesária Évora fui com Ela a Berlim ‘Womex 93’ foi minha convidada num programa da RTP ‘Outras Músicas’ de 1990 a 93 que organizei e apresentei mas não cantou porque não quis e sempre me soou não sei se a Bessie Smith se a Billie Holiday melhor às duas… as vozes ‘feias’ são as melhores desde Satchmo toda a afirmação tem uma exceção… aqui Sinatra… que pensa da obra de Cesária?

 

CS – Depende do que se consideram ser vozes feias, existem vozes sim que nos fazem pensar, e fazem nos voar e entrar dentro da interpretacao e sentir a expressao profunda da historia do cantor ou cantora, falo de Billie Holiday. Muitas das suas criticas negativas falavam das notas curtas com pouco sustain, da voz rouca pouco lapidada. Eu acredito tanto a Billie, como a Nina Simone, ou Satchmo, como a Cesaria Evora tinham vozes unicas e que estavam muito a frente do seu tempo. Musicos como Thelonius Monk, ou ate mesmo Horace Silver tiveram criticas duras devido a forma unica com que tocavam, mas eu acho que e isso mesmo que hoje em dia falta um pouco na arte e na musica em geral, autenticidade e "paciencia" para criar algo unico e proprio, e as vezes nao tao produzido ou polido.

 

JD – quem são hoje as ‘stars’ da Música cantada de Cabo Verde? e os/as da Música instrumental?

 

CS – As stars sao ou podem ser todas as pessoas que representam a musica de Cabo Verde com dignidade e com respeito em relacao, a musica, arte e mensagem.

 

 

JD – os n-americanos chamavam-lhe Horace Silver na realidade era Horácio Tavares Silva compositor e pianista na História do jazz foi justamente popular pela sua obra composta e improvisada durou 86 nos USA filho de um cabo-verdiano e seu CD ‘The Silver Messengers’ tem 11 temas por ele compostos nos quais você Carmen atinge as ***** na ‘Song for my father’… disse tudo… mas será Horácia conhecido na Praia a capital das ilhas?

 

CS – Sao 8 Temas do Horace Silver que temos no album Silver Messengers, um tema de Moacir Santos chamado "Kathy" que ele tocou no seu album "in pursuit of the 27th Man" e dois temas que eu e o Theo compusemos que se chamam Lady Musika, que era a maneira como ele se referia a sua musica, e Silver Blues que fala da sua musica unica e da dedicacao com que se entregou a sua missao "Musica" e dedicamos ao homem e a obra que ele deixou. Hoje em dia ja existe mais conhecimento e divulgacao do seu trabalho nas ilhas cabo verdianas, mas deveria haver mais accoes de reconhecimento do seu trabalho. 

 

JD – e Travadinha? um herói nacional na Música… nas ilhas de Cabo Verde todo o povo dança… é da Música… enfim sem respeito nenhum pelas diferenças Cabo Verde é um Brasil pequenino… verdade ou mentira?

 

CS – Sim pode se chamar isso, sim ja Cesaria dizia Sao Vicente e um brazilim. Travadinha faz parte das minhas memorias de infancia, tardes passadas a ouvir a sua musica e as suas mazurkas. Outro musico a quem se deve muito respeito e reconhecimento.

 

  

JD – quantos CDs tem gravados? 8? é uma Artista popular? em Cabo Verde e…?

 

CS – sao 9 cds ate a data. Depende dos circuitos, mas muita gente ja conhece o trabalho e natural que com 9 discos e tournees mundiais exista esse reconhecimento.

 

  

JD – conhece a discografia de Maria João filha de africana? e de Diana Krall e Betty Carter?

e de Sinatra?

 

CS – Sim.

 

JD – scat e uma técnica uma expressão necessária? porquê?

 

CS – O scat e uma forma de usar a voz sem palavras, por vezes da mais liberdade ha melodia e ao ritmo.

 

JD – tem cantado para audiências onde a maioria é branca? no Hot Clube Lisboa ouvi dizer…  e de qual Carmen gosta mais seu público? em qual das 3 línguas que canta? de si? do repertório africano? ou de quê?

 

CS – Eu nao faco distincao nenhuma do meu publico, gosto de publico que esteja la para ouvir. Canto nas varias linguas, desde crioulo, ingles, portugues etc.

 

JD – conhece Artistas da Música do Brasil? não me refiro à com ‘influência do jazz’ (samba de Carlos Lyra) ou bossa nova mas à antiga à do povo negro, à dos morros, enfim à verdadeira à que não passa de moda a com forte influência africana… exemplos: Pixinguinha ou Clementina de Jesus ou Nelson do cavaquinho

 

CS – Conheco e canto Edu Lobo, Moacir Santos e conheco a musica de Pixinguinha.

 

JD – dê a conhecer quem é o cbaixista e a quem dedicou seu CD em duo com Theo? em cbaixo e as organizações citadas por escrita na capa deste 2011 (?) CD de Música afro-negra e muitos Parabéns pela Vossa atitude  

 

CS – O Theo e o meu mentor e quem me introduziu ha musica quando eu tinha 18 anos. Foi ele que me ensinou a fazer musica, ele e o meu produtor e compositor desde entao. A nossa filosofia desde o inicio e sempre servir a musica ter sempre muito respeito por aquilo que fazemos e desenvolvemos e o nosso ideal e criar um som unico conjunto e esta visao mantem se durante estes 18 anos, sempre natural e espontanea. 50 % das vendas do album em duo reverteu a favor da Associacao Abraco para o projecto " Casa Ser Crianca", e a SOS Children Village in Brazil. Estas duas associacoes tem estes projectos que ajudam criancas orfas e criancas que vem de backgrounds e de familias disfuncionais e providenciam as condicoes para elas terem acesso a educacao, seguranca e promovem um ambiente onde a crianca pode ser crianca. Sendo que a Sos Children Village no Brazil promove a infancia sem racismo.

 

JD – conhece Luciana Souza (outro z) brasileira que aplica sua voz em jazz mas também às Músicas de outras origens? é aceita nos USA jazz e já com Ela conversei aqui… já a ouviu? sua opinião é…

 

CS – Ja ouvi sim, gosto do seu trabalho mas confesso que nao tenho seguido a fundo a sua carreira.

 

JD – agradeço eu e a UA ‘Universidade de Aveiro’ deste site - onde reside meu acervo futuro espólio jazz  - a si CS que a ouverei para lhe dar palmas mas com a esquerda na direita experimente Carmen Sousa sorry Souza

 


 
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