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Zé Soares
17-11-2004 00:00
 
porquê a guitarra? com som amplificado? Desde a adolescência que comecei com a guitarra, não sei bem porquê, mas penso que teve muita importância a ajuda de um amigo guitarrista - o Zé Vadinho - que eu já admirava na altura e fez com eu me interessasse mais pela descoberta da música e a guitarra veio a seguir. Também por ser bastante portátil e mais em conta. A minha primeira guitarra era uma clássica e custou 800$00. A questão do som amplificado para mim não é um problema e posso responder-lhe com uma pergunta: porque não? porquê o jazz e não a Música comercial? O jazz apareceu um pouco mais tarde na minha vida, pois quando comecei, em pleno baixo Alentejo aquilo que havia era os bailaricos - benditos sejam - e era a musica que se ouvia e se tocava - a comercial -. Foi aqui que fui descobrindo o gosto pela improvisação e consequentemente o jazz começou a aparecer das mais variadas fontes. Vamos sempre encontrando pessoas que nos dizem: “tenho um disco que vais gostar“ e foi assim que comecei a ouvir alguns discos de jazz... porquê vosso CD «Periférico» produzido e distribuído pelos próprios músicos? A produção e distribuição do disco por conta própria teve a ver com o facto de muito simplesmente nenhuma editora das várias que contactámos em Portugal e algumas estrangeiras se terem interessado de facto pelo trabalho. porque se chama «Perférico» o vosso CD? O nome do disco tem a ver com o facto de na minha opinião, apontar vários caminhos em direcção ao jazz e á música improvisada ou seja a uma certa liberdade de expressão, sem pretensão de definir seja o que for. porque é que vosso grupo se chama "Politonia"? Politonia tem a ver tirar partido duma “poli” sensibilidade de cada interveniente no processo, daquilo que cada um tem de melhor ou pior e tentar fazer uma coisa que tenha a ver com aquilo que nós somos com os outros e para os outros. Penso que a música tem de ser uma arte global que envolve tudo o que nos rodeia. quanto tempo levou o CD a ser preparado e a ser gravado? quando o foi? Quando pensei em gravar o disco o ano passado já tinha alguns temas compostos aos quais se juntaram alguns do Massimo e a ideia era tentar consolidar mais o projecto e ter algo para mostrar, no sentido de conseguir-mos mais actuações ao vivo com este mesmo projecto. Marquei alguns concertos nos locais habituais e fomos testando e aperfeiçoando e a seguir fomos para estúdio duas manhãs e uma tarde, porque não havia dinheiro para mais. Assim aconteceu em Maio de 2003. têm actuado muito em público? com sucesso? temos feito alguns concertos nos clubes - Hot Clube e Bflat - entre outros e também alguns auditórios na zona de Lisboa e sul do país e posso garantir - embora pareça suspeito - com algum sucesso, a avaliar pelos incentivos que nos vão dando. os mais que raros clubes portugueses de jazz têm-vos apoiado contratando-vos? Em relação aos clubes, considero que vão dando algum apoio, uma vez que pelo menos uma vez por ano fazemos uma ronda, mas obviamente que seria desejável mais. quem são e porque os escolheu os outros músicos do combo? Os Músicos que estão no projecto neste momento, são pessoas que de certa forma se identificam com esta maneira de estar na música e na vida. Só assim se tornou possível fazermos esta música juntos. Posso dizer-lhe que somos bons amigos e gostamos de tocar juntos. há músicos de jazz portugueses que não tenham sido alunos da Escola do HCP ou da Escola Superior do Porto? Penso que não e temos todos que reconhecer e agradecer o contributo que a escola do Hot deu àquilo que se faz hoje em relação ao jazz ou á música improvisada ou ao que lhe queiram chamar. Embora pense que começam a existir outras alternativas e mais facilidades para quem quer enveredar por estes caminhos. ensina jazz? o jazz ensina-se? Se me diz que os músicos de jazz portugueses saíram da escola do Hot, é porque se ensinava alguma coisa. Bom! Acho que percebo o seu ponto de vista e penso que os melhores livros são os concertos ao vivo e os discos, mas os verdadeiros livros de papel dão uma boa ajuda e as experiências de cada um passadas directamente a alguém, ainda mais. seus músicos portugueses e estrangeiros que ouve e prefere vou citar alguns, embora actualmente tenha curiosidade em ouvir qualquer coisa que me desperte a atenção , sem pensar se é jazz ou pop ou ... enfim! ... em relação aos músicos portugueses gosto do trabalho do Carlos Bica, Carlos Barreto, TGB, Zé Eduardo, João Paulo Esteves Da Silva, entre outros. Ema Relação a músicos estrangeiros a lista é enorme e vou só citar alguns sem qualquer ordem cronológica, porque acho que isso não interessa muito. Joe Pass, Miles, Jimmy Raney, Coltrane, Dave Douglas, Kenny Weller, John Abercombrie, Louis Sclavis, Bela Bartok, etc. Vou pedir desculpa aos portugueses e aos estrangeiros que não mencionei, mas é de facto difícil porque temos muito bons músicos nas várias áreas. já actuou no estrangeiro? porquê e para quem? Já Actuei mas foi integrado num outro contexto que também é válido mas não é aquele que eu queria ou seja , aquilo que nos proporcionou este encontro. as dezenas de Festivais internacionais portugueses de jazz apoiam ou não os jazzmen portugueses? já tocou nalgum? De facto é verdade todos os anos aparecem mais, mas de facto apoiam muito pouco o jazz que se faz por cá, para não dizer quase nada. Ainda estou á espera do 1º com 50% de projectos portugueses - se isto é pedir muito que me perdoem os entendidos - . Já toquei nalguns que se calhar nunca ouviu falar mas existiram: Jazzmin, Festival jazz do Bombarral, nos concertos do clube de jazz do seixal que só funciona quando acontece o dito cujo internacional para músicos estrangeiros e um português. Entre outros igualmente conhecidos!... conhece a discografia de Tal Farlow e a de Grant Green? Conheço o suficiente para lhes prestar as minhas homenagens pelo contributo e talento. sente-se com autoridade cultural para tocar blues em guitarra? Não. considera a Música que gravou Música deste século? porquê? Concerteza que sim, porque é o meu passado e presente, mas penso que a música deste século, também aos outros pertence. A arte não tem tempo. o rendimento de seu trabalho com jazz dá-lhe para viver? confortavelmente? Seria bom que assim fosse, infelizmente não o é de todo apesar de neste momento ir fazendo só a música que realmente gosto de fazer - com umas cedênciazinhas saudáveis de vez em quando - . prepara seus improvisos? Há em mim uma procura constante de caminhos, de sonoridades, que obviamente me levam a um determinado tipo de abordagem á improvisação. Tento não preparar o solo x para a música y, assim perder-se-ia toda a magia do concerto ao vivo da interacção com o espaço e com as pessoas. Mas obviamente que não vou só a contar com o feeling... tem palavras de esperanças para os jovens músicos portugueses de jazz? Aquilo que posso aconselhar é o mesmo que me trouxe até aqui e que é amar verdadeiramente a música. Sentir que é qualquer coisa que se sente quando se ouve um concerto ao vivo ou quando se toca e que não é preciso explicar. A outra face da moeda é a mais dura, mas é real e tem que se dizer e que de facto tem a ver com muito trabalho e determinação e já agora - é bom não esquecer - algum talento, de preferência em grandes quantidades.

José Duarte
 
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