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Adriana Miki
21-05-2013 00:00
 

Adriana Mikki

 

José Duarte - Mikki porquê? apelido de família? ‘nome de guerra'? antepassados não brasileiros? portugueses? europeus? outros?

 

Adriana Mikki ~Na verdade é Miki com um K só....Esse meu sobrenome vem da parte da minha mãe. Meu avô materno era japonês nascido em Osaka e casou-se com uma filha de italianos. Por parte de pai tenho uma bisavó italiana e um bisavô português, uma bisavó portuguesa e um bisavô italiano.

 

JD - discografia é 2 CDs? Onde e quando os gravou com quais instrumentistas e com quais objectivos?

 

AM - Dois cdsO primeiro Cd foi gravado em Portugal no estúdio do saxofonista Manuel Lourenço, em 2007, com exceção de duas músicas que foram gravadas no estúdio MDL em Paço D'Arcos.

 Como assinei um contrato com uma gravadora independente de jazz americana acabei por gravar alguns solos de voz em Nova Iorque e as misturas e a masterização foram todas feitas lá.

O primeiro Cd aconteceu inesperadamente. Nós tínhamos conhecido o Paulo Barros, pianista e começamos a trabalhar alguns arranjos e composições com ele. Depois para gravar a bateria convidamos um amigo brasileiro radicado em Portugal, o Paulo Rosa e para percussão chamamos um outro amigo português que reside em Londres, o Oli Savill. Era pra ser uma maquete mas as coisas foram se desenrolando de tal maneira que acabou por virar um Cd.

Quando a gravadora fez o contrato comigo me disse que eu precisava de mais 2 musicas então eu convidei o pianista Ernesto Leite e o percussionista Sebastian Scheriff .Tem também a participação do guitarrista brasileiro Jurandir Santana. Não foi uma coisa muito planejada.

Já o segundo Cd foi bem mais planejado. Eu gravei em 2012.

Dessa vez eu quis gravar nos estúdios da Valentim de Carvalho principalmente por causa do Nelson Carvalho.

 Eu tinha ouvido o Cd da Maria João e do Mario Laginha, o Chocolate e adorei o som. Queria mesmo que fosse o Nelson

As músicas foram escolhidas a dedo. As composições originais tiveram tempo para serem trabalhadas e a ideia por trás de tudo isso estava bem sólida.

Foi um trabalho mais maduro e veio também de uma cumplicidade adquirida nos palcos com os músicos que desde então me têm acompanhado. O pianista Paulo Barros, o baixista e também produtor Sérgio Crestana, o baterista Joel Silva e o saxofonista Desidério Lázaro.

 

 

JD - no repertório de seu mais recente CD aparece uma escolha diversificada com autores como Charles Trenet ou Paulo de Carvalho Preferências suas?

 

 

AM - No primeiro disco eu quis gravar o Charles Trenet porque essa música fez parte da minha infância. Meu pai ouvia muito...tem a ver com cinema, que é outra paixão minha.

O Mãe Negra do Paulo de Carvalho eu conheci aqui em Portugal quando fui fazer uma participação num concerto e cantei ela em duo com um cantor da Guiné Bissau, o Guto Pires.

O poema da Alda Lara me cativou e eu queria dar uma cor diferente pra ela...uma coisa mais voltada para o Jazz com uma batida africana...

 

 

 

JD - Brasil imenso continente tem vários tipos de Músicas uma das quais o samba? Qual quais as que prefere? porquê?

 

 

AM - Eu adoro a música de Minas Gerais...desde pequena.

Milton Nascimento, Toninho Horta, Lô Borges, Flávio Venturini...

Amo Tom Jobim O Passarim foi o primeiro disco que eu comprei muito novinha ainda.

Eu me identifico mais com essa sonoridade. Tem também os ritmos de influência afro da Bahia que eu adoro. O Ijexá, o samba de roda.

Tem também o chorinho....parte da minha infância foi marcada por ele...

A bossa nova....

Nossa Tanta coisa, que eu podia ficar horas te falando....

 

 

 JD - acha que cumo Artista brasileira em Música sobrevive num país cumo Portugal? seus CDs vendem-se? onde tem actuado?

 

AM - Não é fácil....Mas hoje em dia não está fácil pra ninguém...adoraria poder viver só da minha música. De qualquer forma eu não posso reclamar.Com o tempo fui-me integrando com grandes músicos daqui que me ensinaram muito e pude cantar em ótimos palcos. Fiz vários auditórios e festivais.

Quanto a venda de Cds....Como artista independente, não poss0 dizer que meus cds vendam muito, mas aos pouquinhos eles estão se espalhando por aí Eu agora tenho feito alguns festivais.

No começo do ano fiz o Melodea na Fundação Eugênio de Almeida, aonde apresentei pela primeira vez o novo Cd.E em Julho vou apresenta-lo no Hot Club.

 

JD - noto ausência no seu reportório de híper clássicos da bossa cumo Gilberto ou Buarque e também de Autores antigos cumo Ataulfo Alves

 

AM - Não tem muito uma razão...eu ainda não gravei , simplesmente....

Mas quem sabe para um próximo...

 

JD - a chamada bossa nova foi uma ‘invasão' branca do samba negro brasileiro via costa oeste dos USA a California com músicos cumo Sérgio Mendes ou Stan Getz - não concorda porquê?

 

AM - Bom... Acho que na verdade a Bossa Nova foi um movimento que contou com os jovens compositores/cantores de classe média da zona sul do Rio que no final dos anos 50, apareceram com uma nova forma de cantar e tocar o samba trazendo também forte influência do Jazz.

 Era também um jeito diferente da cantar, muito suave e minimalista, um quase "falar"...

 

JD - conhece grupo ‘Os demónios da garoa' cantando ‘Saudosa Maloca' canção de Adoniran Barbosa? é uma peça prima da MPB concorda?

 

AM -Sim Conheço Meu pai até gastava os discos de tanto ouvir

 

JD - porque chamou a seu segundo CD ‘Mulata de Arroz'? ou foi Sérgio Crestana músico no trio de seu 2º CD?

 

AM - Eu e o Sérgio conversávamos muito sobre isso....e a mistura...e o fato de eu brasileira, ter só descendência europeia e japonesa....uma mulata japonesa....de arroz...o Sérgio teve esse clic

 

JD - quem é o baixista Sérgio Crestana?

 

AM -Foi meu namorado no Liceu... veio pra Portugal, foi 7 anos integrante do Moonspell, me incentivou a seguir um sonho que tinha ficado adormecido.

É o meu produtor  Companheiro nessa jornada musical

 

JD - estudou Música?

 

AM - Sérgio é auto didata.

Eu fiz coro, estudei canto lírico por 5 anos, fiz conservatório em São Paulo, mas a parte teórica não é o meu forte. Agora, mais madura tenho estudado um pouco mais.

 

 JD - sendo brasileira/o é necessário estudar Músicas do Brasil?

 

AM -Siiimmm  Sempre Tem muita coisa lá que eu conheço pouco...Mesmo o chorinho que eu ouvi desde pequena. Os ritmos como o maracatu, o maxixe, o xote, a embolada, o baião, o batuque... aii....tenho muito o que estudar Sem pensar nas músicas de outros lugares do mundo...

 

JD - onde nasceu no Brasil? que Música lá se toca mais?

 

AM -Eu nasci em São Paulo e lá , se toca de tudo Hoje em dia...já não sei...mas tem sempre gente fazendo boa música.

 

JD - aprecia jazz? cumo tal aconteceu?

 

AM -Muitoooo Desde pequena eu através do meu pai ouvia muitas coisas, e o Jazz estava sempre lá.

Meu pai adorava Ella Fitzgerald, Louis Armstrong Sarah Vaughan, Duke Ellington.....Tanta coisa

Tinha também a parte dos filmes que agente via juntos.... e a trilha sonora...aqueles musicais e todos os standards.

 

JD - a voz brasileira mais próxima do jazz? porquè?

 

AM - Hum...Tem a Leni Andrade mas pra mim, acho que a Dolores Duran.

 

JD - e Elizeth Cardoso ou Tânia Maria ou Luciana Souza?

 

AM -Nooossa As três são maravilhosas Cada uma com a sua cor, mas eu me identifico mais com a Luciana Souza. Mas olha que a Tânia Maria também

 

JD - porque não canta Cartola ou Dorival ou Clementina ou Aparecida ou tanta/os outros? seu repertório prefere os compositores contemporâneos desconhecidos será? ai que será que será...

 

AM -Será sim....meu repertório hoje quer espalhar as palavras de gente que ainda falou muito.

 

JD - tem standards em seu repertório? porquê?

 

AM -No meu trabalho de disco, ainda não. Mas canto Standards... Adoro

Eu um dia ainda vou gravar alguns... tem aquela atmosfera que eu me identifico muito

 

JD - usa improvisação quando canta? para quê?

 

AM - Estou começando a usar.... Começando a me libertar. Quero também poder contar sons

 

JD - tem tido êxito em Portugal?

 

AM -Eu acredito que sim...tudo o que eu conquistei foi muito importante.

 Eu sou acompanhada por músicos maravilhosos daqui, gravei 2 cds, pude cantar em vários lugares... e isso pra mim já é um êxito

 

JD - onde tem actuado? onde gostaria mais e muito de actuar?

 

AM - Tenho feito algumas salas...alguns festivais. Agora em Julho vou me apresentar no Hot Club, o que me deixa muito feliz porque eu já há muito tempo quero isso. Queria poder também apresentar o meu Cd no Brasil e queria voltar aos Estados Unidos com esse novo Cd.

 

JD - gosta de MPP? e de fado?

 

AM - Gosto muito da Cristina Branco, da Carminho. Lá no Brasil eu ouvia muito a Amália e também Zeca Afonso, Carlos Paredes... Agora mais ligado ao Jazz, não posso deixar de mencionar dois músicos que tem sido uma grande inspiração pra mim... Mario Laginha e Maria João

 

JD - jazz nasceu nos USA hoje linguagem musical internacional sabe-se - será que exista jazz brasileiro?

 

AM -Eu acredito mesmo que sim Os próprios americanos usam essa definição.

Nós temos a Música Instrumental Brasileira Contemporânea, praticada principalmente por grupos instrumentais concentrados no eixo São Paulo-Minas Gerais-Rio de Janeiro a partir dos anos 70. Temos nessa música, improviso e a mistura do jazz com ritmos brasileiros. Temos o chorinho...

Nós não temos um swing apenas, temos muitos...

 

JD - a escravatura de negros deu-se principalmente na costa atlântica de África e chegou às 3 Américas levada por povos europeus entre eles por portugueses daí uma das Músicas brasileiras ser o samba e daí se falar brasileirês no Brasil - samba é assim uma das Grandes Música Negras tal cumo jazz o é e cool jazz é um jazz mais abrancalhado... dacordo?

 

AM - Acho que hoje em dia , o Jazz esta cada vez mais aberto a todas as misturas e influências...

 

 JD - prefere que a chamem cantora jazz ou cantora brasileira?

 

AM - Cantora.....Sem rótulos, nem limites...

 

JD - obrigado Adriana Miki

 

AM - Obrigada

Lapa, Lisboa 5 maio 2013

joseduarte@ua.pt


 
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