José Duarte - em Portugal há poucas mulheres que tocam jazz - em Portugal e em todos os países - a que é que atribui esta situação? só à Música? Margarida Louro - Na minha opinião não tem nada a ver com a música, mas sim com o facto de cada vez mais surgirem oportunidades para aprender jazz nas Escolas de Música, o que não era tão acessível quando eu comecei a aprender música. JD - como chegou ao jazz? ML - Através do maestro Adelino Mota. JD - estudou Música? da qual? é boa leitora? ML - Comecei a aprender música na Banda Comércio e Indústria de Caldas da Rainha quando tinha 7 anos e mais tarde estudei trompete no Conservatório Nacional de Lisboa com o professor José Augusto Carneiro, música clássica, claro. Sim, considero que leio bem música. JD - quem toque um instrumento de sopro - é o seu caso - necessita de treino respiratório de apropriada caixa torácica de aperfeiçoado sopro com lábios e bochechas treinados para correcta expiração - veja-se o lábio superior de Armstrong ou Thad Jones as bochechas anormalmente cheias quando preciso lhe é em Dizzy - soube destas todas necessidades antes de se iniciar estudou-as? ML - Quando comecei não tinha ainda a capacidade de interiorizar estas necessidades, que desenvolvi mais tarde no Conservatório. JD - onde estudou ou estuda Música? ML - Como disse antes, estudei no Conservatório Nacional de Lisboa. Tive bem mais tarde a oportunidade de praticar um pouco de Jazz em Workshops nos Pousos com os professores João Moreira e Laurent Filipe. JD - pratica Música ‘clássica' melhor Música escrita? ML -Neste momento pratico um pouco de vários géneros, desde música de Banda, Orquestra de Sopros e Big Band. JD - ter ou desenvolver swing é uma condição essencial para se ser uma boa jazzwoman? ML - Claro que sim JD - sua opinião sobre o jazz de Susana Santos Silva? ML - Tenho uma grande admiração pela Susana, com quem tive oportunidade de falar no Festival de Jazz de Valado dos Frades no final do seu concerto. Gosto muito da sua música e da sua interpretação, especialmente no Flugel. JD - e de Ingrid Jensen? ML - Não conheço em profundidade para tecer uma opinião. JD - temas que prefere tocar? standards? blues? ML - Em primeiro lugar eu gosto é de tocar, mas confesso que tenho uma preferência pelo estilo" jazzfusion". JD - conhece a discografia de Miles Davis? sua opinião ML - Sim, conheço. É uma das minhas referências e foi um dos melhores concertos que vi, da última vez que veio a Lisboa, acompanhado de uma banda fantástica. JD - e a de Bix Beiderbecke? ML - Não conheço de todo. JD - nas bandas populares portuguesas vêem-se muitas mulheres de idades variadas desfilando a tocar instrumentes de sopro trompetes incluídas - como explica a diferença? ML - Pois, felizmente as jovens continuam a integrar cada vez mais cedo as bandas, que são a primeira escola de música mais acessível. E, como eu, há muitas que começaram há mais tempo e tiveram a persistência de nunca desistir... JD - usa fluegelhorn? qual a diferença entre trompete e flugel? ML - Infelizmente não, porque gosto muito do timbre, que é muito mais suave. JD - qual o sexo da palavra trompete um ou uma? há quem a chame do outro sexo opinião ML - Já em tempos me questionaram sobre isso, mas eu adoptei o género francês e espanhol "la trompette", "la trompeta", por isso digo sempre "a minha trompete"... JD - prefira 3 trompetistas portugueses e explique porquê esses? ML - João Moreira, Tomás Pimentel e Gonçalo Marques. Porque são trompetistas com estilos diferentes mas dos quais gosto muito e me sinto mais próxima, pois já tive o prazer de tocar ao seu lado em algumas ocasiões. JD - e 3 estrangeiros ML - Winton Marsalis, Arturo Sandoval, neste momento são os que mais gosto de ouvir, pela sua linguagem e o seu virtuosismo... JD - vive com o que ganha a tocar trompete? onde já tocou ML - Não. Sou professora de Educação Musical no Ensino Básico. Tocar trompete é um hobbie do qual não abdicarei enquanto puder... JD - sua experiência com a Orquestra Jazz do Município da Nazaré? sola? ML - Estou na Big Band da Nazaré desde o início e também participei nos projectos que lhe deram origem. Não faço solos de improviso, não tive oportunidade em tempo útil de estudar improvisação em jazz... Mas gosto de pensar que faço o meu papel com empenho e orgulho JD - obrigado Margarida Louro Lapa Lisboa 13 jan 2013 |