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Nuno Mendes
14-03-2013 00:00
 

José Duarte - como surgiu jazz no seu horizonte musical?

 

Nuno Mendes - O jazz surgiu há cerca de uma dúzia de anos na forma de um concerto feito no Verão numa das praças da minha terra natal. Era um concerto da Big Band da Nazaré, agrupamento do qual agora faço parte, que me abriu os olhos para este tipo de música. Como tinha começado a aprender música há pouco tempo, foi uma experiência musical que me marcou sem dúvida.

 

JD - na dita ‘clássica' melhor na Música escrita que compositores prefere? porquê?

 

NM - Penso que não tenho uma linha de composição definida, gosto de tudo um pouco desde a complexidade harmónica de Bach aos ritmos irregulares de Stravinsky passando pela intensidade sonora de Wagner.

 

JD - instrumentista da Escrita cumo leitor não pode errar - comentário

 

NM - Desde muito cedo que fui habituado a ler muitas partituras e a praticar muito solfejo pelo que estou de acordo com esse comentário. Um músico bem preparado a nível de leitura está apto a tocar em qualquer agrupamento que implique a tão falada "leitura à 1ª vista". Para mim, um dos maiores desafios é ler uma partitura em tempo real e sem preparação e tentar minimizar a quantidade de erros.

 

JD - quem improvisa é compositor - comentário

 

NM - Nos princípios da dita música erudita, os grandes compositores eram músicos virtuosos que passavam para o papel as melodias preferidas que iam improvisando ou os virtuosismos que eles apenas conseguiam fazer. Portanto quem improvisa traz a algo de novo ao mundo, logo é compositor.

 

JD - razão ou razões que o levaram a praticar jazz?

 

NM - O jazz dá-me uma liberdade harmónica que não possuo na maior parte das obras de música eruditas. Para além desse facto, o jazz abre-me novos horizontes em termos de estilos musicais.

 

JD - pode melhorar-se capacidade de improvisar? cumo?

 

NM - Para mim, a melhor maneira de se melhorar a capacidade de improvisar é ouvindo muita música. Assim conhece muitas mais ideias musicais que irão enriquecer a "paleta" de improviso do músico. É óbvio, que estudando a teoria harmónica, também é possível melhorar a capacidade de improvisação conhecendo as notas que melhor soam em cada estrutura da música.

 

JD - quais as escolas de Música que frequentou?

 

NM - Eu comecei a aprender saxofone na Banda Dom Fuas Roupinho (Nazaré), depois frequentei a Academia de Música de Alcobaça na classe do Prof. Mário Marques onde completei o 5º grau do Curso Básico de Saxofone. Seguidamente, conclui a Licenciatura em Música (Saxofone) na Escola Superior de Música de Lisboa (ESML) na classe do Prof. José Massarrão e actualmente estou a concluir o Mestrado em Música (Performance) também na ESML com o Prof. José Massarrão. Paralelamente, a nível de jazz, frequentei alguns workshops com Paulo Gaspar, Hugo Trindade e João Moreira.

 

JD - com quem descobriu jazz?

 

NM - Penso que quem me mostrou mais inicialmente o mundo do Jazz foram o Maestro Adelino Mota e o Professor Mário Marques.

 

JD - jazz é uma Música diferentes de todas outras apesar de ser tocada com as mesmas notas musicais ritmos etc. cumo se expliquem as radicais diferenças com as outra na audição?

 

NM - Penso que devido aos ritmos sincopados, o jazz soa mais apelativamente ao ouvinte do que outro tipo de música. Não querendo ter um tom depreciativo, penso que o jazz é muito mais acessível ao público em geral do que a própria música erudita. Contudo, existem sempre excepções.

 

JD - há quento tempo pratica jazz e em quais instrumentos? porquê?

 

N M - Comecei a praticar jazz há cerca de sete anos sempre nos saxofones. Há três anos atrás, adquiri um sintetizador digital de sopro, um EWI (Electronic Wind Controller), o qual comecei a usar para praticar jazz. Acho que as possibilidades de uso de novos timbres, efeitos e registos do EWI foram as principais para usar um instrumento deste tipo. Tenho a necessidade de estar sempre a inovar no meu percurso musical.

 

JD - porque preferiu instrumentos de sopro e não de percussão cumo piano?

 

NM - Na altura, não foi bem uma preferência. Quando me inscrevi para começar a aprender música, os únicos instrumentos disponíveis para aprender eram os de sopro portanto dentro desta família de instrumentos já não havia muito para escolher.

 

JD - jazz Música com ainda não 100 anos tem tido uma rápida evolução total (de New Orleans até ao Free) muito mais do que a Escrita que dura há séculos - cumo explica?

 

NM - O jazz esteve sempre mais aberto ao público em geral do que a música erudita que apenas se desenvolvia nos círculos mais elitistas. Logo, como existiam mais pessoas a executar e a ouvir jazz, este desenvolvia-se muito mais depressa.

 

JD - quais os instrumentistas jazz que o impressionam mais? em gravações ou ao vivo

 

NM - Gosto muito de Charlie Parker, John Coltrane, Stan Getz e Michael Brecker, a nível de saxofonistas. Gosto também muito de Herbie Hancock, Chick Corea e Pat Metheny.

 

JD - quais os instrumentos que usa? porquê e para quê?

 

NM - Actualmente, para além do EWI que uso para timbres diferentes dos saxofones, uso dois tipos de modelos nos meus saxofones: Selmer Serie III e Buescher True-tone. Uso os Selmer para a música erudita já que possui um som mais encorpado e uso os Buescher, que têm cerca de noventa anos, para o jazz devido ao facto de terem uma liga de latão muito mais leve que providencia uma emissão muito mais fácil.

 

JD - opinião sobre Michael Brecker cumo saxofonista jazz e sobre sua discografia

 

NM - Michael Brecker, para mim, foi um inovador tanto no jazz como na técnica do saxofone, abrindo caminho a novos timbres bem como a novos efeitos. Também, como pioneiro do EWI, Brecker criou um novo mundo de possibilidades que apenas estava reservado aos sintetizadores de teclas. O meu álbum favorito dele é o "Tales from the Hudson".

 

JD - prefere o alto ao tenor? porquê?

 

NM - O alto foi o meu primeiro instrumento, já o conheço há uma dúzia de anos e existe muito mais cumplicidade entre mim e o alto do que entre o tenor. Ainda estou a descobrir muitas das virtudes do tenor não me querendo já arriscar publicamente.

 

JD - conhece a discografia de Johnny Hodges de Charlie Parker de Cannonball? de Lee Konitz? de Ornette Coleman? porquês?

 

NM - Em relação a Charlie Parker, conheço praticamente quase toda a discografia. Quanto aos outros instrumentistas, conheço algumas músicas deles. Parker foi o que me chamou mais à atenção devido ao grande virtuosismo, tecnicismo e à elevada capacidade de improvisação que ele detinha.

 

JD - em Portugal cumo está o minimundo jazz? refiro opinião sobre possibilidades de ser apreciado ou não e de tocar em público e gravar e ser bem pago para tocar jazz

 

NM - Penso que no mundo português da música, o jazz continua pouco reconhecido e não se dá tanto valor como a outros estilos musicais. Tenho ainda uma opinião pouco formada em relação a este assunto mas acho que, globalmente, ainda se paga mal aos músicos de jazz em comparação com os músicos de outros estilos.

 

JD - instrumentistas  jazz portugueses em trompete - quem destaca? e em bateria?

 

NM - A nível do jazz português não possuo muita cultura musical mas destaco João Moreira e o Gileno Santana em trompete e em bateria conheço muito pouco.

 

JD - é um improvisador? pratica estuda aperfeiçoa seus improvisos? fixa solos que mais aprecia?

 

NM - Tento ser um improvisador mas amador. Claro que tento aperfeiçoar os meus improvisos porque tenho sempre vontade de alcançar mais e tento sempre incluir passagens dos solos que mais aprecio.

 

JD - tocar numa Big Band cumo a da Nazaré que vantagens lhe trás? e tocar em combo? e acompanhar voz?

 

NM - Para mim, a Big Band da Nazaré foi a abertura de um mundo completamente novo em timbres e ambiências que antes me eram um pouco desconhecidas. Concedeu-me uma maior experiencia musical e possibilidade de aos poucos me poder aventurar no improviso jazzístico. Em combo, possuo muito mais liberdade para experimentar ao contrário de acompanhar voz que obriga ao saxofonista ter um papel mais reservado e secundário.

 

JD - que idade tem? passado familiar musical?

 

NM - Neste momento tenho 23 anos. Na minha família, o primeiro músico profissional foi o meu pai que durante muitos anos foi baterista de conjuntos de música ligeira. O meu irmão e o meu primo também são músicos mas mais a nível amador e recreativo.

 

JD - quer no seu futuro continuar a ser jazzman?

 

NM - Sem dúvida alguma.

 

JD -obrigado Nuno Mendes

 

NM - Obrigado eu pela oportunidade única.

 

joseduarte@ua.pt

 

na Lapa 16 dez 2012

 

 

 


 
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