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Lars Arens
06-07-2013 00:00
 

José Duarte - qual é a sua nacionalidade? vive em Portugal? porquê? para quê?

Lars Arens - Sou alemão e vivo aqui desde o ano 2000 . Ou 2001? Já não me lembro Lá pro final dos meus estudos no Conservatório van Amsterdam viajei para tocar  um concerto na Ilha do Sal/Cabo Verde. Isso foi com uma banda caboverdiana de reggae, de cabo verdianos que vivem em Roterdão. Isso foi na altura em que tive de pensar sobre o que fazer a seguir aos estudos: Ficar na Holanda? Voltar à Alemanha, para me radicar ali numa das grandes cidades ? Experimentar outro país? Decidi "opção 3" : experimentar outro país, pois reparei que me dava gozo "viver fora", aprender e falar outros idiomas... Sem dúvida: Se não estudasse na Holanda nunca teria descoberto este gozo. Por outro lado : Se eu nascesse numa das grandes cidade alemãs, tipo Hamburgo, Colónia ou Berlim eu se lá fizesse parte dos circuitos musicais nem pensaria em abondonar aquilo. No entanto venho de uma cidade relativamente pequena, "Münster" . Musicalmente não se passa lá grande coisa. Como músico não podia nem queria lá viver, se bem que a cidade é bonita

JD - toca trombone - porque preferiu trombone?

LA -O meu primeiro instrumento foi a bateria. Comecei aos 6 anos e larguei aos 15 anos, ano em que descobri o trombone. Com uma mão esquerda fraca e um interesse decrescente pela bateria, reparei ao mesmo tempo que tinha mais jeito pelo trombone... Como nasceu o interesse pelo trombone? Comecei a ver concertos de música aos 5 ou 6 anos, seja de música clássica, rock ou seja de jazz . O que me criava curiosidade pelos instrumentos, foi antes de mais os movimentos a assistir a um músico tocar no seu instrumento. Nesta lógica, como criança achei uma seca assistir a saxofonistas ou trompetistas, pois quanto a mão e braços havia muito pouco a ver Preferia trombone. Entre guitarra e bateria preferia bateria. Na big band do liceu onde tocava bateria dos 12 aos 15 anos havia um naipe de trombonistas, e segundo aquilo que via o trombone parecia extremamente difícil, e as varas pareciam pesar 50 quilos, os trombonistas só podiam tocar frases lentas, eram ritmicamente fracos e pouco flexíveis. Foi precisamente isso que me motivou a aprender aquilo. Pois a na altura ouvia já em casa música big band, como Stan Kenton com os seus top - trombonistas Carl Fontana e Frank Rosolino. Também já tinha ouvido cds com o JJ Johnson que o meu pais me deu. O trombone nestas gravações simplesmente não tinha nada em comum com aquilo que os trombonistas no liceu "fabricavam" . Por isso quis conhecer o trombone com as minhas próprias mão. Na primeira aula disse logo ao meu prof de que o meu objectivo seria de passar a ser um profissional e de ir estudar uma escola superior mais tarde. Na altura estive ainda indeciso sobre o meu caminho ir mais para jazz, ou se ia até estudar música clássica.....

JD - toca outras músicas ou só jazz?

Penso que encaixo ou posso trabalhar para encaixar em qualquer estilo que , excepto todo aquilo que tem a ver linguagem música clássica. O meu primeiro professor foi um excelente trombonista clássico. Deu-me muito bons fundamentos técnicos. No entanto depois virei-me a outra escola em termos de ideal do som, fraseado e sentimento de tempo/ritmo. Para deixar claro: Isso não é uma questão de domínio técnico do instrumento. Sou muito exigente quanto a isso . Por cá existe ainda um pouco esta ideia de que o músico de jazz seja uma espécie de músico que, ao abrigo de encontrar o seu próprio som, pode negligenciar uma boa técnica de instrumento. Essa ideia considero estar ultrapassado há muito tempo.

JD - como define jazz?

LA -Isso é difícil. No ano 2012 não consigo Hoje em dia misturam-se tantas coisas. E ainda bem Se bem que muita música que eu faço e escrevo tenha mais a ver com a características associadas ao jazz (antes demais: a simples existência de partes nos meus temas em que um instrumento improvisa) também não teria nenhum problema se um outro músico não considere a minha música como jazz. No entanto fico feliz se gosta da música....

JD - conhece as os obras de Kid Ory e J. J. Johnson e Roswell Rudd? aprecia-as?

LA - Ok vamos lá cometer sacrilégios: Kid Ory: Respeito (em termos de evolução/história) mas sinceramente: não aprecio.
 J.J. Johnson: Dos trombonistas cuja flexibilidade, cujo domínio técnico e cuja musicalidade contribuiu imenso para emancipar o trombone de vara vir a ser um instrumento de sopro capaz de tocar com velocidades e leveza algo mais parecido com trompete e sax, pelo menos muito mais do que os trombonistas da era Kid Ory eram capazes de tocar. No entanto confesso que daquela altura prefiro os trombonistas Frank Rosolino, Carl Fontana , Slide Hampton, Jimmy Knepper. O meu trombonista preferido da linguagem "jazzista" do tradicional até ao moderno na verdade é o Bob Brookmeyer.... Se bem que se trata de trombone de pistons...
Roswell Rudd: Sou muito fã da Carla Bley e adoro o album "Escalator over the Hill" onde conheci o Roswell Rudd. É um trombonista algo exótico.... Não se mede pelo virtuosismo de tocar trombone (não acho nada genial) , de tocar solos complexos ou coisa assim, mas realmente com outro tipo de expressividade e algo que tem a ver mesmo com alma, se bem que também o Rosolino tocava com alma....
Atrevo-me dizer que o Roswell Rudd como trombonista comparado com o JJ Johnson, Slide Hampton, Curtis Fuller (antes de lhe baterem na boca), Frank Rosolino, é um retrocesso em termos de "linguagem de virtuosismo" que os outros referidos trouxeram.
O Rudd volta a tocar um trombone mais bruto, mais "elefante" do que elegante....
No entanto é precisamente isso que é o seu espírito, aliás o espírito de muita música que nos anos 60 e 70 se tocava
De certeza não quis soar como os outros, e também não seria um Frank Rosolino com que o Steve Lacy quisesse colaborar....
E isso é muito importante para perceber o tipo de música: Se oiço a música em que o Rudd tocou/gravou não oiço isso com especial atenção ao trombone e os seus solos. A mensagem consiste mais no som total do grupo, no colectivo, em que ele faz parte sendo apenas um detalhe, um elemento, sem o seu instrumento ter um papel de protagonista. E assim gosto. O "Escalator over the Hill" é um album que gosto de ouvir com ouvido de arranjador = "encenador-musical".
Mas não com ouvido de trombonista, à espera que aconteça qualquer coisa extraordinária e específica do trombone ou de um outro instrumento em particular.
Aliás, provavelmente se alguém detesta ouvir Carla Bley, ou grupos mais vanguardistas como Sun Ra, isso é devido ao facto de ouvir com o "ouvido errado". Está a avaliar música conforme critérios a que a respectiva música provavelmente não pretende corresponder
Se por exemplo gostar de Mozart, seria esquisito desvalorizar a obra do Edgard Varèse alegando que "as melodias nos seus temas não sejam bem conseguidas, bonitas", pois o conceito dele talvez não seja um conceito melódico, certo?

JD - como nasceu o nome Tora Tora e desde quando existe?

LA - Inicialmente o plano era de chamar o grupo Tora Bora. Mas na altura os americanos combateram os talibã no Afeganistão, e um lugar onde houve muitos combates por coincidência se chamou "Tora Bora" pelo que optamos por mudar o nosso nome para "Tora Tora". Começámos em 2001...

JD - a orquestra tem 3 CDs no mercado o 1º esgotado - datas e qual o reportório

LA -O 1º Cd intitulado "Tora Tora" foi editado em 2006; o 2º chama-se "Tora Tora Cult" e foi lançado em 2007. O último intitula-se "Salteado" e foi lançado em Junho de 2012. 

JD - há uma boa inclinação para a percussão nos arranjos da Tora Tora porquê?

LA - Obviamente há: Se bem que hoje em dia temos temas com onda mais Funk ou Drum´s Bass. Mas no fundo mantemo-nos sempre fieis à chamada onda Afro Latin, sem inclinação sonora nas percussões, a nossa música não soaria como tal....

JD - quem escreve e arranja vossos temas?

LA - O meu colega, amigo e compatriota Johannes Krieger e eu escrevemos tudo, tipo 50-50%

JD - quem são vossos principais solistas?

LA - Diria que a banda consiste apenas em solistas. No entanto é do nosso interesse e conceito que o groove nunca interrompa, pelo que os solos de bateria e de baixo são mais raros, pois seguram sempre o groove.....

JD - sítios onde já tenham tocado?

LA - Hmm, não sei se me lembro de tudo e do nome dos festivais...... Lembro de irmos a Portimão, Lagoa, Tavira, Évora, Odemira, Cem Soldos, Torres Vedras, Nazaré, Leiria, Moita, Almada, Palmela, Montemor-o-Novo, Guimarães, Festival Oeiras Alive há nomes de festivais e sítios que já não me lembro.....

JD - conhece a obra de Maria Schneider e Gil Evans e Neal Hefti e Sun Ra? opinião

LA -Tive o prazer de ter um workshop com a Maria Schneider lá na escola em Amesterdão que foi sem dúvida o melhor workshop que tive lá. Ela é impressionante como maestrina Nada melhor do que um bom compositor dirigir a sua própria música. Lembro-me que antes dela chegar o nosso professor conduzia as primeiras leituras dos arranjos. Era tudo estranho, não se percebeu o sentido da sua voz, do seu fragmento melódico. E depois chegou ela: Ela a conduzir transmite tanto de expressivo, de boas vibrações. Escreve texturas especiais e ao sermos conduzidos por ela, de repente percebe-se tudo. Se bem que isso me impressionou como nenhum outro workshop: No meu entender álbum "Evanescence"´que foi o seu álbum de estreia, que se tornou muito famoso, foi ao mesmo tempo o climax da sua escrita. Nada que veio a seguir chegou aos calcanhares daquilo....
Gil Evans, ouvindo o seu nome penso em 1° lugar nos albuns "The Birth of the Cool", "Sketches of Spain" com o Miles, e depois do "Out of The Cool ".
"Birth of the Cool" : Podia entrar no coro do respeitosos bons músicos e elogiar o álbum pois é considerado tão importante quanto aos anos chamado "Cool Jazz". Mas prefiro ser honesto, e respondo mais como me pronunciei sobre a obra do Kid Ory: Este álbum respeito, mas não gosto nada dos arranjos, a textura dos sopros como a ouvimos no arranjo do "Boplicity" como arranjador acho uma autêntica seca: Detesto "ensopado tímbrico" em texturas relativamente tradicionais..... e aliás confesso que não sou nada apreciador do "Cool".
Adoro, e adoro mesmo, os trabalhos do Gil Evans a partir dos anos 60, onde encaixamos "Sketches" e "Out of the Cool". Mas o álbum que mais gosto na verdade não é nem um nem outro. O meu preferido álbum é o álbum "The Individualism of Gil Evans" Nesta música qualquer "ensopado tímbrico" faz todo o sentido, e vibra mesmo
Neal Hefti: Quem toca muito em big band e quem toca repertório Basie, vai conhecer temas como "Cute" "´L´il Darling" "Splanky". Altos temas que representam uma fase em que a música big band era muito popular e muito consumida por ser muito dançável. O Hefti é mais da linha musical de arranjores como Sammy Nestico, Frank Foster. Opinião/gosto:
O meu acesso à música big band não foi através do Count Basie e não foi com música "swing" mas foi com um som na altura entitulado como "progressive jazz". Foi através do Stan Kenton e os seus fantásticos arranjadores Pete Rugolo, Bill Russo, Ernst Graettinger. Isso foi quando tinha 8 anos de idade e definiu o meu gosto preferido para música big band até hoje.
Sun Ra: Conheci e copiei (ainda para "minidisc")albuns como "Sun song" , "Super-sonic jazz" ou "The Magic City" na biblioteca na escola em Amesterdão. Ou coisas que gosto mais, outras menos. Mas é mais um daqueles exemplos. Não se pode apreciar este tipo de música quando se ouve jazz como antes demais muitos fãs de jazz mais ouvem jazz. Muitos ouvem e passam de ídolo para ídolo, e apaixonam-se muito em virtuosismo de um instrumentista em particular: Um jovem saxofonista talvez tenha a sua fase Parker, Coltrane, Cannonball Adderly e em cada fase ouve e tenta reproduzir a respectiva linguagem, as malhas em particular. Quem procura e quer ouvir antes demais "superlativismo" (existe a palavra) instrumental, não vai ter acesso à música do Sun Ra. Não vai perceber nada e vai dizer ,"mas que "treta"
Eu oiço este tipo de música com outro ouvido pelo que o  meu acesso não está vedado, no entanto também não percebo nada, mas gosto Sun Ra não é só sobre música....

JD - quantos e quais os instrumentos da Tora Tora Big Band?

LA -Actualmente somos 10 (+por vezes cantora convidada). Digo "actualmente" porque já fomos 12 e não sei se o elenco não pode voltar a crescer um dia. Não sei. Agora temos 6 sopros: 2 trompetes/ 2 saxes/ 2 trombones e secção rítmica: teclas, baixo, percussões e bateria.

JD - Tora Tora é jazz para dançar? é intencional?

LA - É música para se mexer Pode haver músicas em que se mexe apenas ligeirsmente, e depois temos "temas bomba" em que o público ferve e salta mesmo

JD - qual a sua opinião sobre as big bands do HCP, de Matosinhos, da Nazaré?

LA - Três Big Bands muito diferentes, num país com pouca cultura big band. Big Bands que considero profissionais a todos os níveis não temos por cá. Estou a falar de Big Bands com um corpo sonoro como a Bob Brookmeyer New Art Orquestra , Vienna Art Orquestra , John Hollenbeck Large Ensemble que cheguei a ouvir aqui. Não pode haver por estas big bands por cá, pois, ainda não temos a qualidade do ensino musical por aqui que permite criar este nível nos músicos de naipe. Porquê que estas Big Bands soam melhor? Porque cada elemento individualmente é melhor músico de big band, do que nós somos aqui
Mas penso sim que estamos a bom caminho de fazer cada vez melhor
As OJM e a Big Band do Hot são big bands de caracter e ambição profissional. Em relação às várias outras big bands por cá, podemos considerá-las profissionais a nível nacional. A OJM é a big band que por cá a mais alto nível toca.
Faço parte da big band do Hot, e sou parcial a responder. A medida que essa big band se abriu aos sons mais contemporâneos e começou a renovar o seu elenco (com músicos fortes da nova geração) vai voltar cada vez mais a ser uma big band de referência nacional. Isso também graças ao jovem maestro-trombonista Luís Cunha, que também representa essa nova geração Veja que quando cheguei a Portugal lembro me de ter falado com um elemento, que com orgulho e brilho nos olhos me contou, "nós estamos a tocar só Duke Ellington". Agora não tenho nada contra isso. No entanto se alguém me conta isso no ano 2001, não pode esperar que eu fique impressionado. Pois não fico Sou fã da música big band. Mas não quero tocar o resto da vida nem Basie, nem Ellington., nem Thad Jones. Já o fiz durante os últimos anos até me fartar. Há Big Bands suficientes a fazer isso Quero tocar coisas recentes, ou melhor novas. O novo elenco da Big Band do Hot dá-me essa possibilidade: Contamos pelo menos com 4 bons compositores - arranjadores que fazem parte da orquestra. É isso que quero tocar: aquilo que ainda não conheço. Muitas partituras de Basie e Thad Jones por exemplo, acho que consigo já tocar de cor.
Matosinhos: Respect, respect, respect. O que eles conseguiram enquanto a Big Band do Hot estava a hibernar a longo dos anos, é simplesmente impressionante.Uma big band por cá com aquela frequência de actividade, tanto concertos como gravações, remunerada, e associada à Casa de Música: O Porto mostra-nos o que cá na capital nunca se conseguiu fazer É uma vergonha não termos uma big band assim em Lisboa.
No entanto nunca compreendi aquele entusiamo da OJM no passado se apresentar constantemente com solistas famosos de fora. Enquanto tem tão bons solistas no seu próprio elenco
No passado tivemos um concerto com a Big Band do Hot em que tivemos o Chris Cheek como solista convidado.... Tocou até dois temas da minha autoria. Mas eu não me sinto melhor músico por isso, e não acho que a Big Band tivesse ganho melhor "ensemble sound" com isso. É o ensemble sound que importa 
 (Sem dúvida isso é uma coisa que me orgulho nos Tora Tora: Fazemos sempre tudo original, temos agora o 3o album e continuamos de apostar sempre num elenco 100% daqui, e soamos bem por isso, um esquema que nunca pretendo ou preciso alterar...pois há muito bons músicos por cá)
Nazaré: Big Band com ambição boa amadora Tal como existem cada vez mais big bands por cá. Estas big bands amadoras ou semi-profissionais têm um papel fundamental no desenvolvimento da cultura big band por cá. Existem cada vez mais dessas orquestras. São então pessoas como o seu líder Adelino Mota, que graças ao empenho e o trabalho dele dão cada vez mais visibilidade ao formato fantástico que é uma big band. Vão atrair cada vez mais ouvintes. Atraem a fascinam jovens músicos pela sua música, e em cada um destes jovens músicos haverá quem descubra o seu próprio talento. assim vão estudando e depois talvez façam parte da geração nova de muito bons músico. O nosso saxofonista João Capinha passou pela" escola" do Adelino Mota, tocou na big band do Nazaré, depois estudou na Escola Superior de Música de Lisboa, faz agora parte da Big Band do Hot e dos Tora Tora. Um bom exemplo do sucesso e do bom efeito das big bands, como a do Nazaré

JD - Tora Tora tem espaços para improvisações variados e grandes?
 

LA - Depende dos temas Há temas mais tipo feature como "Elephants Run", "AfreakAna", "Rabih" , "Nosferatu´s...." e depois há outros com mais solistas . A parte do improviso é uma característica da  nossa música. Essa é a parte mais "jazz" que temos. Os temas quase todos são instrumentais, pelo que há sempre espaço para solos improvisados

JD - qual a diferença entre balanço e swing?

LA - Hmm... O termo balanço nunca uso.... Mas diria que balanço é um equilíbrio entre factores não só rítmicos: um equilíbrio global de bom gosto entre groove, timbre, dinâmica, qualidade da composição e execução.
Uma coisa ter swing diria referir-se apenas a elementos rítmicos....
Se essa comparação não fez sentido, vou continuar a não usar o termo "balanço".

JD - aprecia o swing clássico?

LA - Há muita música que gosto mais do que o swing clássico.

JD - e free jazz?

LA - se a música free for resultado de um verdadeiro e profundo domínio do instrumento (que permite transmitir coisa profundas), e se ela for resultado da oposição estilística a estilos que o músico free pelo menos minimamente domina, o free é credível, pois é uma opção, e eu aprecio. Adoro trombonistas como o Nils Wogram ou o Ed Neumeister a tocarem free.
Se o free for resultado de não domínio de instrumento e não domínio e não-interesse noutros estilos, neste caso ele é produto de inflexibilidade e ignorância. Neste caso não gosto.

JD - tocam blues?
 

LA - Os Tora? Sim e não. Blues "bluesy" não tocamos. Mas um tema nosso famoso do 1° album, o "Tora Tora Cult" quanto à sua estrutura harmónica podemos considerar um blues.

JD - como será o futuro do jazz?

LA -Não sei. Se  já nem consigo definir o jazz ainda menos posso prever como será o seu futuro.. Há tanta coisa diferente.....Eu por mim espero poder continuar a escrever e tocar algo de jeito, algo em que sinta evolução em relação ao que fiz antes.... Mas não sei se terei sucesso.

JD - obrigado Lars Arens

 

 

 Mais informações sobre a Tora Tora Big Band em http://www.toratorabigband.com/

 

 


 
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