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Xan Campos
16-02-2012 00:00
 

José Duarte - jazz na Galiza tem público e concertos e salas e instrumentistas?

Xan Campos - A verdade é que estou muito contente pelo ambiente que se criou nos últimos anos na Galiza. Graças ao trabalho de pessoas como Luis Carballo e escolas coma o Seminario Permanente de Jazz de Pontevedra (SPJP) cada vez há mais interesse por esta música. Somos um grupo grande de músicos com muitas inquietudes, cada vez mais público e mais sábio, e temos um bom número de festivais e salas que programam jazz habitualmente. Sim que é certo que cós problemas econômicos atuais semelha que uma das primeiras coisas que se suprimem são as ajudas para atividades culturais, mas penso que com a ilusão que temos por fazer coisas conseguiremos manter isto fervendo.

JD - quais são as relações da Galiza com Portugal na área jazz?

XC - Penso que há uma boa relação especialmente entre a Galiza e o norte de Portugal. Há vários músicos galegos que estudaram na ESMAE ou deram aulas ali e eu já tenho tocado com músicos portugueses em vários projetos diferentes. Ainda assim, seria bom que este relacionamento se fizesse mais forte e víssemos bem mais habitualmente a bandas portuguesas em festivais galegos e vice-versa.

JD - o que é o Seminário Permanente de Pontevedra? foi aí que descobriu o jazz?

XC - Eu descobri o jazz com onze anos, quando se criou a Orquestra de jazz do Morrazo. Entre Luis Carballo e meus pais me convenceram de experimentar e fiquei enganchado. Mais adiante se fundou o Seminario Permanente de Jazz que começou em Cangas e depois se trasladou a Pontevedra. O Seminario é uma escola que conta com Abe Rábade e Paco Charlín como professores e que tem uma filosofia com a que me sinto muito identificado, já que baseiam a aprendizagem na prática. Trabalha-se a musicalidade e a criatividade em conjunto por riba doutros aspectos individuais mais técnicos. Além disso, deu-me a oportunidade de tocar e gravar com artistas de nível internacional como parte das atividades do próprio seminário.

JD - descreva sua permanência no Musikene de San Sebastian?

XC - Em San Sebastián passei quatro anos muito importantes da minha vida. Ali conheci amigos e músicos de muitos sítios diferentes e aprendi muito, sobre todo pelo bom ambiente e as continuas ganas que tínhamos de tocar e provar coisas novas. Na escola tinha professores fantásticos como Jordi Rossy, Albert Sanz e Guillermo Klein.

JD - estudou primeiro clássica e depois jazz porquê?

XC - As minhas primeiras classes de música deu-mas o meu avô. Nem sequer tenho lembrança de quando começaram as lições. Com sete anos entrei no conservatório para estudar piano clássico mais quando rematei o grão profissional já tinha claro que a minha paixão era o jazz. Mas curiosamente, quanto mais me submergi no jazz mais consegui desfrutar da música clássica e por suposto doutros estilos.

JD - com 24 anos é considerado um dos melhores na Península Ibérica e com quem tem tocado?

XC - Não gosto de falar de melhor ou pior porque é algo muito subjectivo. Tampouco me preocupa. Eu espero ter sempre esta ilusão por aprender e desfrutar da música. Das experiências que mais me marcaram foram as gravações nas que participei com músicos da cena nova-iorquina como Walter Smith III, Ambrose Akinmusire, Marcus Strickland, Lage Lund, Logan Richardson ou Marcus Gilmore e tocando com músicos importantes da península como Perico Sambeat.

JD - conhece a obra de Martial Solal e de Bill Evans? opinião

XC - Bill Evans é uma das personalidades mais importantes da história do jazz. Transcrevi-o muito na minha época de estudante em Musikene e tinha um combo dedicado exclusivamente à sua música. De Martial Solal escutei coisas mas não aprofundei tanto.

JD - já tocou em Portugal?  mas onde gravou em Portugal?

XC - Em Portugal toquei algumas vezes. Uma delas na festa do Jazz de São Luiz em Lisboa. O meu último disco foi gravado nos Boom Studios de Vila Nova de Gaia. Fiquei muito contente tanto com a dinâmica  de trabalho como co resultado final. O técnico João Bessa é dos melhores que encontrei: rápido, eficiente e capaz de criar um ambiente de trabalho magnífico. Por todas estas coisas, cada vez mais músicos galegos gravam ali.

JD - com seu trio gravou em 2011 cd ‘Orixe Cero' - em português o que é que ‘Orixe Cero' quer dizer? - opinião sobre os 2 outros instrumentistas em cbaixo Horácio Garcia e bateria Iago Fernández

XC - O título ‘Orixe cero' (Origem zero) tenta refletir que é uma música que surgiu naturalmente das inquietudes do trio. É a música que nos apetecia fazer, sem preocuparmos de que estilo é ou que influencias se encaixa nele. Em canto aos músicos, a Iago conheço desde que somos pequenos. É um dos meus melhores amigos e levamos muitos anos tocando e aprendendo juntos. A Horacio conheci-o estudando no Musikene e desde o primeiro momento tivemos uma boa relação pessoal e musical. Juntos levamos co projeto do trio mais de cinco anos e não podo imaginar a ninguém mais apropriado para gravar a minha música que eles dois. Para mim é muito importante a relação de amizade que temos e estou muito agradecido por todo o que se envolveram neste trabalho.

JD - quais músicos jazz portugueses conhece? opinião

XC - Há fantásticos músicos de jazz portugueses. No último disco que gravei, Agromando, de Iago Fernández, participam vários músicos portugueses como André Fernandes, Zé Pedro, João Mortágua e o meio português Demian Cabaud.

JD - como é a situação jazz em Espanha? clubes concertos discos público conhecimento sobre jazz?

XC - O ambiente de jazz em Espanha está algo dividido geograficamente. As comunidades de músicos mais importantes em número são provavelmente as das grandes cidades, mas ainda assim poucas tenham tanta atividade como temos na Galiza.

JD - há divulgação jazz em Espanha na tv imprensa rádio?

XC - Há menos do que gostaria. Há blogs em internet, algumas revistas e algum programa de rádio, mas comparados, por exemplo, com outros países europeus estamos muito atrasados.

JD - toca blues? defina blues musical e socialmente

XC - Não acostumo tocar blues como estilo a parte das estruturas e sonoridades que o jazz herdou dese gênero. O blues é um pouco a base de toda a música moderna e, ainda que moitas vezes não sejamos conscientes, temo-lo interiorizado a um nível extremo.

JD - sua opinião sobre Cecil Taylor e Hank Jones e Matthew Shipp

XC - São três grandíssimos pianistas muito diferentes entre si. O que mais me marcou ata o momento foi Hank Jones pela sua serenidade e gosto musical. De Jones transcrevi bastante, sobretudo de um disco a duo com Charlie Haden (Steal Away).

JD - só usa pianos acústicos? porquê?

XC - Em general toco piano acústico. Conheço-o melhor e sento-me mais confortável. De todos os modos em ‘Orixe cero' utilizo o teclado num dos temas, e é algo que forma parte do dia a dia das atuações, já que não sempre tens a oportunidade de tocar em um piano.

JD - ensaia seus improvissos jazz?

XC - Escuto, analiso e transcrevo solos de outros músicos mas nunca programo os meus improvissos de antemão. O mais interessante desta música é que tem uma grande parte espontânea e que quase qualquer coisa pode passar, dependendo do teu estado de ânimo, do que a música e os outros músicos te propõem e de muitos aspectos do próprio instante.

JD - tentou o free jazz? porquê?

XC - Sempre é divertido tocar free porque permite muitíssimas possibilidades e total liberdade para desenvolver a tua criatividade.

Em vários discos nos que gravei como sideman há algum tema totalmente free. Também participo num projeto de música sinestésica dentro duma investigação relacionada com a musicoterapia e que tem um amplo "contido" em free jazz. De todos os modos, penso que gosto mais quando há estruturas e pequenos limites na música que fazem que a tua achega seja em aspectos mais sutis e encontrando liberdade dentro da estrutura.

JD - conhece a editora cd jazz portuguesa Clean Feed? sua opinião sobre a Free Code Jazz Records para a qual gravou seu mais recente cd jazz  ‘Orixe Cero' 

XC - Ouvi falar de Clean Feed mas não conheço a sua maneira de trabalhar. Desde o primeiro momento tive bastante claro que queria sacar o meu disco com Free Code porque se adapta perfeitamente á filosofia com a que quisemos funcionar. ‘Orixe cero' está editado baixo licença Creative Commons co cal pode-se copiar, descarregar e reproduzir com liberdade. Além disso, a distribuição está sendo um pouco especial tentando adaptar-se aos tempos que correm. O disco pode-se comprar nos principais sítios de descarga em internet, e também está disponível fisicamente em tendas e a través da minha página web http://www.xancampos.com/. O bom de Free Code é que da total liberdade para que cada um decida como quer enfocar todos estes aspectos.

JD - seus cd têm muito público?

XC - Estou muito feliz com a acolhida que está a receber ‘Orixe cero'. O feito de que esteja disponível na rede fixo possível que se vendera em muitos países diferentes e onde mais estou a vender é nos concertos que penso que é o que temos que aproveitar hoje em dia os músicos.

JD - qual será o futuro do jazz? concorda que jazz está a evoluir tão lentamente de há décadas para cá que parece estar parado?

XC - Não me preocupa muito de que maneira vai evolucionar. Acho que cada vez importa menos diferenciar entre estilos e acho que isso é algo bom. Devemos estar abertos a que passe qualquer coisa, a que flua naturalmente sem preconceitos.

JD - obrigado Xan Campos


 
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