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Xan Campos
31-01-2011 00:00
 

José' Duarte - jazz na Galiza tem pú'blico e concertos e salas e instrumentistas?

Xan Campos - A verdade é' que estou muito contente pelo ambiente que se criou nos ú'ltimos anos na Galiza. Graç'as ao trabalho de pessoas como Luis Carballo e escolas coma o Seminario Permanente de Jazz de Pontevedra (SPJP) cada vez há' mais interesse por esta mú'sica. Somos um grupo grande de mú'sicos com muitas inquietudes, cada vez mais pú'blico e mais sá'bio, e temos um bom nú'mero de festivais e salas que programam jazz habitualmente. Sim que é' certo que có's problemas econô'micos atuais semelha que uma das primeiras coisas que se suprimem sã'o as ajudas para atividades culturais, mas penso que com a ilusã'o que temos por fazer coisas conseguiremos manter isto fervendo.

JD - quais sã'o as relaç'õ'es da Galiza com Portugal na á'rea jazz?

XC - Penso que há' uma boa relaç'ã'o especialmente entre a Galiza e o norte de Portugal. Há' vá'rios mú'sicos galegos que estudaram na ESMAE ou deram aulas ali e eu já' tenho tocado com mú'sicos portugueses em vá'rios projetos diferentes. Ainda assim, seria bom que este relacionamento se fizesse mais forte e ví'ssemos bem mais habitualmente a bandas portuguesas em festivais galegos e vice-versa.

JD - o que é' o Seminá'rio Permanente de Pontevedra? foi aí' que descobriu o jazz?

XC - Eu descobri o jazz com onze anos, quando se criou a Orquestra de jazz do Morrazo. Entre Luis Carballo e meus pais me convenceram de experimentar e fiquei enganchado. Mais adiante se fundou o Seminario Permanente de Jazz que começ'ou em Cangas e depois se trasladou a Pontevedra. O Seminario é' uma escola que conta com Abe Rá'bade e Paco Charlí'n como professores e que tem uma filosofia com a que me sinto muito identificado, já' que baseiam a aprendizagem na prá'tica. Trabalha-se a musicalidade e a criatividade em conjunto por riba doutros aspectos individuais mais té'cnicos.

Alé'm disso, deu-me a oportunidade de tocar e gravar com artistas de ní'vel internacional como parte das atividades do pró'prio seminá'rio.

JD - descreva sua permanê'ncia no Musikene de San Sebastian?

XC - Em San Sebastiá'n passei quatro anos muito importantes da minha vida. Ali conheci amigos e mú'sicos de muitos sí'tios diferentes e aprendi muito, sobre todo pelo bom ambiente e as continuas ganas que tí'nhamos de tocar e provar coisas novas. Na escola tinha professores fantá'sticos como Jordi Rossy, Albert Sanz e Guillermo Klein.

JD - estudou primeiro clá'ssica e depois jazz porquê'?

XC - As minhas primeiras classes de mú'sica deu-mas o meu avô'. Nem sequer tenho lembranç'a de quando começ'aram as liç'õ'es. Com sete anos entrei no conservató'rio para estudar piano clá'ssico mais quando rematei o grã'o profissional já' tinha claro que a minha paixã'o era o jazz.

Mas curiosamente, quanto mais me submergi no jazz mais consegui desfrutar da mú'sica clá'ssica e por suposto doutros estilos.

JD - com 24 anos é' considerado um dos melhores na Pení'nsula Ibé'rica e com quem tem tocado?

XC - Nã'o gosto de falar de melhor ou pior porque é' algo muito subjectivo. Tampouco me preocupa. Eu espero ter sempre esta ilusã'o por aprender e desfrutar da mú'sica.Das experiê'ncias que mais me marcaram foram as gravaç'õ'es nas que participei com mú'sicos da cena nova-iorquina como Walter Smith III, Ambrose Akinmusire, Marcus Strickland, Lage Lund, Logan Richardson ou Marcus Gilmore e tocando com mú'sicos importantes da pení'nsula como Perico Sambeat.

JD - conhece a obra de Martial Solal e de Bill Evans? opiniã'o

XC - Bill Evans é' uma das personalidades mais importantes da histó'ria do jazz. Transcrevi-o muito na minha é'poca de estudante em Musikene e tinha um combo dedicado exclusivamente à' sua mú'sica. De Martial Solal escutei coisas mas nã'o aprofundei tanto.

JD - já' tocou em Portugal? ' mas onde gravou em Portugal?

XC - Em Portugal toquei algumas vezes. Uma delas na festa do Jazz de Sã'o Luiz em Lisboa. O meu ú'ltimo disco foi gravado nos Boom Studios de Vila Nova de Gaia. Fiquei muito contente tanto com a dinâ'mica ' de trabalho como co resultado final. O té'cnico Joã'o Bessa é' dos melhores que encontrei: rá'pido, eficiente e capaz de criar um ambiente de trabalho magní'fico. Por todas estas coisas, cada vez mais mú'sicos galegos gravam ali.

JD - com seu trio gravou em 2011 cd &lsquo'Orixe Cero'' - em portuguê's o que é' que &lsquo'Orixe Cero'' quer dizer? - opiniã'o sobre os 2 outros instrumentistas em cbaixo Horá'cio Garcia e bateria Iago Ferná'ndez

XC - O tí'tulo &lsquo'Orixe cero'' (Origem zero) tenta refletir que é' uma mú'sica que surgiu naturalmente das inquietudes do trio. É' a mú'sica que nos apetecia fazer, sem preocuparmos de que estilo é' ou que influencias se encaixa nele. Em canto aos mú'sicos, a Iago conheç'o desde que somos pequenos. É' um dos meus melhores amigos e levamos muitos anos tocando e aprendendo juntos. A Horacio conheci-o estudando no Musikene e desde o primeiro momento tivemos uma boa relaç'ã'o pessoal e musical. Juntos levamos co projeto do trio mais de cinco anos e nã'o podo imaginar a ningué'm mais apropriado para gravar a minha mú'sica que eles dois. Para mim é' muito importante a relaç'ã'o de amizade que temos e estou muito agradecido por todo o que se envolveram neste trabalho.

JD - quais mú'sicos jazz portugueses conhece? opiniã'o

XC - Há' fantá'sticos mú'sicos de jazz portugueses. No ú'ltimo disco que gravei, Agromando, de Iago Ferná'ndez, participam vá'rios mú'sicos portugueses como André' Fernandes, Zé' Pedro, Joã'o Mortá'gua e o meio portuguê's Demian Cabaud.

JD - como é' a situaç'ã'o jazz em Espanha? clubes concertos discos pú'blico conhecimento sobre jazz?

XC - O ambiente de jazz em Espanha está' algo dividido geograficamente. As comunidades de mú'sicos mais importantes em nú'mero sã'o provavelmente as das grandes cidades, mas ainda assim poucas tenham tanta atividade como temos na Galiza.

JD - há' divulgaç'ã'o jazz em Espanha na tv imprensa rá'dio?

XC - Há' menos do que gostaria. Há' blogs em internet, algumas revistas e algum programa de rá'dio, mas comparados, por exemplo, com outros paí'ses europeus estamos muito atrasados.

JD - toca blues? defina blues musical e socialmente

XC - Nã'o acostumo tocar blues como estilo a parte das estruturas e sonoridades que o jazz herdou dese gê'nero. O blues é' um pouco a base de toda a mú'sica moderna e, ainda que moitas vezes nã'o sejamos conscientes, temo-lo interiorizado a um ní'vel extremo.

JD - sua opiniã'o sobre Cecil Taylor e Hank Jones e Matthew Shipp

XC - Sã'o trê's grandí'ssimos pianistas muito diferentes entre si. O que mais me marcou ata o momento foi Hank Jones pela sua serenidade e gosto musical. De Jones transcrevi bastante, sobretudo de um disco a duo com Charlie Haden (Steal Away).

JD - só' usa pianos acú'sticos? porquê'?

XC - Em general toco piano acú'stico. Conheç'o-o melhor e sento-me mais confortá'vel. De todos os modos em &lsquo'Orixe cero'' utilizo o teclado num dos temas, e é' algo que forma parte do dia a dia das atuaç'õ'es, já' que nã'o sempre tens a oportunidade de tocar em um piano.

JD - ensaia seus improvissos jazz?

XC - Escuto, analiso e transcrevo solos de outros mú'sicos mas nunca programo os meus improvissos de antemã'o. O mais interessante desta mú'sica é' que tem uma grande parte espontâ'nea e que quase qualquer coisa pode passar, dependendo do teu estado de â'nimo, do que a mú'sica e os outros mú'sicos te propõ'em e de muitos aspectos do pró'prio instante.

JD - tentou o free jazz? porquê'?

XC - Sempre é' divertido tocar free porque permite muití'ssimas possibilidades e total liberdade para desenvolver a tua criatividade. Em vá'rios discos nos que gravei como sideman há' algum tema totalmente free. També'm participo num projeto de mú'sica sinesté'sica dentro duma investigaç'ã'o relacionada com a musicoterapia e que tem um amplo "'contido"' em free jazz. De todos os modos, penso que gosto mais quando há' estruturas e pequenos limites na mú'sica que fazem que a tua achega seja em aspectos mais sutis e encontrando liberdade dentro da estrutura.

JD - conhece a editora cd jazz portuguesa Clean Feed? sua opiniã'o sobre a Free Code Jazz Records para a qual gravou seu mais recente cd jazz ' &lsquo'Orixe Cero'' '

XC - Ouvi falar de Clean Feed mas nã'o conheç'o a sua maneira de trabalhar. Desde o primeiro momento tive bastante claro que queria sacar o meu disco com Free Code porque se adapta perfeitamente á' filosofia com a que quisemos funcionar. &lsquo'Orixe cero'' está' editado baixo licenç'a Creative Commons co cal pode-se copiar, descarregar e reproduzir com liberdade. Alé'm disso, a distribuiç'ã'o está' sendo um pouco especial tentando adaptar-se aos tempos que correm. O disco pode-se comprar nos principais sí'tios de descarga em internet, e també'm está' disponí'vel fisicamente em tendas e a travé's da minha pá'gina web http://www.xancampos.com/. O bom de Free Code é' que da total liberdade para que cada um decida como quer enfocar todos estes aspectos.

JD - seus cd tê'm muito pú'blico?

XC - Estou muito feliz com a acolhida que está' a receber &lsquo'Orixe cero''. O feito de que esteja disponí'vel na rede fixo possí'vel que se vendera em muitos paí'ses diferentes e onde mais estou a vender é' nos concertos que penso que é' o que temos que aproveitar hoje em dia os mú'sicos.

JD - qual será' o futuro do jazz? concorda que jazz está' a evoluir tã'o lentamente de há' dé'cadas para cá' que parece estar parado?

XC - Nã'o me preocupa muito de que maneira vai evolucionar. Acho que cada vez importa menos diferenciar entre estilos e acho que isso é' algo bom. Devemos estar abertos a que passe qualquer coisa, a que flua naturalmente sem preconceitos.

JD - obrigado Xan Campos


 
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