jazzportugal.ua.pt
HOME CONTACTOS BUSCA SUBSCRIÇÃO
 
agenda
media
escritos e entrevistas
músicos
jazzlinks
  escritos  ::  entrevistas  ::  trabalhos alunos UA  ::  e mail e fax  ::  riff  ::  Jazz de A a ZZ

escritos e entrevistas > riff > ver riff
mr. Simples versus José Duarte (VI)
14-09-2017
 

 

mr. Simples versus José Duarte (VI)

setembro 2017

 

ouço sempre o mesmo ruído de morte que devagar rói e persiste

Raul Brandão - 'Húmus’

 

José Duarte – porque é que lhes chamam ‘champs’ e ‘play off’

mr. Simples -  quer a resposta em inglês ou português ou norueguês?

JD – o senhor Simples quer football ou futebol? já há décadas que foi tornado popular ainda e foi fácil… lembro-me no Estádio ‘Nacional’ cumo na Assembleia estarem de serviço os GNR...

mr. Simples – alienar é fácil? então nos tempos salazarentos…

JD – parece-me antes ser parecido com os depois… o tetra muitos juntos em Fátima a dona Amália são 3 fs...

mr. Simples – hoje eu acrescentaria Pedrogão um drama de incompetência generalizada…

JD – claro…, mas é a infelicidade a morte as chamas os golos que bem são utilizados sempre com objetivos políticos…

mr. Simples – até uma greve…

JD – há quem diga

mr. Simples – e no jazz?

JD – jazz além de ser a Música da surpresa graças à improvisação nunca se sabe o que vem a seguir… não usa democracia… aritmética… não é pela adição sim pela audição que se elege o melhor…

mr. Simples – descontada a publicidade…

JD – até nas vozes… sim com Diana a Krall uma pianista cópia de Nat ‘King’ Cole não com Billie Holiday a voz mais ‘linda’ feia conhecida embora seja a melhor de todas sem dúvidas ou dúvida

mr. Simples – e Luís Armstrong?

JD – a melhor logo a mais feia…

mr. Simples – esse logo é que não percebi…

JD – verifica-se que em jazz cantado as piores vozes são artisticamente as melhores

mr. Simples – exemplos…

JD – no jazz para além de Satchmo que cantava tal cumo tocava com as notas - palavras foi ele quem inventou o solo com improvisação que criou o scat que é cantar sem palavras apenas sons onomatopeias que digamos ‘inventou’ o jazz sem precisar de sua voz ter saído bonita…

mr. Simples – mas isso é que é cantar… cantar o que lhe lá ia dentro...

JD – situação muito semelhante para Billie mulata que só deixou gravado um blues e por outras razões a de Bobby McFerrin a de Bessie Smith a de  Betty Carter… mas há mais… no fado o melhor foi ti Alfredo que foi Marceneiro e Jacques Brel na Música franco-belga https://www.youtube.com/watch?v=RZRe8AewY

mr. Simples – genial este Brel sua voz nem por ela se dá pois são outros os valores que se lhe sobrepõem…

JD – eu não queria mas... tenho que lhe falar de Betty Carter...

mr. Simples – à vontade sr. José… tenho na memória do vídeo que está na ‘capa’ do site jazz da Universidade de Aveiro www.jazzportugal.ua.pt

JD – estava ‘um pintor artista sentado na Holanda’… desconfio sempre de minha memóeia…

mr. Simples – enganou-se sr. José esse é texto de inicio de um livro de HH…

JD – erros que a admiração provoca… estava sentado no balcão de um clube jazz em NY com clube já vazio e fechado quando se sentou dois bancos altos à minha esquerda a negra que eu fora ouver… Betty Carter bela elegante bem despida ie vestida mas que deixavam ou sugeriam bem molde de seu corpo…

mr. Simples – ela que idade teria?

JD – não sei sei que se foi embora e nunca mais voltou em 98… já lá vão 19 talvez tivesse 50s… e via várias vezes nos EU em Portugal na Holanda

mr. Simples – desculpe interromper mas então ainda íamos no princípio na primeira vez…

JD – e eu nada calmo nervoso pois não é fácil estar com Betty e estar com Betty num clube jazz e a sós tete à tete e depois de a ter ouvisto atuar... BC dava tudo o que tinha quando cantava… cantava com seu corpo improvisando até mais não poder… um esforço feliz sempre com sucesso uma artista que dava tudo o que queria dar… em diálogo físico e permanente com ‘seus’ músicos…

mr. Simples – e que fizeram? ao balcão…

JB – bebemos… e menti-lhe sobre meu trabalho jazz em Portugal dizendo-lhe que era popular entre quem me ouvia… mentira ainda hoje nem memória temos para ela… temos não têm para ela… estivemos uma hora no bar perante a paciência da pessoa que nos atendia e que se afastava sempre que falámos… bom serviço… até que chegou a hora do autógrafo e eu nem para o guardanapo olhei… tal a importância que eu lhe estava a dar… hoje ainda mais muito mais…

mr. Simples – bonita história sr. José…

JD – se aqui tivesse acabado… só no quarto do hotel fui ver a assinatura da genial BC… lá estavam seu nome e apelido e mais palavras bonitas para mim… aí pensei atitude que não tomava há mais do que uma hora que lhe devia pedido um qualquer contato e não só nome e apelido… desesperado guardei o guardanapo para eventuais futuros encontros…

mr. Simples – quantas vezes lhe foi dado ouver mrs. Carter outra vez?

JD – meia dúzia… talvez mais… cada vez que nos víamos ela acrescentava algo escrito no papel guardanapo cada vez mais preenchido por mensagens… da senhora Carter… delas acho que só lhe ‘posso’ contar uma quando depois do concerto no hotel Guimarães em Guimarães no bar uma Maria que canta por cá me pediu para eu pedir à sra. Betty para ela a ouvir cantar ali mesmo acompanhada pelo pianista do bar…

mr. Simples – e cumo tudo acaba sr. José?

JD – não acabou porque sei onde está o que Betty Carter escreveu… só para mim… espero visitá-la em breve

 

‘puseram-me a ferros soltaram-me um cão

mas tive o diabo na mão‘

José Afonso

 

joseduarte@ua.pt

setembro 2017

 
  Escritos e entrevistas  
 
   
Festivais  
 
   
Universidade de Aveiro
© 2006 UA | Desenvolvido por CEMED
 VEJA TAMBÉM... 
 José Duarte - Dados Biográficos