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mr. Simples versus José Duarte (I)
17-04-2017
 

mr. Simples versus José Duarte (I)

   «ando cá a fazer não sei lá muito bem o quê

melhor o q»

JD

 

 

 

José Duarte – desde os anos 80… meados… que não falamos um com outro

 

mr. Simples – não nos falamos é melhor mais direto… assim já sei que sou um deles e cumo tinha dito não sabia se era um ou o outro

 

JD – falávamos para a Rádio e divertida e presente estava uma senhora…

 

mr. Simples – vossemecê e sempre com as senhoras as mulheres…

 

JD – ao fim destes anos todos o Senhor Simples não perdeu esse seu hábito de mal dizer…

 

mr. Simples – dizer mal…

 

JD – mal dizer é bom porque lembra as cantigas de mal dizer… é material antigo…

 

mr. Simples – é cumo com o jazz…sempre gostou mais de jazz antigo

 

JD – não é verdade gosto de jazz moderno gravado há cerca de 60 anos o free jazz

 

mr. Simples – só que você Duarte é jazzisticamente mal informado…

 

JD – não me admiro pois vivo no pais onde nasci que já no tempo de meu trisavô era um país atrasado mas sobre um país atrasado não falo falo isso sim é de um povo atrasado… mas que mal fiz eu adeus…

 

mr. Simples – e não só em euros que faltam embora se venda trabalho… há seres à beira mar plantados que sabem ler parecem ser pessoas educadas e não são e mostram quer um exemplo? e este não é importante mas revela – pode-lhe parecer impossível que vivemos uma ditadura – influencia do licenciado em direito que queria ser Presidente nem que fosse do Conselho de Ministros…

 

JD – morreu católico mas solteiro…

 

mr. Simples – conheci a senhora Maria e contei-lhe uma graça política para ela lhe contar… mas deixe-me acabar minha fácil pescagem… trata-se duma nova auto intitulada jornalista que escreve para o semanário maior…

 

mr. Simples – maior?

 

JD sim é o mais grande de todos e ela publica entrevistas em uma página semanal…

 

mr. Simples – e que se chama…

 

JD – não sei sei sim que trata todos os entrevistados por tu as raras exceções são para agravar a prática

 

mr. Simples – é uma prática corrente na burguesia que se está a empoleirar tal cumo dizer do Sinatra em vez de Sinatra e quem diz Sinatra pode dizer do Zé em vez de Duarte o José

 

JD – ouver telejornais é fácil para mim… passo á frente logo que vejo o que pisca o olho ou quem me apresenta o crime no bairro pobre… acabo por não ver notícias ou ver Euronews CN ou BBC…

 

mr. Simples – sabe línguas… e é um cidadão que se dá mal com seu país… porque não o abandona?

 

JD – porque sou velho e não estou doente… mas estou ferido pois minhas duas filhas uma abandonou Portugal a outra prepara-se…

 

mr. Simples – vamos falar de jazz? sobre jazz… desculpe

 

JD – gosto de jazz porque discuto sempre com o homem com quem converso e sabe porquê? porque sou transparente cumo o vidro

 

mr. Simples – e é além de transparente é… burro porque deve invadir a vida as opiniões dos outros…

 

JD – disse bem pois na Europa não há mulheres com swing só conheci duas mulheres com swing... morreram e a terceira é ainda mais velha que eu um ano e perdeu a leveza de muito boa dançarina que era que foi

 

mr. Simples – e o jazz precisa de swing?

 

JD – eu é não tenho swing algum… só o meu e ninguém o percebe ou finge não perceber e vai daí eu digo-lhes na cara deles aquilo que penso… seja quem for sobre jazz ou outro assunto qualquer… insisto sou transparente e sei que me prejudico…

 

mr. Simples – mal… é um erro domine-se minta ignore seja esperto inteligente e assim ganhará ficará bem consigo…

 

JD – talvez tenha razão mas é-me difícil… quando faço rádio premiada – Pão com Manteiga ou A menina dança? ou Uma vez por semana ou Abandajazz ou na RTP Outras Músicas meus conhecidos falam de futebol ou de quem nos prejudica…

oh desculpe queria ter dito governa… ninguém me diz ‘ouvi e gostei’

 

mr. Simples – e lutar?... esgrimir punhos pela sua verdade ‘esquecida’?

 

JD – seria preso e já fui preso várias vezes numa a pena ficou suspensa mas agravada por não ‘saber’ falar com quem nos estava a julgar e lembro-me de outra vez que fui preso pela GNR de serviço à então Assembleia Nacional e me tiraram o cinto das calças para evitar meu auto-enforcamento e meteram-me na cela até meu Pai chegar…   

 

mr. Simples – aprecia free?

 

JD - e freedom por ela lutei desde muito jovem bem apoiado por meus tios ambos operários trabalhavam com as mãos e comunistas ambos do Partido… meu tio Rui esteve preso no Tarrafal e a primeira lição que tive de materialismo o dialético deu-ma em conversa à mesa duma cervejaria… a Ribadouro

 

mr. Simples – boa história José Duarte… ambos estão na sua memória certamente

 

JD – não gosto de mentir nem que me mintam e certa mente

 

mr. Simples – ainda gosta de Música jazz? de qual?

 

JD – de toda gosto de toda não gosto de toda depende de mim e de Ele o Jazz… jazz para além de ‘o som da surpresa’ é irregular o mesmo artista pode tocar hoje bem amanhã mal… o melhor disco de Miles opinião de Miles é aquele onde ele gravou muitas notas ‘ao lado’ erradas e cumo sabe Senhor Simples errar humano é mas para nós os ouvintes os vulgares quem só escuta comecei por não gostar desse LP até que a opinião de Miles modificou meu apreço… foi Dolphy o Eric que deixou dito todo o improvisador jazz pode dar-nos uma nota errada mas a segunda já não pode haver…  

 

mr. Simples – já eu prefiro o jazz improvisado pelos Artistas jazz norte americanos negros…

 

JD – o Senhor tem coragem de tal dizer… pode passar por racista… mas porquê os negros americanos do norte? e os escandinavos e os japoneses?…

 

mr. Simples – à próxima lhe explicarei mas com grande dificuldade por não ser capaz de explicar uma sensação… e então sensação de beleza e balanço e luta…

 

JD – então até jazz mr. Simples…

 

mr. Simples – take care

 

 

 

encontro em 17 abril 2017 ao fim de tarde

 
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