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Ide à Meca
23-10-2017
 

IDE À MECA

23-06-2004 00:00

 

Estamos no ano de 2004 depois de Jesus Cristo. Todo o Portugal está ocupado pelos centralistas... Todo? Não Duas cidades do interior do país habitadas por irredutíveis lutadores resistem ainda e sempre à mediocridade. E não é fácil para as guarnições de legionários dos campos entrincheirados de Lisboarum e Arredorum. Essas cidades são Tondela e Viseu. Tondela há muito que nos vem habituando à qualidade. A ACERT (Associação Cultural e Recreativa de Tondela) viu aliás o seu trabalho ser recentemente premiado com uma redução de aproximadamente 50% do seu subsídio talvez devido ao facto de que com uma tão extraordinária apetência cultural esteja a contribuir demasiado para a evolução cultural dos seus (e não só) habitantes. E nós sabemos como isso pode incomodar o poder Enquanto que por Lisboarum e Arredorum se enchem Coliseus com Emanueis e Tonys Carreiras (a que ponto nós chegámos), aqui pela província enchem-se auditórios com concertos de Tim Berne, John Scofield, Mario Pavone, Omar Sosa, Jerry Gonzalez, Matthew Shipp, Big Four, Jonathan Kreisberg, Defunkt, etc, só para citar uma ínfima parte dos nomes que nos últimos anos têm visitado as incríveis e modernas instalações da ACERT. Admirados? Só porque não os conhecem. E meus amigos, aqui não há dinheiros a fundo perdido. Aqui há trabalho e muito amor à causa. Aqui há abnegação e honestidade*. Prazer em dar prazer aos outros. E acima de tudo a noção de que todos os dias são dias de aprender e de ser humilde. E depois ainda há o grande Josef Kampf e a Bodum que são cartas essenciais neste baralho vencedor (agora estive bem). O primeiro pelo seu amor verdadeiro pelo Jazz e pela sua capacidade de organização absolutamente incríveis e a sua constante e duradoura relação com a ACERT; a segunda, uma empresa que sempre apoiou verdadeiramente estes sonhos tornados realidade. Tão bem que se está nas Beiras. Esta é a nova Meca. Mas para que tudo se complete falta ainda referir Viseu. Viseu e a sua moderníssima Escola de Jazz e Outras Músicas (Centro de Estudos e Tecnologias Musicais), sonho mil vezes sonhado pelo Sr. Carmo e finalmente concretizado. Obrigado Sr. Carmo por este seu amor à nossa nobre arte de musicar. Instalações do melhor, professores do melhor, alunos do melhor sempre prontos para ajudar e aprender com os mais experientes. Uma receita explosiva e eficaz. Todos de mãos dadas com a ACERT nesta cruzada beirã num país deserto de ideias. Na nossa Escola privilegiamos a formação dos homens antes da formação dos músicos. Respeitamos todas as músicas cultas (as músicas ditas comerciais têm também o seu espaço - Televisões, Rádios, Coliseus, Festivais de Verão, Campanhas Eleitorais - mas ficam para já fora destas considerações) e tentamos aprender com todas elas. Aceitamos a ignorância com humildade. Vamos ouver todos os concertos que podemos. Mesmo os dos nossos amigos. Principalmente os dos nossos amigos. Todos juntos ganhámos mais uma batalha. O Jazzin’ Tondela 2004 foi um êxito. Qualidade musical de topo. Qualidade humana cinco estrelas. Organização irrepreensível. Ouve quem não viesse, mesmo convidado. José Duarte veio e gostou. Nós também gostámos de o receber. Só falta agora os que não vieram dizerem mal de uma coisa que não viram. Shame on you guys... A todos os que não vieram podendo vir, já sabem... para a próxima IDE À MECA * Honestidade – Qualidade humana em extinção que se caracteriza pelo uso da verdade nos pensamentos e nos actos.


Luís Lapa

 

 
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