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Sara Serpa SS que canta
19-12-2019
 

José Duarte - há quem diga que tem um cantar difícil… concorda?

 

Sara Serpa - Difícil é muito subjectivo - o que significa exactamente? Difícil de executar certamente. São muitos anos a trabalhar e a procurar um caminho artístico, onde críticas destrutivas e pouco elaboradas não têm lugar.

 

JD - há também quem diga que na sua maneira de cantar há pouco jazz ou nenhum há quem diga... maçam-na com estas opiniões ou é democrata?

 

SS - Esta questão é pouco relevante no meu trabalho, creio que até um pouco datada. Quem é a autoridade que dita o que é "jazz" ou não? A própria definição de "jazz" é polémica e rejeitada por muitos músicos Afro-Americanos. O que eu faço é música - as pessoas são livres de gostar ou não... Os géneros musicais não são estanques e impermeáveis; e eu também gosto de acreditar que os amantes e ouvintes de música têm uma mente aberta, sem se agarrarem muito a "etiquetas". O facto de viver em NYC, de trabalhar com músicos de "jazz " incríveis e de ver o meu trabalho reconhecido na maioria das publicações de "jazz" faz-me crer que esta questão é verdadeiramente redundante.

 

JD - redundante a questão não eu que por sinal a tenho... quantos CDs tem no mercado? fale-nos do CD + recente que gravou please

 

SS - Muitos CDs:

- Praia

- Mobile

- Camera Obscura (c Ran Blake)

- Aurora (c Ran Blake)

- Kitano Noir (c Ran Blake)

- Primavera (c André Matos)

- Gomory (c Mycale, 4teto vocal John Zorn)

O mais recente é o meu segundo álbum com o guitarrista André Matos "All The Dreams", editado agora em setembro 2016 pela editora Norte-Americana Sunnyside Records. É o seguimento do trabalho que iniciamos com "Primavera" (2014), em que exploramos o conceito de duo voz- guitarra adicionando também piano, sintetizador e bateria. Teve um processo criativo meticuloso em que usamos melodias sem letra, mas também muitos poemas em português, alguns escritos por nós e outros por Álvaro Campos, Clarice Lispector e o inglês William Blake. 

 

JD - vende-se na América a do norte? e em Portugal que tal?

 

SS - Hoje em dia vende-se em todo o lado, à distância de um clique. Quase não há lojas de discos nos EUA, está tudo na internet. Em Portugal, a distribuição física não é fácil, as poucas lojas que existem valorizam pouco artistas e editoras independentes. 

 

JD - conhece o cantar de Lauren Newton? que tal a acha cumo estilista da frente?

 

SS - Conheço. Lauren Newton é uma pioneira da improvisação livre e canto sem palavras, tal como a Urszula Dudziak (que acabo de conhecer pessoalmente na Polónia), Bobby McFerrin... Estas cantoras apresentaram um novo paradigma para a voz no "jazz" e música improvisada na década de 80...Tenho o máximo de respeito pelo trabalho delas.

 

JD - onde canta quando está em Manhattan? tem tido sucesso já a fui ouver ao ‘Cornelia St. Café’ e o clube estava cheio já agora que repertório apresenta quando canta nos USA?

 

SS - Canto nos lugares mais variados, depende sempre do projecto. O clube mais recente foi o ‘Joe's Pub’ onde eu e o André Matos apresentamos o nosso novo disco.

 

JD - e cantar com big band gostaria? porquê?

 

SS - Já cantei com big bands e outros grupos grandes contemporâneos. Com a compositora Andreia Pinto Correia, Asuka Kakitani, Joseph Phillips e até com o Guillermo Klein. Recentemente cantei com a Albany Symphony Orchestra, que foi uma experiência magnífica. Cantar com um grupo grande de músicos requer uma abordagem diferente de cantar em duo obviamente- sou mais um instrumento, tenho que estar incorporada no som total. É sempre bom ter experiências variadas, que apresentem desafios diferentes e que me façam crescer.

 

JD - tem cantado em clubes jazz portugueses melhor clube jazz português o Hot? na prática o único…

 

SS - sim, o Hot é o meu preferido, a minha "casa". Sou sempre bem recebida e os músicos são tratados com respeito. É muito importante para mim como os clubes e donos dos clubes tratam e apresentam o trabalho dos músicos.

 

JD - é bem recebida no meio jazz novaiorquino? e no seu país Portugal?

 

SS - Acredito que sim, que sou bem recebida...

 

JD - já foi convidada para cantar nalguma sala portuguesa? quais? porquê?

 

SS - Convites formais...boa pergunta. Culturgest com o Ran Blake... no CCB (com o Greg Osby) e na Casa da Música.

 

JD - sua opinião sobre Betty Carter e Sheila Jordan… Sheila costuma cantar acompanhada só por um contrabaixista… já tentou?

 

SS - São ambas mulheres e cantoras exemplares, que admiro. Cada uma construiu a sua carreira com trabalho árduo. Ambas improvisadoras, é sempre bom revisitar a música delas. Adoro a Betty Carter, o timbre da voz dela, a forma como fraseia e lidera a banda. Foi uma das primeiras a criar a sua editora em 1969, para poder editar o seu trabalho. Era uma mulher de armas. E a Sheila Jordan que com 88 anos continua a actuar é impressionante, espero  chegar a essa idade e continuar a cantar... Gosto do duo com baixo, é um formato que permite bastante liberdade e em que a ressonância da voz é complementada com o som do contrabaixo, madeira e cordas. Nunca experimentei, oficialmente.

 

JD – muito obrigado Sara Serpa

 

 

 
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