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Nuno Guedes Campos
27-03-2015
 

José Duarte – como se ensina a compor? compõe porque foi ensinado?

Nuno Guedes Campos – Não se “ensina” a compor, ensina-se a ouvir. Um escultor não olha para uma porta da mesma maneira que “nós”. É lhe provavelmente “ensinado” a observar.

 

JD – comente seguinte frase: improvisar é também uma maneira de estar na vida tal como compor - por exemplo: Beethoven foi também improvisador

 

NGC – Sim. Concordo e diria mais. Penso que podemos comparar a improvisação musical  e a composição musical com a vida humana. Na vida temos que tomar decisões e optar por caminhos que nem sempre serão os melhores. Mas há diferenças importantes: na vida quando tomados decisões para o bem ou para o mal não as podemos apagar. Na composição sim, felizmente. No improviso estamos em constante risco e se “erramos” adaptamo-nos em tempo real. Isto tudo é maravilhoso

 

JD – É licenciado em Composição pela Escola Superior de Música de Lisboa e em Arranjo e Orquestração por um instituto francês – será necessário tanta erudição musical para se ser um jazzman?

NGC – Não. De todo. Mas, por outro lado, a aquisição de conhecimentos eruditos pode ser algo vantajoso quando bem aplicados a outros universos musicais tal como o jazz, visto que se abrange vários conceitos e se aborda técnicas de escrita que favorecem o desenvolvimento criativo. Analísa-se o texto musical (partituras) de muitos compositores ao longo de todos os períodos da história da música. Orquestração; técnicas de composição; forma musical; linguagem harmónica; estética; linguagem (modalismo, poli-modalismo, tonalismo, poli-tonalismo, pantonalismo e atonalismo).

Foram provavelmente estes aspectos dos meus estudos da música clássica erudita e do estudo da guitarra clássica que de alguma forma me influenciaram nas minhas composições e na minha execução do jazz, mesmo relativamente à improvisação.

 

JD – Vilas Boas o ‘fundador’ do jazz em Portugal começou por não gostar de uma ‘escola de jazz’ em Portugal tendo afirmado ‘irá ter sucesso junto dos putos que querem ser do rock’ está de acordo?

NGC – Em parte continua a ser verdade e não vejo nenhum mal nisso. Eu próprio vim do Rock antes de pensar sequer em jazz. Enquanto docentes se tivermos a oportunidade, mesmo que mínima, de poder de alguma forma contribuir para uma melhor educação musical, cultural, etc mesmo vindo da estética que vier será sempre muito bem vindo. Tantos que vieram do Rock e que depois se tornaram grandes músicos de jazz. Bireli Lagrene, John Scofield, Ben Monder...

 

JD - Porque razão preferiu escolher a guitarra com som amplificado? e os sopros?

NGC – Comecei por ter aulas particulares quando tinha 4 anos (já no Brasil). Infelizmente a minha professora morre e deixo a música voltando só 10 anos mais tarde. Aos 14 anos opto pela guitarra clássica e eléctrica. Como é sabido, no Brasil o violão é muito popular como instrumento. Talvez tenha sido por isso que optei pela guitarra. A guitarra eléctrica aparece por causa do rock. Foi o timbre e a sustentação das notas que me entusiasmaram neste instrumento.

 

JD – conheço 2 CDs seus para a nova etiqueta jazz portuguesa ‘Sintoma’ conhecidos como gravações jazz - concorda?

NGC – No programa televisivo “The Universal Mind of Bill Evans” Bill Evans é entrevistado pelo seu próprio irmão e diz: “...O jazz não é para mim um estilo mas sim um processo de fazer musica...”

Concordo portanto.

 

JD – Quem consigo toca nos CDs ‘Clair Obscur’ de 2013 e ‘Sensations… Illusions…’ de 2015?

NGC –

 “Clair Obscur” – quarteto

Nuno Guedes Campos – composições e guitarras

Moisés Fernandes – trompete e fliscorne

Zeca Neves – contrabaixo

Bruno Pedroso – bateria

Pierre Perchaud – guitarra – músico convidado (faixa nº 10)

 

“Sensations Illusions” – trio

Nuno Guedes Campos – composições e guitarra

Nelson Cascais - contrabaixo

Bruno Pedroso - bateria

 

JD - Quais as diferenças que existem nestes seus dois álbuns para além da instrumentação?

NGC – Há muito que queria gravar um projecto na área do jazz onde eu próprio seria o executante das minhas composições. É bastante difícil equilibrar o compositor e o performer, ambos são bastante exigentes. Tive sempre encomendas que me tomavam tempo e não me deixavam manobra para realizar estes projectos. Nunca tinha sido possível até ter surgido uma oportunidade, uma abertura entre a docência e as composições (encomendas).

No primeiro álbum “Clair Obscur” tive a necessidade de “matar fantasmas”. Muitos dos temas que estão gravados neste CD são dos meados dos anos 90 quase todos com uma forte influência da música clássica e tinha como objectivo gravá-los um dia, de deixar um registo. E para não ficar frustrado como músico assim foi. Já tinha quase todos as músicas escritas (salvo duas delas que escrevi para este quarteto: “de uma ponta à outra” e “espontaneidade”) e contratei os músicos, ensaiámos, fomos para o estúdio e gravámos. O habitual.

No segundo álbum “Sensations Illusions” já foi diferente. Eu queria gravar em trio e já sabia com que músicos contar para o projecto. Escrevi toda a música deste álbum a pensar no contrabaixista Nelson Cascais e no baterista Bruno Pedroso e cujas suas valiosas contribuições musicais já antecipava como incríveis, também por serem dois dos meus músicos preferidos e com uma experiência conjunta enorme, de muitos anos a tocarem juntos. Com esta empatia e esta orgânica criada foi-me fácil escrever e tocar estas novas músicas.

Este disco baseia-se em palavras de emoção e gestos musicais. “Linhas... Antecipação... Reminiscência... Direcção... Contornos...” etc. Estas imagens quis manter neste novo trabalho que tentei traduzir em música.

Outro aspecto importante foi o facto de não ter muito orçamento da minha parte. Isto obrigou-me a fazer quase tudo o que nele existe para além obviamente das composições e execução. Desde a captação dos instrumentos, a mistura, a masterização e inclusive o design gráfico do disco. Para mim este foi o princípio da liberdade artística onde o artista tudo concebeu, tudo criou.

 

JD – lecciona Composição Orquestração, Arranjo, Teoria musical, Treino auditivo, Harmonia, Análise e Técnicas de Composição, Combo, Guitarra eléctrica (jazz e rock) - ganha mais como professor ou como executante? e chega para viver?

NGC – Prefiro não responder.

 

JD - Sempre compôs para que outros tocassem a sua música. De que forma se vê agora do “outro lado”, como executante das suas próprias peças?

NGC – São de facto duas maneiras de estar. São duas perspectivas diferentes. São duas exposições distintas. São dois prazeres de ouvir a própria música de outra forma.

Enquanto compositor / ouvinte sinto-me num macro-cosmos. Vejo tudo de ”cima”.

Quando oiço uma composição minha a ser executada por outros interpretes tenho dois sentimentos distintos: Um prazer enorme de ouví-la depois de a ter concluído no papel. É como um sonho acordado de cada vez que termino uma peça e a oiço. E que a peça já não é verdadeiramente “minha”. É uma sensação de dormência onde já não consigo controlar a 100 % o desenvolvimento seguinte, pois passou a existir um co-autor.

Enquanto compositor / executante sinto-me num micro-cosmos. Vejo tudo de “baixo”.

Quando toco as minhas próprias composições estou condicionado à minha capacidade como executante e consequentemente à escrita musical. Mas sou eu que controlo a interpretação pois agora passei também a ser um co-autor da minha própria criação.

 

JD – de seu curriculum: pratica Clássica, Jazz, Rock, Funk, MPB, Flamenco - como define musical e socialmente blues?

NGC – Deixe-me corrigir o meu próprio curriculum. Toquei e toco “Blues”.

O Blues é uma forma com uma estrutura constante que foi importante na evolução do rock e do jazz. O resto é histórico e pode ser consultado nas enciclopédias.

 

JD – colaborou na 2ª Festa Jazz São Luiz em Lisboa - com quem se apresentou? que pensa das Festas Jazz? em 2015 a 13ª

NGC – Foi uma encomenda para o septeto “ensemble da festa do jazz” já inexistente. Por pertencer a dois universos o objectivo era eu fazer uma composição como a ponte entre a música clássica e o jazz. Participei com colegas compositores tais como: Eurico Carrapatoso, Bernardo Sassetti, Carlos Barretto, Pedro Moreira.

Os músicos do ensemble eram: João Moreira (trompete), Jorge Reis (sax alto), Jesus Santandreu (sax tenor), Jesse Chandler (piano), Nuno Ferreira (guitarra), Nelson Cascais (contrabaixo) e Bruno Pedroso (bateria).

Apoio as festas de jazz pelo convívio humano e pelas partilhas musicais. São sempre saudáveis.

 

JD – Colaborou com Cristina Nóbrega e com José Luís Tinoco – descreva tipo de colaborações

NGC – Desde há muitos anos que tenho tido o prazer, a honra e o privilégio de poder colaborar artisticamente com o José Luís Tinoco em várias ocasiões e sempre a seu convite. Pela nossa mútua e natural empatia musical, respeito e confiança tem sido de cada vez sempre gratificante trabalhar e acompanhar a criação de um dos melhores compositores da música portuguesa. Fui quase sempre a ponte musical entre o criador José Luís Tinoco e os interpretes. Nomeadamente, Bernardo Sassetti, Ana Paula Oliveira, Cristina Nóbrega (neste projecto também como guitarrista e director artístico - Cristina Nóbrega - Live at Mosteiro dos Jerónimos - CD + DVD - © 2014) e outros.

 

JD – Quais são ou qual é seu guitarrista norte-americano jazz preferido?

NGC – Não consigo dissociar o executante do compositor. Para mim não basta ser um excelente improvisador se a sua composição não me “arrepiar o pelo”. Com este pensamento mantido digo que actualmente tenho três guitarristas norte-americanos preferidos: Ben Monder; Tim Miller e John Stowell. Mas há outros de outras nacionalidades de que gosto e que gostaria de mencionar: Nelson Veras, Frédéric Favarel e Pierre Perchaud (este como convidado especial do meu 1º album “Clair Obscur”.

 

JD – Sua opinião sobre valor guitarrista jazz de Nuno Ferreira? e Mário Delgado?

NGC – São dois guitarristas, de gerações diferentes, de grande valor artístico reconhecidos e que fazem parte da história do jazz em Portugal. São ambos grandes músicos e que os muito admiro.

 

JD – com Paul de Barros crítico n-a com ascendência açoreana assisti no Hot a um set com Nuno Ferreira (Set nome de seu mais recente CD curioso...) o qual mereceu seguinte comentário de Barros: ‘se este jazzman tocasse um dia em Nova Yorque merecia gravar no ‘Village Vanguard’ qual a usa opinião sobre esta outra opinião?

NGC – Não me pronuncio. Cada um fala sobre o que lhes vai no coração.

 

JD – Quando, aonde e como descobriu o jazz? E em Portugal?

NGC – Descobri o jazz no Brasil quando lá vivi. Apaixonei-me pelo fraseado dinâmico do guitarrista Pat Martino. Só depois é que conheci a música de John Coltrane, Charlie Parker, Pat Metheny e mais tarde Michael Brecker, Keith Jarrett... em Portugal foi quando voltei à pátria em 1991. Um belo dia ligo a televisão na RTP 2 onde assisti um concerto do António Pinho Vargas. Naquela altura lembro-me de ter ficado maravilhado pela qualidade do som, dos músicos e das composições.

 

JD – descreva sua actividade musical no Brasil e em Portugal com Pinho Vargas, Bernardo Sassetti.

NGC – A minha actividade musical no Brasil passou por várias fases em simultâneo: A guitarra clássica – O duo de guitarras com o guitarrista Marcel Carvalho em que tocávamos repertório variado desde o Flamenco à música popular brasileira  - e grupos de rock / blues e funk. A minha aprendizagem no Brasil foi fundamental para a minha formação como músico. Pela riqueza da sua música e pela partilha e comunicação com músicos tão distintos.

Já em Portugal, em 1992, tive a oportunidade de integrar um grupo covers de música Soul que se chamava Soul Music e eram quase todos músicos do Fausto. Apresentávamos em todo o país. Mais tarde integrei um projecto de Jazz electrónico chamado e-Motion com os músicos Hedisson Mota (teclados), Eddie Host (saxofones e flauta) e João Correia (samples, teclados e sound design).

A minha relação com o António Pinho Vargas começou na Escola Superior de Música de Lisboa onde fui seu aluno de composição durante dois anos e aluno de História da Música do Século XX. Isto tudo em 1994 se a memória não me falha. O Pinho Vargas foi essencial para a minha formação como compositor porque ajudou-me psicologicamente a ultrapassar problemáticas composicionais que naquela altura eu estava a passar. Desde então sempre houve uma admiração musical mútua.

Tive a oportunidade de tocar e conviver com o Bernardo Sassetti em duas ocasiões: em duo no Rivoli e no Tributo ao José Luís Tinoco na Culturgest. Tudo no ano de 1998. Tenho presente a imagem do seu sorriso. Uma pessoa boníssima. Um grande músico com muita música dentro dele.

Mas a minha activadade como compositor foi a que mais me absorveu desde que cheguei a Portugal.

Composições minhas têm sido apresentadas em vários países (Portugal, França, Inglaterra, Croácia, Itália, Líbano, África do Sul, Taiwan, Índia e República Checa), e têm sido interpretadas e encomendadas por instituições, formações e músicos como, Orchestra Filarmonica di Torino, Prémio Jovens Músicos 2009 (Antena 2 / RDP), OrchestrUtopica, Orquestra do Algarve, Longvic Jazz Big Band, 2ª Festa do Jazz do Teatro São Luiz, Festival Jovens Músicos 2014 (Antena 2 / RDP) Elizabeth Davis, Pedro Rodrigues, Duo Fruscella/Debs, Darko Petrinjak, Régine Campagnac, Francisco Franco,  Drumming, Filipe Quaresma, entre outros.

 

JD – desde que o free jazz apareceu com Ornette em 1958 precisa da sua histórica componente swing clássico?

NGC – Não tenho opinião sobre este assunto.

 

JD – swing aprende-se? aprendeu?

NGC – Aprende-se, sim. Eu aprendi. Ouvi, absorvi e pratiquei.

 

JD – copia solos improvisados seus? ou tem guitarristas que muito o influenciaram? quais?

NGC – Para responder a esta questão vou citar um grande músico. Keith Jarrett disse no seu documentário “ A Arte da Improvisação” a seguinte frase: “... eu aprendi a improvisar com a música clássica...”

Somente para dar um pequeno exemplo. J. S. Bach era conhecido, na sua época, como um grande improvisador e não como um grande compositor. Quando ouvimos, tocamos e analisamos a sua música vemos que existe todos os ingredientes da improvisação: discurso musical; repetição e contraste; expressividade musical; articulação; organização; sequencias; contornos melódicos; forma orgânica; variações melódicas e rítmicas; motivos; perguntas e respostas; elementos diatónicos e cromáticos; etc. Portanto sim, posso também dizer que aprendi a improvisar com a música clássica. Ouvindo, tocando e analisando.

 

JD – Sua opinião sobre Paco de Lucia?

NGC – Um guitarrista com uma expressividade musical incrível e com uma presença em palco de tirar o fôlego. Tenho na minha memória um disco incrível onde ele participa e que muito me influenciou na adolescência. “Friday Night in San Francisco” de 1980 e ao vivo com Al Dimeola e John McLaughlin. Que trio de guitarras

 

JD – descreva encomenda e execução que aceitou para 28º Festival Jovens Músicos 2014 – RTP antena 2 a que chamou ’19 Objectos, 3 Lâminas e 1 Violoncelo’

NGC – Esta encomenda foi escrita para o Drumming Grupo de Percussão sob a direcção do Miquel Bernat e para o violoncelista Filipe Quaresma (ex. laureado do prémio jovens músicos).

Foi magnificamente bem tocada por estes grandes músicos. A peça não era fácil. O contraste tímbrico das lâminas com o seu ritmo quase que obsessivo realçaram ainda mais a belíssima expressividade do violoncelista Filipe Quaresma que me conseguiu tirar uma lágrima do canto do olho.

Esta peça baseia-se numa fonte sonora de 19 acordes/agregados apresentando-se como o elemento unificador. É uma progressão harmónica linear quase sempre cíclica, mas que pode aparecer, por vezes, repartida e transformada. Repete-se e repete-se... ao longo de todo o discurso musical.

Houve uma tendência natural em abordar a escrita desta composição em torno do violoncelo. Não somente por ser o solista convidado mas também por se destacar pelo seu contraste tímbrico relativamente à instrumentação escolhida. Foi quase concebida como uma peça concertante. Mesmo com a utilização de uma linguagem de escrita específica, distinta e definida para cada instrumento, todos eles fundem-se: tendo cada um dos interlocutores um argumento dentro de toda a orgânica da peça, mas mantendo o violoncelo no centro - a marimba no miolo - o vibrafone a desmembrar o miolo - o xilofone, quase sempre, em diálogo com o violoncelo.

Nesta obra, o rítmico obsessivo é uma constante abordagem. Está formalmente em divida em 5 partes:

1a parte: Introdução baseada na atração e antecipação rítmica do material musical exposto. xilofone em destaque

2a parte: desenvolvimento e preparação (em várias secções)
3a parte: (central) componente muito rítmico - vigoroso - enérgico

4a parte: mais distendida - espacial - etérea - respiração - novamente a noção da antecipação e atracção - dando progressivamente lugar ao violoncelo

5a parte: finaliza, afunilando/desembocando na cadência do violoncelo

 

JD – estas suas opiniões são para www.jazzportugal.ua.pt site jazz da Universidade de Aveiro de onde Pedro Rodrigues é concertista e professor auxiliar convidado – descreva vossa colaboração certamente mútua

NGC – Conheci o guitarrista Pedro Rodrigues em Paris, em 1999, quando lá vivi durante 3 anos. O Pedro esteve sempre envolvido na promoção da minha música para guitarra clássica. Esta colaboração começou com uma encomenda sua. Dai o aparecimento de “Clair Obscur” para guitarra solo em 2002 e cujo o título dei ao meu 1º CD e cuja a música aparece transformada. Desde então o Pedro tem levado as minhas composições para guitarra clássica aos quatro cantos do globo. E que prazer para mim ouvir a minha música através de um dos melhores guitarristas clássicos do nosso país. Um interprete de excelência e com uma rara faculdade expressiva e técnica.

 

JD – um albicastrense meu amigo disse-me quando vivo: ‘free jazz foi inventado porque bebop é muito difícil de tocar’ – comentário

NGC – Tanto o Bebop e tanto o Free jazz fazem parte de natural de evolução e experimentação musicais. Parece-me simplista dizer que o “free jazz foi inventado porque o bebop é muito difícil de tocar”.  Certo que são expressões diferentes mas nada tem com o ser mais fácil ou mais difícil... São processos de comunicação diferentes. Gosta-se ou não. É como ver um filme. É arte.

 

JD – em Portugal que já não é país independente usa dizer-se que quem sabe jazz que são poucos apenas sabe discografias – qual a importância da gravação para uma Música de Improvisação? e para a Música escrita? Mahler seria conhecido?

NGC – Mahler seria conhecido porque a música está escrita e assim permanecerá. Mas a gravação abriu-se espaço para o estudo de interpretações e até mesmo a descoberta de vários parâmetros, elementos que dantes dispersavam-se. Quando ouvimos o mesma gravação repetidamente redescobrimos “sons” que antes não notávamos. Acontece comigo constantemente. No meu ponto de vista foi um salto enorme na evolução musical. Tanto na música escrita bem como na música improvisada. E quem não tem prazer em ouvir uma boa gravação de todo e qualquer tipo de música.

 

JD – conhece o tocar de Parker e de Jim Hall?

NGC – Sim. Inclusive tive a oportunidade de os analisar em algumas das minhas aulas de ATC. O solo de “Kim” de Parker por exemplo.

 

JD – Aonde o podemos conhecer melhor? As suas composições? Os seus álbuns?

NGC – Através do meu site www.nunoguedescampos.com

 

JD - obrigado NGC

 
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