José Duarte – gosta de se ouvir?
Ricardo Ribeiro – Como me ouço muito poucas vezes, são poucas as vezes que gosto.
JD – tem guitarristas fixos? porquê?
RR – Sim. Porque é importante ter uma equipe de guitarristas (acompanhadores) que me conheça e com quem me identifique humanamente e musicalmente.
JD – o fado também é um tipo de Música onde a Improvisação é usada? para quê?
RR – É da natureza essencial do Fado o improviso, porque a maioria das melodias dos fados vão nascendo da improvisação de melodias já existentes. Os fadistas não lhe chamam improviso, mas estilo.
JD – gosta de ser convidado para cantar numa casa de fado exemplo «Faia» em Lisboa onde canta todas as noites?
RR – Gosto muito. A casa de fados é a escola, é de certo modo a sala de treino.
JD – seu reportório é vasto?
RR – Sim
JD – em vários estilos?
RR – Alguns
JD – domina-os todos?
JD – Felizmente, tudo o que envolva um ideal estético que tenha a ver com o meu, domina-me e eu domino.
RR – quais os fadistas que mais o influenciaram? porquê?
RR – Amália Rodrigues, Fernando Maurício, Alfredo Marceneiro, Manuel Fernandes, Carlos Zel, Maria José da Guia, Beatriz da Conceição, entre outros. Influenciam-me pela sua criatividade e originalidade e porque sou sensível a sua expressão.
JD – aprende-se a cantar fado? cumo?
RR – Não se aprende. Tem de se nascer com carga fadista e talento, não habilidade, para se ser fadista. O que acontece depois, é a ajuda preciosa dos fadistas e guitarristas mais velhos nos pormenores técnicos e idiossincráticos desta expressão que é o Fado.
JD – e a aproximação do Oriente Médio à Líbano cumo se deu? foi mútua? que o atraiu nela?
RR – “Devo” esta aproximação ao Ricardo Pais (encenador) que quando me conheceu, achou-me capaz de cantar a música de Rabih abou-Khalil. Aproximamo-nos, eu e Rabih, e foi tão natural que desde 2007 não páramos mais de criar. Atrai-me a verdade e a naturalidade.
JD – e cumo estamos de letristas? o primeiro seu preferido e os outros também RR – Felizmente cada vez mais vão surgindo mais poetas. Não tenho poetas preferidos, tenho poemas que me seduzem e fascinam.
JD – fado é Música masculina?
RR – Nem a musica nem a poesia têm sexo
JD - qual é melhor para cantar? fado lento sentido ou alegre corrido? porquê?
RR – São todos, desde momento que o Fado aconteça.
JD – sua opinião sobre a Arte fadista de Hermínia
RR – Sublime
JD – comove-se ao ouvir-se?
RR – Não, de quando em vez rio-me, de vez em quando revolto-me…
JD – comparável só RTP Antena 2 - ouve outras Músicas que não sejam fados? o jazz? o fado não lhe chega? RR – Oiço tantos outros géneros que não chegaria uma página; Mas ouço sobretudo musica étnica e clássica. Nem só de fado vive o Ribeiro.
JD – o que ganha para viver chega-lhe com o que ganha cumo fadista? RR – Sim, a matéria não me seduz. Gasto pouco aos 100, como certos automóveis…
JD –Acha que há afinidades entre muitos fados e classes sociais?
RR – Sim, o Fado é como uma árvore com muitos galhos.
JD – Marceneiro é o Armstrong no fado?
RR – Sim…
JD – obrigado Ricardo RR- Muito Obrigado José Duarte
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