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Assunto: McCoy Tyner
02-03-2007
 

McCoy Tyner

Resumo muito rápido

"It's good to keep your ears open and not just be stuck in 1965. Try to move on and keep creating and writing new songs for yourself. Keep that  kind of energy going on the inside."

Resumo  mais  alongado

Já muito foi escrito sobre  John Coltrane e a sua influência na evolução do Jazz. Por outro lado, nem em todos sabem da importância e inspiração de McCoy Tyner na obra inicial de John Coltrane. Ainda:  Muitos pianistas de hoje, bebem da música de Tyner.

McCoy cresceu em Philadelphia, numa zona de grande cultura musical. De vizinho em vizinho e com o apoio da mãe aprendeu a tocar piano. Daí talvez o ecletismo no seu tocar e na sua obra.

Um dia através de uma amiga, soube que um pianista muito conhecido, ia viver  ali mesmo ao lado ( just around the corner ). Era Bud Powell, que na altura tocava com Max Roach e Clifford Brown, e não tinha piano na nova casa. Surgiu então a oportunidade de o pequeno ver o grande a tocar, e em ambiente familiar. O sonho de qualquer músico.

Como qualquer bom artista, Tyner moldou a sua musicalidade partindo de influências: Art Tatum, Thelonious Monk e obviamente Bud Powell. Desta conciliação perfeita de tecnica com lirismo e inovações harmónicas à que referir que McCoy é um canhoto com uma lindíssima mão direita. O que pedir mais a um pianista? Mas na opinião de McCoy e da generalidade da crítica, o mais bestial da sua ligação com o quarteto de John Coltrane, onde começou com apenas 17 anos, foram as explorações dos harmónicos. Rápidos, complicados e impensáveis combinações de notas, que nos obrigam a parar, reflectir e respirar. Muitos dos pianistas Jazz de hoje, foram influenciados por toda uma série de novos recursos rítmicos, introduzidos por McCoy. As suas recorrentes e agressivas bombas canhotas e a beleza como coordena e complementa os graves do piano com os restantes acordes sacodem o pó a qualquer secção rítmica. Talvez tenha herdado este aspecto de Monk (que linda mão esquerda tinha Monk). Acerca das palmadas - mais uma prova que o piano é um instrumento de percussão  - McCoy Tyner diz: "Há poucos pianistas canhotos no mundo, é uma maneira de os representar. Toquei percussão há muito tempo atrás, e como tal gosto muito de ritmos. Tou um pianista muito rítmico, adoro as complexidades do ritmo"

Em 1965, McCoy abandona a formação de John Coltrane para formar o seu grupo.

No entanto as primeiras experiências não foram as melhores. Imagine-se: gravou com Ike e Tina Turner.

Percorreu praticamente todas as Jazz Labels, e foi com a Blue Note que lançou, aquele que foi provavelmente o seu melhor álbum como lider, ao lado de Joe Henderson, Ron Carter e Elvin Jones, o brilhante ‘The Real McCoy' de 1967. O pianista exibe-se na sua plenitude de ideias melódicas - fluem como água.

Em McCoy hà Zero de inércia, e 100% de força aplicada que o move no sentido da descoberta. Sempre procurou novas formas solísticas, ritmos e sons oriundos de onde o Jazz não vem. Trabalhou trios, quartetos, Big Band; ritmos quentes, étnicos.

O Blues e o Swing, emergem em cada album. Contam-se participações com Alice Coltrane,  Michael Brecker, Pharoah Sanders, Joshua Redman, Ravi Coltrane, Sonny Rollins, Stephane Grappelli.  É ou não é um músico importante?

Em 1995 gravou um delicioso álbum com o falecido Michael Brecker de nome ‘Infinity'.

Em 2000 gravou ‘Jazz roots', álbum a solo em homenagem aos grandes pianistas jazz.

Humilde, ao contrário de muitos músicos de hoje em dia,  Tyner tem prazer em identificar as suas influências, e a importância na sua música.

"It's good to keep your ears open and not just be stuck in 1965. Try to move on and keep creating and writing new songs for yourself. Keep that  kind of energy going on the inside."

Tudo faz sentido em McCoy Tyner. Tudo tem uma razão para acontecer. O concerto na Casa da Música não foi excepção.

Albuns a ouvir:

The Real McCoy - McCoy Tyner (1967)

Nights of Ballads & Blues - McCoy Tyner (1963)

Reaching Fourth - McCoy Tyner (1962)

Live at Newport - McCoy Tyner (1963)

Jazz Roots - McCoy Tyner (2000)

Infinity - McCoy Tyner & Michael Brecker (1995)

Concerto McCoy Tyner trio

McCoy Tyner - Piano

Gerald Cannon - Contrabaixo

Eric Kamau Grávátt - Bateria, Percussão (È assustadora a lista de nomes com quem este "rapaz" ja tocou!!)

Casa da Musica - Sala Suggia

25 de Fevereiro 2007 , 22h.

McCoy Tyner trio na CdM era um concerto muito aguardado. O nome Coltrane estará na origem dessa ansiedade, tendo em conta a frequência com que foi produzido á entrada para o espetáculo. E com naturalidade. John Coltrane é um nome familiar a qualquer pessoa minimamente dotada de alguma cultura musical. Terá sido essa a principal razão para uma Sala Suggia cheia: O Pianista de Coltrane. ‘É vero'!! De outra forma não se explica o facto de Archie Shepp, tambem na CdM, ter tocado apenas para meia Sala Suggia. Bolas! Era o Archie Shepp!!!

Todo o concerto foi uma viagem. Tanto pela vida de McCoy Tyner como pelas suas influências.

Deram-se os primeiros aplausos para os acompanhantes, Gerald Cannon e Eric Kamau Grávátt, logo seguidos de McCoy Tyner. Visivelmente debilitado fisicamente - esse foi um dos assuntos antes do concerto, a saúde de McCoy  - entrou na arena a mancar, com  postura e cabelo a fazer lembrar um Forcado atraiçoado pela tourada que foi a vida. Mas assim como os toureiros, na hora de reencontrar o bicho, as dores parecem cocegazinhas. Sentado no piano, McCoy Tyner de 68, tem menos 10 ou 20 anos. Os seus dedos de ligação directa ao cérebro, fazem as delícias em/de qualquer piano.

//*já chega de metáforas? Dizem que fica bem!!*\\  

Para McCoy, a beleza de tocar em trio reside na possibilidade de se poderem desafiar uns aos outros, e na capacidade de mudar constante_mente o ritmo musical, do intenso á balada, passando pelo Bluesy. É a bateria que dá essa margem de manobra.

Foi o que aconteceu logo na primeira música, muito proporcionado por um erro técnico na bateria - som muito alto. Grávátt insistiu em batidas na parte central do prato, lembrando um badalo de Touros!!! Esse acaso - a musica também é feita de acasos - provocou um agradável contraste entre Noise e Swing.

De seguida, ouvimos a voz bluesy do lider: "Obrigado, I'll propose now  ‘In a Mellow Tone', a Duke Ellington song". Swing, Swing, foi muito swing. A potencia da secção rítmica, as respostas da recíprocas entre elementos, os palmadões no piano: Brutal!!!

Tyner, esse viajou entre Bud Powell e Thelonious Monk. Neste tema deu ainda para ouver(hehehhe) o grande contrabaixaista Gerald Cannon brilhar no seu pequeno contrabaixo. Não é metáfora!!!

McCoy deliciou-nos depois com um R&B, onde brilhou muito Groove o Contrabaixista Gerald Cannon. O baterista Eric Kamau Grávátt, mostrou tambem o porquê do seu historial de gravações. Um verdadeiro poliglota musical que brindou o público no seu solo, com varios ritmos conhecidos e dançáveis.

Ao fim de 5 musicas deu-se um intervalo aos músicos, público, e piano!!

Ao fim de 5 musicas deu também para reparar que McCoy Tyner não perdeu nada do seu estilo musical, da agressividade, do ecletismo, da complexidade harmónica. As variações ritmicas foram uma constante ao longo do concerto. Como era de esperar, McCoy não teve problemas em mostrar as suas influências. Art Tatum e Bud Powell, estiveram "presentes" por varias vezes no palco.

A segunda parte, voltou-se a viajar:

"Bouncing with Bud" soltou novamente o Bud Powel que há em McCoy, com um Be-bop bem equilibrado, e com a secção ritmica, como sempre fortissima

"Bye Bye blackbird", fui o momento da noite. Uma lindíssima balada, com o pianista a aplicar um fraseado muito elequente e melancólico, talvez em homenagem a Michael Brecker e Alice Coltrane, falecidos recentemente.

Em "Moment's notice", tema de John Coltrane, surgiram espetaculares variações ritmicas entre o Blues e o Hard-bop. Neste tema, realçou-se muito bem o complexo fraseado que o pianista desenvolveu ao longo da carreira. As Bombas canhotas parecem estar depositadas numa conta á ordem, tal as vezes que McCoy as levanta.

No fim, os espectadores mereceram um encore, com uma balada triste e cansada, onde pela primeira vez em todo o concerto, se notou o desgaste físico de Tyner. O tema durou muito pouco, e mal acabou, o Pianista agradeceu, e apressou-se em ir para os bastidores.

O furcado, cansado e humilde,  fez na Casa da Música um concerto igual á sua vida. Tudo o que aprendeu, o que desenvolveu, ficou resgistado nas enormes paredes da Sala Suggia. A história de McCoy Tyner passou pelo Porto. O touro, esse ficou de rastos!

José Pedro Rocha Magalhães

 

 
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